Impulso de retribuir sorriso é influenciado pelo status social do outro, diz estudo
O impulso de devolver, ou não,
um sorriso de outra pessoa parece depender, em parte, de quão poderosa
uma pessoa se sente e também do status social da pessoa que sorriu
primeiro.
Indivíduos que se sentem poderosos reprimem seu
impulso de imitar o comportamento do outro e sorrir de volta se o outro
possui status elevado. Já aqueles que não se sentem poderosos tendem a
devolver os sorrisos de todos, independentemente do status social de
quem sorriu.Imitar o outro é um comportamento social que cumpre um papel importante no aprendizado, na compreensão e na comunicação entre duas pessoas. Carr quis examinar como o poder e o status influenciam a imitação de expressões faciais.
"Já foi demonstrado que a imitação ajuda a construir relacionamentos", disse Carr.
O trabalho do pesquisador revelou, em mais detalhes, como funciona esse mecanismo: "Poder e status parecem afetar a forma como, inconscientemente, usamos essa estratégia".
"Esses resultados mostram como as hierarquias sociais com frequência se formam sem aparecer no radar - com rapidez, eficiência e sem que as pessoas deem conta".
A equipe acredita que seu estudo traz contribuições importantes para pesquisas sobre emoções, relacionamentos e hierarquias sociais.
Imitação Inconsciente
Os pesquisadores pediram aos 55 participantes do estudo que escrevessem textos relatando acontecimentos agradáveis e desagradáveis de suas vidas. O objetivo era induzir no autor do texto sentimentos de poder ou de falta de poder.
(A equipe define o sentimento de poder como uma sensação subjetiva que um indivíduo sente de que ele é capaz de controlar ou influenciar as ações de outras pessoas.)
Depois de escrever os textos, os voluntários assistiram a vídeos alegres ou tristes mostrando pessoas de status alto (por exemplo, um médico) ou baixo (por exemplo, um funcionário de uma lanchonete).
Enquanto os participantes assistiam aos vídeos, a equipe mediu as respostas de dois músculos em seus rostos: o zigomático maior - o músculo do sorriso - que eleva os cantos da boca e o corrugador do supercílio - o músculo do cenho franzido - que franze a testa.
As medições permitiram que a equipe avaliasse mudanças sutis nos músculos faciais dos participantes, revelando que indivíduos que se sentiam poderosos apresentaram pouco movimento no músculo do sorriso em resposta a vídeos felizes mostrando pessoas de status alto.
Vídeos felizes mostrando pessoas de status baixo ativaram, com muito mais frequência, os músculos do sorriso em participantes que se sentiam poderosos.
O padrão mudou em relação a pessoas que se sentiam pouco poderosas. Nelas, o músculo do sorriso ficou ativo em resposta a vídeos felizes mostrando pessoas de vários status sociais - ou seja, pessoas que se sentiam pouco poderosas pareciam inclinadas a sorrir para todos.
O comportamento do músculo responsável pelo cenho franzido foi o mesmo em todos os participantes: o músculo apresentou maior atividade em resposta a pessoas de status alto com cenho franzido e também ficou ativo, embora com menor intensidade, em resposta a pessoas de status baixo com cenho franzido.
Para a equipe americana, os resultados sugerem que sentimentos subjetivos de poder ou de ausência de poder - que podem ser observados em comportamentos não verbais, como a imitação - podem ter grande impacto sobre a percepção das emoções do outro.
BBC Brasil