quinta-feira, 18 de abril de 2013

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico


Cientistas acreditam ter encontrado sinais de que fragmentos de um continente antigo estão soterrados abaixo do solo do Oceano Índico.
Os pesquisadores dizem que o fragmento é de um continente que teria existido de entre 2 bilhões e 85 milhões de anos atrás.
A faixa foi batizada pelos cientistas de "Mauritia". Com o tempo, a terra se fragmentou e desapareceu sob as ondas do mundo moderno que se formou no lugar.
O estudo foi publicado na revista científica Nature Geoscience.

Teorias

Há até 750 milhões de anos, toda a massa terrestre do Planeta estava concentrada em um continente gigante, chamado de Rodínia pelos cientistas.
Países que hoje estão a milhares de quilômetros de distância – como Índia e Madagascar – ficavam lado a lado.
A nova pesquisa sugere que havia um "microcontinente" entre Índia e Madagascar. Os cientistas pesquisaram grãos de areia de Maurício, um país localizado no Oceano Índico.
Os grãos se originaram em uma erupção vulcânica que ocorreu há nove milhões de ano. Mas apesar disso, eles contém minerais que são de um período ainda mais antigo.
Seicheles
Cientista especula que Seicheles já fez parte de continente que existiu entre Índia e Madagascar
"Nós encontramos zircão, que foi extraído das areias da praia, e isso é algo que se encontra tipicamente na crosta continental. Elas são de uma era muito antiga", disse o professor Trond Torsvik, da Universidade de Oslo.
O zircão é datado de entre 1970 e 600 milhões de anos atrás, e a equipe concluiu que os restos da terra antiga foram levados para a superfície da ilha durante uma erupção vulcânica.
O professor disse acreditar que pedaços do continente poderiam estar 10 quilômetros abaixo de Maurício e sob o solo do Oceano Índico.
A existência do continente teria atravessado diferentes éons da Terra – desde o Pré-Cambriano, quando não havia vida na terra, ao período em que surgiram os dinossauros.
Mas há 85 milhões de anos, quando a Índia começou a se separar de Madagascar em direção à sua posição atual, o microcontinente teria se desfragmentado – e eventualmente desaparecido sob as ondas.
No entanto, uma parte pequena do microcontinente pode ter sobrevivido, especulam os pesquisadores.
"No momento, as (ilhas) Seicheles são um pedaço de granito, ou crosta continental, que está praticamente assentada no meio do Oceano Índico", diz Torsvik.
"Mas houve uma época em que ficavam logo ao norte de Madagascar. E o que estamos dizendo é que talvez isso fosse muito maior, e que esses fragmentos continentais estão espalhados pelo oceano."
Essas teorias ainda precisam ser confirmadas com mais pesquisa.
"Nós precisamos de dados sísmicos que possam formar uma imagem desta estrutura... isso seria a prova definitiva. Ou é preciso perfurar profundamente, mas isso custaria muito dinheiro", diz Torsvik.
BBC Brasil

Estudo respalda teoria de nanismo como origem de ‘hobbit’

Estudo respalda teoria de nanismo como origem de ‘hobbit’


useu de Tóquio (Museu Nacional de Ciencia e Tecnologia de Toquio)
Há dúvidas se 'hobbit' seria homem primitivo ou parente de outra espécie
Um estudo divulgado por cientistas japoneses sugere que uma espécie diminuta de hominídeo encontrada em uma ilha da Indonésia pode ter surgido como resultado de nanismo por influência do ambiente em que viviam.
Restos da espécie Homo floresiensis, apelidada de "hobbit" (por causa de sua semelhança em porte a personagens do escritor J.R.R. Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis e O Hobbit) foram encontrados em 2003 na Ilha de Flores.
Embora tenham sido estabelecidas teorias, os cientistas até agora não chegaram a uma conclusão sobre como pode ter surgido a espécie, de cerca de um metro de altura e cérebro pequeno, que existiu até cerca de 12 mil anos e conviveu com o ser humano moderno (Homo sapiens).
Para tentar resolver o enigma, os pesquisadores do Museu Nacional de Ciência e Natureza de Tóquio realizaram uma tomografia computadorizada do crânio da criatura, medindo o tamanho de seu cérebro.
A conclusão foi que o tamanho é consistente com a teoria de que a espécie pode ter evoluído a partir de uma espécie maior de ancestrais do homem chamada Homo erectus, que era a mais comum no leste da Ásia. Os pesquisadores acreditam que, depois de migrar para ilha, o Homo erectus possa ter passado por um processo chamado de nanismo insular - a redução do tamanho de animais de grandes proporções quando limitados a um habitat de espaço limitado, como ilhas.
Críticos, porém, afirmam ser impossível que o cérebro do homo erectus tenha encolhido de forma proporcional ao seu corpo.

Teorias

Três teorias sobre o 'hobbit'

  • Teoria 1: Alguns especialistas acreditam que o 'hobbit' não seria uma espécie distinta, mas sim que ele pertencia a um grupo de humanos modernos cuja altura acabou sendo limitada devido a uma doença.
  • Teoria 2: Outros acreditam que ele evoluiu a partir de criaturas semelhantes aos macacos, com cérebros menores, que teriam partido da África há milhões de anos.
  • Teoria 3: Mas a nova pesquisa sugere que a primeira espécie humana que viveu na Ásia, chamada homo erectus chegou à ilha e, uma vez lá, sofreu de nanismo.
Teorias alternativas sobre o surgimento do Homo floresiensis dão conta de que estas criaturas seriam ou um pequeno grupo do homem moderno cujos cérebros e corpos foram impedidos de se desenvolver normalmente devido a uma doença debilitante crônica ou descendentes de primatas com cérebros pequenos que teriam migrado da África para a ilha, milhões de anos atrás.
A pesquisa japonesa mostra que o cérebro do "hobbit" era um pouco maior do que estimativas anteriores haviam indicado.
Yousuke Kaifu, que comandou a pesquisa, e outros integrantes de sua equipe, também realizaram análises comparativas da proporção do cérebro da espécie em relação ao cérebro dos humanos de hoje em dia. Eles afirmam de fato ter sido possível que o cérebro do homo erectus tenha encolhido ao tamanho dos do "hobbit".
"Nosso trabalho não prova que o homo erectus é um ancestral do floresiensis", afirmou Kaifu à BBC. Entretanto, ele acredita que a pesquisa comprova que, ao contrário do que indicavam argumentos anteriores, o cérebro do florensiensis não é tão pequeno a ponto de que descartar a possibilidade de uma evolução a partir do Homo erectus.
A análise do Kaifu dá respaldo a um estudo anterior do cérebro do hobbit feito pela professora Dean Falk, da Universidade Estadual da Flórida, feito entre 2005 e 2007, que concluiu que o "hobbit" era uma espécie distinta.
Segundo a pesquisadora, os autores da pesquisa japonesa ''apresentaram um argumento convincente de que o Homo floresiensis pode ter descendido de uma população dos primórdios do Homo erectus. Com tudo que vem sendo dito sobre o floresiensis, essa análise rigorosa é muito bem-vinda".
Falk afirma, no entanto, não acreditar que a análise dos japoneses exclui a hipótese alternativa de que uma espécie de símios de cérebros pequenos ainda não descobertos teriam migrado a partir da África.
O que fascina em torno das descobertas ligadas ao floresiensis, afirma a pesquisadora, é que eles indicam que a evolução humana sofreu várias "idas e vindas". "Não se trata só da evolução dos humanos modernos, mas, sim que, na verdade, teriam havido várias outras espécies. O florensiensis foi um experimento fracassado que durou cerca de 50 mil anos e foi o último sobrevivente de outros experimentos que foram dar nos humanos".
O novo estudo japonês foi divulgado na publicação científica Royal Society's Proceedings B Journal
BBC Noticias

domingo, 7 de abril de 2013

Seus genes estão nas suas mãos?

Seus genes estão nas suas mãos?

A resposta, segundo uma nova área da ciência chamada epigenética, é um impactante sim. Ela revela que os hábitos podem influenciar a atividade dos genes que predispõem a doenças - o que faz toda a diferença para viver mais e melhor por DIOGO SPONCHIATO


Há mais coisas entre o seu código genético e o seu destino do que sonhavam os cientistas. Antes, eles achavam que um determinaria o outro em matéria de saúde. Mas um ramo recente da biologia, a epigenética, comprova em detalhes por que o vigor ou os problemas que o futuro lhe reserva não devem ser encarados apenas como mérito ou culpa do que está escrito em seu DNA. Seus pesquisadores desvendam como a alimentação, o estresse, a prática de exercícios ou o tabagismo são capazes de influenciar o comportamento dos genes para o bem e para o mal.



Para ilustrar essas descobertas, basta recorrer a um estudo recém-concluído na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Os médicos recrutaram 30 pacientes com câncer de próstata em estágio inicial e os submeteram por três meses a um programa que incluía dieta rica em vegetais e pobre em gorduras, exercícios moderados, técnicas de controle do estresse e participação em grupos de apoio. Logo em seguida veio a constatação por meio de moderníssimos exames de DNA: essas medidas diminuíram a atividade de genes ligados ao surgimento de tumores e aumentaram a ação daqueles envolvidos na capacidade do organismo de enfrentá-los. O que ajudou (e muito) a brecar a evolução do problema.



O que a epigenética faz, em resumo, é enxergar ao pé da letra o resultado dos nossos hábitos no interior de cada célula. Ali dentro esteja ela no cérebro ou no pé existe a receita completa de um indivíduo. Essa fórmula única é o seu material genético, o DNA. O que pode variar é a leitura dessa receita algumas células lêem os trechos que determinam como devem funcionar os neurônios e atuam como tal; outras decifram a parte necessária para executar as funções de uma célula de pele. E assim por diante.



Na receita também existem genes ligados a doenças e genes relacionados à capacidade de resistir aos males. Se são ou se não são lidos direito é o que determina quando as células de um órgão funcionarão bem ou serão um estorvo, dando origem a um câncer. Agora os cientistas notam que existem fenômenos bioquímicos batizados de epigenéticos e intimamente associados aos hábitos. Eles não chegam a alterar a seqüência do DNA, esclarece a biomédica Miriam Jasiulionis, da Universidade Federal de São Paulo. No entanto, o jeito como você vive pode, sim, destacar determinadas linhas, aumentando as chances de que se expressem. Ou fazer o contrário.Os pesquisadores vasculham como a má alimentação ou o tabagismo metem o bedelho nos pedacinhos do DNA, reforçando a ameaça de doenças para as quais já temos tendência. A boa notícia é que, em tese, dá para reparar os prejuízos de uma vida desregrada. Os mecanismos epigenéticos são reversíveis, conta a farmacêutica Cláudia Rainho, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. Ou seja, se você adotar um estilo de vida mais saudável, será bem possível que alguns trechos nada agradáveis do seu DNA caiam no esquecimento.




Afinal, como uma mudança de hábito é capaz de se intrometer na atividade de um gene? A resposta é pura química. Diversas moléculas, resultantes do próprio trabalho do corpo e do que a gente come, por exemplo, são capazes de grudar em uma porção do código genético. Entre essas figuras, destaca-se de longe o metil. Ele seria comparável a uma espécie de chave que consegue ligar ou desligar um gene, num fenômeno conhecido como metilação do DNA. Cerca de 60% dos nossos genes são passíveis de mecanismos assim, isto é, podem ser acionados ou inativados pelo metil, calcula Giseli Klassen, professora de patologia da Universidade Federal do Paraná.




Para aplacar sua ansiedade: algumas peças-chave da célebre vida saudável, como o reles costume de comer brócolis ou cereais, incrementa a produção do bendito metil. A dúvida cruel é por que, se você come a porção de brócolis, por exemplo, as reações podem afetar positivamente um naco do DNA do seu fígado e, ao mesmo tempo, não se envolver com o mesmíssimo pedaço de DNA lá na cabeça.




Assim como esses mecanismos podem se diferenciar de órgão para órgão, como se tivessem poder de decisão próprio, eles variam de pessoa para pessoa. Até que ponto, então, o aparecimento de uma doença é resultado da receita que a gente carrega de berço ou de fenômenos bioquímicos disparados pelos hábitos? Não sabemos ainda, responde Rafael Linden, professor do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mas é certo que ambos entram no jogo. E que as refeições podem ser grandes ou péssimas fornecedoras de chaves para mexer com genes destrambelhados.


Algumas substâncias encontradas nos alimentos transferem os compostos metil para o DNA, controlando a expressão de um gene, afirma a bióloga Lusânia Antunes, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Ao se incorporar num gene que favoreça o surgimento de um tumor, é como se esse metil o rendesse e o mantivesse caladinho. Mas há perguntas no ar: será que, da mesma forma que ele silencia um gene do mal, poderia calar um gene benéfico, responsável por uma função interessante à célula? Em suma, será que o metil sempre escolhe o alvo certo? Apesar de questionamentos assim, já se presume que alguns nutrientes contribuam de maneira favorável.




Pesquisadores suspeitam de que a prática de exercícios físicos também ajude a deixar os genes em forma, por assim dizer. É como se eles sentissem o resultado de aulas de musculação, corridas ou passeios de bicicleta freqüentes. Na contramão, surgem provas de que os hábitos nocivos enlouquecem a maquinaria do DNA. O cigarro e o excesso de álcool estão associados a alterações epigenéticas indesejáveis, conta Miriam Jasiulionis. Além disso, já se sabe que a fumaceira não só mexe com o comportamento dos genes mas também provoca mutações neles no caso, defeitos que ficam para sempre. Não é por acaso que os tabagistas têm mais câncer.




A doença mais investigada pela epigenética, claro, é o câncer. As células normais e as tumorais apresentam um padrão de genes ativados e desativados diferente entre si, explica a bióloga Anamaria Camargo, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer. Os genes que controlam a proliferação celular geralmente ficam desativados nos exemplares doentes, conta a oncologista Mariângela Corrêa, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. E, enquanto estão impedidos de trabalhar, outros que fazem exatamente o oposto, ou seja, incentivam a desordem e deveriam ficar inertes os oncogenes estão ativados.




Nas células saudáveis, vê-se o contrário: os genes supressores, que regulam a multiplicação, estão ativos, e os oncogenes, desligados. Para que todas as células continuem assim, firmes e fortes, a melhor estratégia é investir no estilo de vida é o que têm provado os primeiros estudos com seres humanos.E não pense que as medidas saudáveis, incluindo desde um cardápio balanceado até uma rotina com menos estresse, limitam-se ao seu exclusivo bem-estar. Surgem indícios cada vez mais contundentes de que a maneira como você leva a vida seria transmitida para os genes dos seus filhos. Uma questão muito debatida é quanto se transmite dessa herança, conta Lygia Pereira, professora de genética humana da Universidade de São Paulo. Mas como isso aconteceria? Bem, nesse aspecto, mistérios ainda pairam. Até porque na fecundação, quando há a união do espermatozóide e do óvulo, uma cópia do DNA da mãe se acopla à do pai e, em meio a esse casamento, quase todo o material genético perde aquelas chaves, as metilações, que ligavam e desligavam os genes.




Formam-se novas metilações durante o desenvolvimento do embrião, diz Cláudia Rainho. No entanto, uma pequena parcela dos genes herdados não sofre essa queima de arquivo e, assim, carrega totalmente a sua herança. Deduz-se, assim, que quem viveu longe de cigarros e outras drogas, apostou na malhação e não se esqueceu de frutas e verduras no prato, entre outros ingredientes saudáveis, irá presentear seus filhos com uma bagagem genética de primeira, menos predisposta a doenças.




Já quem não se cuidou pode transmitir não só as alterações epigenéticas indesejáveis como também mutações aqueles defeitos permanentes ao embrião. E estas são indiscutivelmente mais herdadas, diz a biomédica brasileira Mariana Brait, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Ou seja, o modo como você vive hoje faz toda a diferença para o futuro do seu corpo e provavelmente para o de seus descendentes também.
Revista Saúde Vital