sábado, 1 de outubro de 2011

O mundo cada vez mais feminino

O mundo cada vez mais feminino
A absorção de substâncias químicas poluentes por animais vertebrados - inclusive o homem - está causando uma progressiva feminização dos machos dessas espécies e põe em risco sua sobrevivência futura. A principal causa do fenômeno parecem ser as enormes quantidades de hormônios lançadas no meio ambiente pela urina das mulheres que usam anticoncepcionais orais


Por Eduardo Araia
John Riley/Getty Images
Se as mulheres vivem mais, superam os homens em quantidade em vários países e conquistam um espaço cada vez maior no mercado de trabalho, a velha afirmação de que elas constituem o chamado "sexo frágil" soa no mínimo controvertida hoje em dia. Uma pesquisa divulgada em dezembro põe ainda mais lenha na fogueira: segundo seus autores, o gênero masculino de todos os animais vertebrados, de peixes a mamíferos - incluindo os humanos -, corre um risco significativo, e o agravamento dessa tendência trará consequências desastrosas em termos evolutivos. Entre as razões da mudança destacam-se substâncias químicas espalhadas pelo ambiente, que estão feminizando os machos dessas espécies.
"Uma ação urgente é necessária para controlar as substâncias químicas conversoras de gênero, e mais pesquisas são necessárias para o monitoramento da vida selvagem", alerta Gwynne Lyons, autora do texto do estudo. "Substâncias químicas produzidas pelo homem estão claramente danificando o kit de ferramentas básico do sexo masculino. Se as populações de animais selvagens desaparecerem, será muito tarde. A menos que um número suficiente de machos contribua para a próxima geração, há uma ameaça real para as populações animais no longo prazo."
Os danos ao kit de ferramentas básico do sexo masculino de aves, peixes, anfíbios, répteis e mamíferos são uma ameaça real para essas populações no longo prazo
Substâncias produzidas pelo homem e espalhadas na terra, na água e no ar (à direita) estão provocando alterações no gênero masculino dos pássaros (acima) e outros animais vertebrados.
Ex-conselheira do governo do Reino Unido sobre os efeitos de substâncias químicas na saúde, Gwynne é diretora da Chem Trust, organização beneficente britânica responsável pela publicação do trabalho, que está baseado em mais de 250 pesquisas realizadas ao redor do mundo. Concentrado na vida selvagem, o estudo ganhou o endosso de alguns dos principais cientistas do planeta, segundo os quais ele "agita uma bandeira vermelha" para a humanidade.
Nos últimos anos, vegetais, animais e seres humanos têm sido expostos a mais de 100 mil substâncias químicas. A Comissão Europeia admitiu que nada menos do que 99% delas não são adequadamente reguladas e 85% nem ao menos oferecem informações de segurança apropriadas. Vários deles são classificados como "perturbadores endócrinos" - ou conversores de gênero - por sua capacidade de interferir em hormônios. A lista abrange os ftalatos, cujas aplicações incluem as embalagens para alimentos, cosméticos e talcos destinados a bebês; retardadores de chamas em móveis e aparelhos elétricos; as bifenilas policloradas (PCBs), um grupo de substâncias banidas de vários países desde a década de 1970, mas ainda disseminadas no meio ambiente; e diversos pesticidas.
or viverem imersos na água, os peixes são especialmente afetados quando ela está poluída: absorvem os poluentes não apenas via alimentos, mas também através das guelras e da pele. Isso faz com que os machos dessa classe estejam entre os primeiros a apresentar características de conversão de gênero. Um estudo revelou que metade dos peixes machos de rios em partes baixas da Grã-Bretanha estava desenvolvendo ovos em seus testículos. Efeitos feminizantes também foram encontrados em peixes de água doce do Japão e de Benin (África Ocidental), assim como em exemplares de áreas oceânicas mais fechadas, como o Mar do Norte, o Mediterrâneo, o Estreito de Puget (costa noroeste dos Estados Unidos) e a Baía de Osaka (Japão). Parte da culpa é atribuída aos hormônios femininos (originários principalmente de pílulas anticoncepcionais) que passam inalterados pelos sistemas de tratamento de esgoto, mas o relatório da Chem Trust lembra que mais de 75% das estações de tratamento britânicas também deixam passar substâncias químicas emasculadoras fabricadas pelo homem.
Flávio Santana/Divulgação
A INFLUÊNCIA DA POLUIÇÃO DO AR
Uma pesquisa pioneira realizada em São Paulo mostrou que a poluição atmosférica também faz parte da relação de conversores de gênero. Divulgada em 2008, "A Poluição em São Paulo e a Diminuição de Nascimento de Meninos" revela uma relação entre a queda na qualidade do sêmen e a sujeira na atmosfera entre roedores e seres humanos. Apenas em 2006, o cruzamento dos dados fornecidos pela Cetesb (órgão que controla a qualidade do ar na capital paulista) com informações obtidas nos cartórios da cidade mostrou a redução no nascimento de 1.180 bebês do sexo masculino. Segundo a pesquisa, quanto maior o número de partículas suspensas na atmosfera, menor o número de meninos concebidos, pois a sujeira do ar afeta o cromossomo Y. "Quando falamos em poluição nas grandes cidades, pensamos apenas nos problemas respiratórios ou de pele. Mas a poluição impacta de forma muito sutil e promove um desequilíbrio em diferentes campos quando o impacto a longo prazo e em populações inteiras é avaliado", diz Jorge Hallack (foto ao lado), da USP, um dos autores do estudo.
Os anfíbios também apresentaram exemplos de alterações. Um estudo realizado em 2008 na Universidade da Flórida revelou que 40% dos sapos- cururus machos (espécie tão resistente que virou praga na Austrália) se tornaram hermafroditas numa região rural desse Estado norte- americano. Cientistas canadenses flagraram a mesma relação entre fazendas e alterações sexuais nas rãsleopardo, e indicaram a presença de pesticidas como a provável causa do fenômeno.
Os exemplos de feminização entre os machos vertebrados incluem gaivotas que produzem a proteína feminina usada na feitura da gema do ovo, sapos e ursos hermafroditas, crocodilos e veados com anomalias genitais, focas e golfinhos com baixa reprodução.
>>>ENXURRADA DE PERTURBADORES ENDÓCRINOS
No âmbito da toxicologia ambiental, a problemática dos perturbadores endócrinos é a área de estudo que mais tem atraído as atenções nos últimos anos. A propagação global das perturbações endócrinas no meio ambiente não para de aumentar, enquanto as pesquisas a respeito do tema encontram-se apenas no início. A feminização de numerosas espécies - muitas das quais fazem parte da nossa cadeia alimentar - se desenvolveu sobretudo por causa da enxurrada de hormônios lançada a cada dia nas águas do globo. Agora, já não há dúvidas: essas perturbações endócrinas têm, entre suas origens, as mulheres consumidoras de pílulas anticoncepcionais orais. Através da sua urina, elas despejam quantidades monumentais de hormônios nas águas que depois serão recicladas e voltarão para o consumo das populações. Pesquisas mostram que estrógenos sintéticos e outros hormônios resistem ao processos de tratamento de águas.
A bióloga Karen Kidd, do Departamento de Pesca e Oceanos do Canadá, verificou claramente esses efeitos após introduzir hormônios sintéticos num lago de 34 hectares no noroeste de Ontário. A experiência mostrou que a introdução de uma baixa quantidade desses hormônios já bastava para provocar a aparição de ovas nos testículos de certos peixes machos. As fêmeas, por seu lado, estimuladas por esses hormônios, começavam a produzir ovas fora dos períodos normais de reprodução. A feminização dos peixes é essencialmente provocada por estrógenos sintéticos que resistem aos filtros e às bactérias de depuração.
Outro estudo, realizado pelo Instituto Armand Frappier, também no Canadá, revela que a bioacumulação de substâncias estrógenas pode se transferir de uma espécie para outra na cadeia alimentar. Ou seja, esses hormônios podem se transferir, por exemplo, de um peixe para um mamífero, de uma galinha para... um homara se ter uma idéia da emissão total de hormônios no meio ambiente, uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INS), da Bélgica, revelou em 1997 que a emissão total de estrógenos naturais no meio ambiente, como consequência da excreção humana, atingia cerca de 1,3 quilograma por dia. Considerando-se a emissão conjunta de estrógenos pelo homem e por bovinos, suínos e aves, chegava-se a cerca de 7,7 quilogramas por dia. Isso significa, portanto, em um ano, na Bélgica, uma emissão de estrógenos de quase 3 toneladas!
Os pesticidas também seriam os vilões em casos de crocodilos machos da Flórida que têm apresentado níveis mais baixos de testosterona e mais altos de estrógeno (hormônios masculino e feminino, respectivamente), pênis menores, testículos anormais e falhas reprodutivas. Tartarugas-mordedoras machos com características femininas têm sido observadas na Flórida e na região dos Grandes Lagos (entre Canadá e EUA). Essa última área, aliás, é um marco desolador em termos de poluição: mais de 400 substâncias químicas diferentes já contaminaram a vida selvagem por lá.
Entre os pássaros, os cientistas já encontraram exemplares machos de gaivotas-prateadas e falcões- peregrinos que produziam a proteína feminina usada para fazer a gema do ovo. Águias-carecas têm demonstrado dificuldades de se reproduzir em regiões altamente poluídas por substâncias químicas como aquela. Uma pesquisa da Universidade de Cardiff (Grã-Bretanha) revelou que os cérebros de estorninhos machos que comeram minhocas contaminadas por hormônios femininos numa estação de esgoto no sudoeste da Inglaterra apresentavamse alterados. As mudanças permitiam aos pássaros cantar numa extensão sonora maior do que a normal e com virtuosismo ampliado.
Diversos casos foram detectados entre mamíferos. No Ártico, os ursos-polares lutam não apenas contra o aquecimento global, mas contra substâncias conversoras de gênero que levaram alguns exemplares a apresentar simultaneamente pênis e vagina, característica do hermafroditismo. Nos machos restantes, obser vou-se redução na contagem de esperma e pênis menores. Ainda no norte do planeta, mais de 65% dos veados-mulas da região de Sitka (Alasca) exibiam um crescimento deformado dos chifres e testículos dentro do abdômen. Mais ao sul, uma proporção parecida de veados-galheiros do Estado de Montana (EUA) revelou anomalias genitais. Na Flórida, o esperma de muitos dos exemplares das pequenas e ameaçadas populações de panteras mostrou-se anormal.
As baleias belugas do estuário do rio São Lourenço, no Canadá, e orcas na costa noroeste canadense - duas das espécies mais contaminadas por PCBs - estão se reproduzindo pouco, assim como tartarugas, focas e golfinhos que habitam as mesmas águas. Na Grã-Bretanha, descobriu-se em 2007 que lontras com níveis mais altos de organoclorados tinham seu báculo (osso do pênis) menor e testículos dentro do abdômen. Os minkes expostos a PCBs apresentaram pênis mais curtos. A população de focas no litoral leste do país não cresce desde a eclosão de uma epidemia de raiva em 2002, e os cientistas acreditam que a explicação para isso reside na saúde reprodutiva dos animais.
Na África do Sul, o elande (tipo de antílope), exposto à contaminação por altos níveis de substâncias químicas conversoras de gênero, exibe testículos lesionados. Camundongos listrados que habitavam uma reserva natural poluída não produziam espermatozóides, descobriram os cientistas.
O professor Lou Gillette, da Universidade da Flórida, um dos mais respeitados estudiosos da área, alerta que o relatório agita "uma grande bandeira vermelha" para a humanidade. Ele adverte: "Se estamos vendo problemas na natureza, podemos depreender que algo similar está acontecendo para uma proporção de seres humanos masculinos."
Belugas que habitam as costas canadenses estão se reproduzindo pouco. Entre os ursos-polares (abaixo) já foram encontrados exemplares que apresentam simultaneamente pênis e vagina.
Indícios disso não têm faltado. Um estudo recente da Universidade de Rochester (EUA) mostrou que os meninos cujas mães estiveram submetidas a elevados níveis de ftalatos apresentaram tendência maior de possuir pênis menores e testículos dentro do abdômen. Eles também exibiam uma distância menor entre seu ânus e a genitália, um sinal clássico de feminização. Uma pesquisa da Universidade Erasmus, de Roterdã (Holanda), revelou que garotos cujas mães haviam sido expostas a PCBs cresceram querendo brincar com bonecas e aparelhos de chá, em vez dos tradicionais brinquedos masculinos.
A COLABORAÇÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL
omunidades poluídas pesadamente com substâncias químicas conversoras de gênero no Canadá, na Rússia, na Itália e no Brasil assistiram a um número de nascimento de meninas duas vezes maior que o de meninos, o que pode oferecer uma pista da mudança a favor das mulheres nas razões de sexo em certos pontos do mundo. (Aqui, os casos mais bem documentados estão no norte do Paraná, onde inseticidas à base de cloro foram largamente usados nas lavouras nos anos 1980.) Calcula-se que, apenas nos EUA e no Japão, 250 mil crianças que teriam sido meninos nasceram meninas.
Além disso, as contagens de esperma estão decrescendo significativamente. Estudos em mais de 20 países mostraram que elas caíram de 150 milhões de espermatozóides por mililitro para 60 milhões ao longo de 50 anos. (Como exemplo, os hamsters produzem quase três vezes mais: 160 milhões.)
"Temos despejado 100 mil substâncias químicas contra um sistema hormonal primorosamente equilibrado e, assim, não é surpresa que estejamos observando alguns resultados sérios", afirma o doutor Peter Myers, cientistachefe da Environmental Health Sciences e uma das mais importantes autoridades mundiais em substâncias químicas conversoras de gênero. "(Essa poluição) está levando ao mais rápido ritmo de evolução na história do mundo."

Revista  Planeta

Universos paralelos



Universos paralelos

Uma teoria surgida há pouco mais de 50 anos - e considerada de início um absurdo total - vai ganhando cada vez mais espaço na física moderna


Equipe Planeta
Para os autores de ficção, desde Jorge Luis Borges e seu conto clássico "O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam" até episódios da telecinessérie Jornada nas Estrelas ou o recente filme A Bússola Dourada, o tema dos universos paralelos exerce um eterno fascínio. Afinal, quem resiste à ideia de que, num outro plano, pode existir um outro eu vivendo uma vida diferente desta aqui? O que muita gente não sabe é que a hipótese não se restringe à ficção: a ciência anda namorando-a há um bom tempo e leva-a cada vez mais a sério.
Como não poderia deixar de ser, a área científica que aloja essa ideia é a física quântica - aquela que estuda as leis do mundo subatômico, as quais reduzem tudo a probabilidades e cujas esquisitices incomodaram ninguém menos do que Albert Einstein. Os mundos paralelos emergiram na academia como solução a uma das charadas quânticas mais conhecidas: a do gato de Schrödinger.
Nesse desafio, criado pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935, um gato é colocado numa caixa selada com um contador Geiger, um frasco de veneno e um átomo radiativo que tem 50% de chance de desintegrar dentro de uma hora. Se o átomo se desintegra, o contador Geiger percebe e aciona um mecanismo que quebra o frasco de veneno, levando o gato à morte. De acordo com a teoria quântica, ao final daquela hora o átomo deve se encontrar num estado superposto de desintegração e de não desintegração. Ou seja: o gato está ao mesmo tempo num estado insólito, tanto de vivo quanto de morto.
Schrödinger propôs seu enigma como uma forma de sublinhar como a teoria quântica pode desafiar o senso comum. De fato, como alguém pode estar vivo e morto ao mesmo tempo? Os cientistas puseram suas mentes para trabalhar no assunto e, de início, pensou-se que a solução era forçar o mundo quântico a decidir-se por uma das soluções, abrindo a caixa e observando seu conteúdo. Essa solução é conhecida como interpretação de Copenhague - a opção considerada pelo físico dinamarquês Niels Bohr que destaca o papel do observador do fenômeno. Detalhe frágil dela: os pesquisadores teriam de monitorar o tal gato por uma hora.
Em 1957, o norte-americano Hugh Everett III, então aluno da Universidade de Princeton, propôs uma nova perspectiva para o enigma. Segundo ele, a matemática da teoria quântica realmente descreve a realidade e, se suas equações desembocam em resultados diferentes, todos eles podem ser concretizados em algum lugar. A pergunta óbvia, nesse caso, era: onde?
Como a ideia parecia maluca demais e Everett não continuou a pesquisar nessa área (ainda antes de seu ensaio ser publicado, ele aceitou um convite para trabalhar na indústria de armamentos), o tema caiu rapidamente no esquecimento. Em 1970, porém, outro norteamericano, Bryce DeWitt, da Universidade do Texas, reviu o trabalho de Everett e concluiu que todos esses resultados só poderiam ocorrer em universos paralelos. De acordo com DeWitt, tais universos coincidiriam com o nosso em termos espaciais, mas estariam isolados, e em consequência teriam uma interação muito pequena com nosso universo. A hipótese ganhou o rótulo de "interpretação de muitos mundos": cada resultado possível corresponde ao surgimento de um novo universo. No caso do gato, em um universo ele esbanja saúde, mas em outro está definitivamente morto.
A revisão de DeWitt passou a ser considerada mais palatável para os físicos quando estes começaram a aceitar que, para elaborar a teoria unificadora de todas as leis da natureza - aquela que reunirá a relatividade de Einstein à quântica -, seria preciso haver outras dimensões além das três comuns. Mesmo assim, a ideia de universos paralelos na ciência ainda demoraria mais algumas décadas para deslanchar.
Num universo, o gato da charada de schrödinger esbanja saúde; em outro, está morto
Onze dimensões para explicar tudo
O avanço nos instrumentos usados para pesquisar o reino quântico começou a possibilitar investigações cada vez mais acuradas dessa área, e nos anos 1990 uma descoberta mexeu com a interpretação de Copenhague: segundo a pesquisa, não é propriamente o observador que "decide" qual estado vai prevalecer entre os vários possíveis, mas as interações com o ambiente do sistema observado (denominadas descoerência). A novidade complicou ainda mais a já difícil busca de uma evidência experimental para a teoria de muitos mundos de Everett.
Em 1995, um estudioso da teoria unificadora, o norte-americano Edward Witten, da Universidade de Princeton, propôs que todos os eventos observados poderiam ser explicados em um grande cenário com 11 dimensões - o chamado multiverso. As elaborações de Witten ficaram conhecidas como "Teoria-M". Como as dimensões do multiverso seriam diferentes dos mundos paralelos de Everett, parecia que o assunto chegara novamente a um beco sem saída.
Três anos depois, porém, o físico suecoamericano Max Tegmark, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), deu uma nova contribuição ao estudo dos mundos paralelos ao voltar à experiência do gato de Schrödinger e colocar-se no lugar do animal para refletir sobre o que ele conseguiria ver na caixa. A conclusão de Tegmark foi intrigante: segundo a interpretação de muitos mundos, em diversas versões ele morreria, mas sempre haveria universos nos quais viveria, e em alguns deles ele até seria imortal.
Cinco anos depois, Tegmark avançou mais um pouco nessa hipótese e elaborou uma classificação em quatro partes para os universos paralelos. De acordo com ele, os de tipo I estão além da vista de nosso universo, mas possuem as mesmas propriedades cosmológicas. Os de tipo II, nascidos logo depois do Big Bang (a grande explosão cósmica que seria a origem de tudo), também estão além da vista do nosso universo, mas suas propriedades cosmológicas podem ser um tanto diferentes.
O tipo III abrange os universos associados à interpretação de muitos mundos. Os universos de tipo IV, por sua vez, podem ter leis da física bem diferentes das que conhecemos.
Hoje em dia, os físicos encaram de formas distintas a noção de universos paralelos. Para alguns, a resposta a essa charada está em alguma variação da interpretação de Copenhague. Outros consideram que a chave está mesmo na interpretação de muitos mundos. Mas o dilema talvez não dure muito tempo, graças a dois fatores: o progresso das experiências, que captam dados cada vez mais sensíveis sobre o reino subatômico, e aplicações tecnológicas dessa área da física, como os chamados computadores quânticos (computadores muitíssimo mais potentes que os atuais, pois conseguiriam trabalhar em outros estados além de ligado ou desligado). Avançar nesses terrenos provavelmente levará os físicos a decifrar o enigma dos mundos paralelos e da própria física quântica.


Revista Planeta





Magia - Que bicho é esse?

Magia - Que bicho é esse?
Ela atravessou todas as eras, dos tempos das cavernas até os nossos dias. Hoje, encontra eco - e algum respaldo - na moderna psicologia. É a ciência descobrindo o mundo mágico


por Luis Pellegrini



Meu primeiro encontro com o que depois soube chamar-se magia ocorreu quando eu tinha sete ou oito anos e não era mais que um moleque arteiro a espalhar o terror no quintal da minha casa. Como castigo por tanta traquinagem – jurava a empregada Terezinha – nasceram-me nos dedos das mãos uma porção de verrugas. Minha mãe levou-me a uma velha benzedeira que morava na periferia. Lembro-me bem da cena: minhas duas mãos espalmadas sobre a mesa; junto delas um copo d’água coberto por um pires, uma vela acesa, uma rosa branca num pequeno vaso de vidro, um ramo de arruda que exalava cheiro forte. A benzedeira rezava a meia-voz e de vez em quando colocava as suas mãos sobre as minhas. No final, informou: “O menino estava com quebranto, mas já tirei.” E concluiu com ar de vitória definitiva: “As verrugas vão cair.”
Dois dias depois, como se fosse a coisa mais natural do mundo, minhas verrugas começaram a murchar. Foram secando, até se transformarem em pequenos apêndices escuros e descarnados. E aí, um a um, todos eles se desprenderam e caíram.
O caso fez furor entre vizinhos e parentes. Mas, ao saber da história, uma tia solteirona metida a filósofa, e que definia a si própria “racionalista cartesiana”, não conteve um comentário arrasador: “Isso é pura autossugestão. Convenceram o menino de que as verrugas iam cair e, com o poder da sua mente inconsciente, ele fez elas caírem.”
Aquilo que os religiosos chamam “Deus”, os cientistas, “leis”, os filósofos, “preceitos”, os magos chamam “conhecimento”

Pouco depois, a vida me apresentou mais uma ocasião para incrementar meus conhecimentos em matéria de eliminação mágica de verrugas. Meu cachorro, um vira-lata preto chamado Não! (com ponto de exclamação), desenvolveu sobre o nariz uma verruga tão grande quanto uma azeitona. O nome dele devia-se ao fato de que, desde pequenino, o não era a palavra que mais ouvia. Quando praticava seus divertimentos favoritos – roer pés de mesas e cadeiras, puxar roupas do varal, arrancar as penas dos rabos das galinhas –, havia sempre alguém ralhando com ele e gritando: “Não, não, não!” Acabou se acostumando e, toda vez que ouvia um “não!” peremptório, passava a atender, de rabo abanando.
Decidi testar minhas capacidades de benzedeiro sobre a verruga do Não!. Preparei o mesmo ritual, com vela acesa, flor branca, copo d’água e arruda, coloquei minha mão sobre o seu nariz e rezei todas as rezas que sabia de cor: um painosso, uma ave-maria e uma salve-rainha quase completa. Que poder, o da memória infantil: até hoje, tantas décadas passadas, quando lembro da minha iniciação precoce como benzedeiro, sinto a grande verruga do Não! latejando sob a ponta dos meus dedos. Sim, o benzimento deu certo. Para minha sorte – ou danação –, a verruga logo depois começou a secar. Virou uma espécie de horrenda uva-passa pendurada no nariz do cachorro e depois caiu, para nunca mais voltar. Como nunca mais voltou a minha inocência, definitivamente perdida naquela aventura da descoberta dos meus “poderes ocultos”.
Então é verdade: existem métodos estranhos de resolver problemas. Métodos que a gente não consegue entender nem aclarar, mas que funcionam. Existem coisas misteriosas que nem sempre podem ser explicadas pela autossugestão, como queria minha tia. Pois até ela, “racionalista cartesiana” convicta, teria dificuldade em admitir que a autossugestão faz parte dos atributos dos cachorros. Então, a magia existe, de verdade.

MAGIA DO CINEMA
Ao criar uma realidade virtual, na qual tudo pode acontecer, o cinema tornou-se uma arte mágica por excelência. A série Harry Potter, da qual vemos uma cena na foto ao lado, tem a magia como tema central e já seduziu milhões de espectadores em todo o mundo.
por Luis Pellegrini

A um imenso conjunto de fenômenos e práticas que o ser humano pode produzir, mas que não podem ser explicados pela autossugestão nem por qualquer lei da ciência e da psicologia oficiais, dá-se o nome genérico de magia. Palavra que vem do substantivo magi, nome que os antigos gregos davam aos sacerdotes persas do culto de Zoroastro. Cabe aí uma primeira definição, a do historiador francês Louis Chochod, para quem “magia é uma arte especial, baseada na existência de forças naturais, pouco ou mal conhecidas, e ordinariamente fora do alcance do poder do homem. Conhecer essas forças, canalizá-las, orientá-las e, até certo ponto, utilizálas, esse é o objetivo da magia”.
A definição de Chochod tem espectro muito amplo. Mas, se existe um assunto que em matéria de definições é terra de ninguém, esse assunto é a magia. Há definições para todos os gostos. Algumas francamente preconceituosas e cheias de superstição: “Magia é a arte de conjurar demônios e espíritos para obrigá-los a servir aos interesses do mago.” Outras são pueris e inocentes, como a do ocultista francês Georges Muchery: “Magia é a arte de tornar-se feliz.” Há definições complicadas como a do respeitado alquimista contemporâneo Eugene Canseliet: “Magia é, antes de tudo, a arte divina que consiste em travar contato com a alma universal e, através dela, dominar as forças espirituais invisíveis no espaço e na substância.” E ainda a do ocultista francês Eliphas Levi, pai da magia moderna, para quem “magia é a ciência tradicional que nos vem dos magos... Por meio dessa ciência, o adepto se vê investido de uma espécie de poder superior relativo e pode agir de modo sobre-humano, isto é, de uma maneira que não está ao alcance do comum dos homens”.
Para os magos, aqueles que praticam a magia, “viver é conhecer”. Desde que o homem existe como tal, ele tenta desvendar os segredos da natureza, levantar o véu de mistério que encobre as origens e as finalidades do mundo, da vida e da existência humana. Através das eras, para conquistar conhecimento, o homem pensante criou diversos métodos de trabalho e desenvolveu diferentes posturas para manipular o desconhecido e dele extrair respostas. Aquilo que os religiosos chamam “Deus”, os cientistas chamam “leis”, os filósofos, “preceitos”, os sábios, “a natureza”, os magos chamam “conhecimento”. Mas, para todos eles, o princípio é sempre o mesmo: estudar o microcosmo (homem) para desvelar os segredos do macrocosmo (universo).

MAGIA DO TEATRO
Antes do cinema, as várias formas de teatro exploraram as mil e uma possibilidades criativas do universo mágico. Na foto acima, cena da ópera A Flauta Mágica, de Mozart.
A prática da magia é, sem dúvida, tão antiga quanto o próprio homem. Nos tempos das cavernas, quando animais eram pintados nas paredes de pedra, o que se pretendia era estabelecer uma relação mágica com o “espírito” daqueles animais para que, no momento da caça, ele fosse favorável aos caçadores. Desde então, essencialmente, poucas coisas mudaram no domínio da magia. Suas técnicas são muito parecidas nas diferentes culturas que apareceram no mundo, e sofreram relativamente poucas mudanças no transcorrer do tempo. Sugere-se muitas vezes que a magia é precursora da religião, mas estudos mais profundos mostram ser mais provável que ambas tenham sempre existido, uma ao lado da outra. Magia e religião possuem em comum a crença num poder transcendental que existe no homem e no mundo. A grande diferença entre ambas reside nas suas atitudes em relação a esse poder. A magia preocupa-se em comandar, controlar e compelir esse poder para a satisfação dos seus próprios objetivos; a religião, por seu lado, preocupa-se em adorar esse poder, suplicando a sua ajuda e aceitando resignadamente aquilo que ele dá. A primeira é ativa, “masculina”. A segunda é passiva, “feminina”.

MAGIA DA NATUREZA
Nada mais mágico do que o mundo natural. Maior e mais poderosa de todas as forças criadoras, a natureza não conhece limites ao soltar a sua imaginação. A tal ponto que costuma-se dizer: a criação natural supera qualquer imaginação.

O mago, portanto, é um aventureiro que mergulha no mistério da vida e do mundo e não se contenta apenas em observar passivamente esse mistério. Quer também compreendê-lo, conhecer suas leis, processos e finalidades, quer interferir voluntariamente nele e, numa certa medida, aprender a manipulá-lo. O mago é entendido como um ser de sensibilidade especial. Vê o universo como uma coisa viva, cuja aparência visível mascara a natureza real dos poderes que o controlam. E vê a si mesmo como participante da natureza da divindade, e por isso gosta de afirmar: “Não existe parte de mim que não seja parte dos deuses.” O mago considera que todos nós, membros da espécie humana, somos “deuses em potencial.” A magia é a ciência-arte que nos ajuda a abrir e desenvolver esse potencial.
Sonhos e visões, símbolos e alegorias, imaginação e fantasia, as viagens vertiginosas dos gênios da música, da pintura, da poesia dizem mais ao mago sobre as realidades últimas da existência do que todas as equações da matemática, as maquinações da política, ou as espertezas do mercado financeiro.
O mago é um ser complexo, uma criatura em geral ousada e até mesmo temerária. Nos tempos em que a Santa Inquisição esbanjava poder, muitas centenas deles foram assados vivos nas fogueiras, condenados por suas heresias. O veneziano Giordano Bruno é um exemplo. Foi queimado porque teimou em afirmar até o fim que era a Terra a girar ao redor do Sol, e não o contrário. Naqueles tempos isso contrariava as “leis” da ciência conhecida, e era portanto “heresia de mago”, punida com a morte.
É mais fácil, contudo, entender o que é um mago do que é magia. “Magia” é hoje uma palavra problemática, pois mais de um sentido é-lhe atribuído. Existe a magia do prestidigitador que tira coelhos da cartola ou dos truques de alta tecnologia de David Copperfield. Existe a magia como é entendida pelos antropólogos – superstições ingênuas, ritos primitivos de fertilidade ou heranças curiosas do folclore. E existe, finalmente, a verdadeira magia, aquela que nos interessa: um sofisticado sistema de conhecimento cujas origens não serão encontradas na lenda ou no folclore, mas sim na antiga tradição chamada “hermética”, de Hermes, o deus grego da inteligência e da sabedoria. As origens arcaicas dessa tradição perdem-se na noite dos tempos, mas sabe-se que ela se desenvolveu no antigo Egito, passando depois por Grécia e por Roma, e por toda a Idade Média e o Renascimento europeu. Após um período de relativa obscuridade – devido certamente ao implacável combate que lhe foi desfechado pela Inquisição –, a magia ressurgiu em sua forma moderna no contexto da grande renascença ocultista que foi uma das características da segunda metade do século 19.
Ressurgir das próprias cinzas nos momentos mais impensáveis, como a fênix mitológica, é uma das características da magia. Basta ver o que acontece nos dias de hoje. Nas últimas três décadas – época das mais extraordinárias conquistas da ciência tecnológica moderna, quando o homem foi à Lua, os bisturis de raio laser invadiram os hospitais e os computadores, os lares e escritórios – observou-se um desconcertante reflorescimento da magia e de disciplinas correlatas, como a astrologia e o ocultismo. Um reflorescimento, portanto, de modos de conceber o mundo diametralmente opostos aos da ciência racionalista.
Cada vez que a magia ressurge na história, ela o faz com novas roupagens. O corpo essencial de seus conhecimentos é sempre o mesmo, mas a linguagem por ela utilizada para operar e se comunicar pode mudar completamente de acordo com o tempo histórico e o lugar da sua manifestação.
A linguagem da magia antiga era complicadíssima e inacessível aos não iniciados. Envolvia códigos e símbolos da alquimia, da cabala, da astrologia e de outras ciências herméticas. A magia contemporânea passou por uma verdadeira revolução em sua linguagem formal, que é agora bem mais simples. Esse novo enfoque começou a ser difundido em meados do século passado através da obra de vários autores. Um dos expoentes máximos dessa geração de magos modernos foi o francês Eliphas Levi (pseudônimo de Alphonse- Louis Constant), um ex-seminarista católico.
Em seu livro Dogma e Ritual da Alta Magia, publicado em 1856 e disponível em português, Levi apresenta uma teoria sobre o modo pelo qual atua a magia. É esta sua concepção que, um pouco modificada, domina o pensamento dos magos contemporâneos.
As ideias de Eliphas Levi constituem uma obra-prima de intuição psicológica e científica. Elas antecipam muito do arcabouço básico de várias psicologias contemporâneas, pois explicam a ação mágica como um fenômeno baseado principalmente nas capacidades naturais – embora ainda pouco conhecidas – da mente e da psique humanas. É a partir da escola de Levi que se passou a afirmar: “O fenômeno mágico começa na cabeça do mago.”

O mago, como todo ser criador, é uma pessoa complexa, uma criatura em geral ousada e até mesmo temerária

Levi afirma que na magia existem três leis fundamentais. A primeira é a lei da vontade humana, que, do seu ponto de vista, não era simplesmente uma ideia abstrata, e sim uma força material “tão real”, para usar as suas próprias palavras, “quanto o vapor de água ou a corrente galvânica”. Essa ideia, na verdade, não era exclusiva de Levi. Vários intelectuais da época a desposaram, entre eles Edgar Allan Poe, que no seu conto “O Caso do Senhor Valdemar” faz o personagem Glanvill dizer: “É lá que repousa a vontade que não morre jamais. Quem conhece os mistérios da vontade e todo o seu vigor? O próprio Deus é uma imensa Vontade que reina sobre todas as coisas.”
MAGIA DA ROUPA
Dentre as várias atividades humanas, uma das mais mágicas é a criação das roupas. Um estilista de talento pode ser capaz de criar um universo inteiro a partir das indumentárias que inventa.

A originalidade de Levi estava na aplicação dessa ideia à magia ritual. Para ele, como para a maioria dos magos modernos, toda a parafernália dos acessórios do cerimonial mágico, tais como incensos, velas, uso de figuras geométricas e de paramentos, é apenas suporte auxiliare, ponto de apoio e de referência destinado a ajudar o mago a concentrar a sua vontade.
A segunda lei de Levi é a lei da luz astral, o “éter” dos antigos gregos e da física pré-einsteiniana, o “prana” dos hindus: um fluido imponderável que preenche todos os espaços do universo e graças ao qual o mago pode agir a distância. A luz astral, dizia Levi, é invisível e destituída de forma, porém permeia a totalidade da natureza e pode ser moldada pela vontade humana, produzindo formas visíveis. Isso explicaria, segundo ele, a maior parte dos fenômenos chamados paranormais ou mediúnicos que a ciência oficial constata mas não explica, como aqueles de materialização de espíritos, materialização de objetos, produção paranormal de sons, odores, etc. Para Levi, os médiuns de efeitos físicos, indivíduos capazes de produzir tais fenômenos, seriam uma espécie de “magos naturais”, dotados de uma capacidade inata de moldar a luz astral e provocam desse modo fenômenos capazes de impressionar os sentidos dos espectadores.
Na visão da magia, cada ser humano é um microcosmo – um pequeno universo que reflete o macrocosmo, o grande universo
A terceira lei de Levi é a lei das correspondências, ou das analogias. Trata-se na verdade de uma versão atualizada da antiga doutrina hermética do macrocosmo e do microcosmo, segundo a qual todo elemento do primeiro – o universo – teria o seu correspondente no segundo – o ser humano considerado individualmente. Por exemplo, as constelações do zodíaco que influenciam certas zonas do corpo humano. Assim, a constelação de Capricórnio corresponde aos joelhos; a de Gêmeos, aos braços e pulmões; a de Escorpião, aos órgãos genitais. Para Levi, tais correspondências existiam realmente, mas sob uma forma menos grosseiramente física. Era menos o corpo físico e muito mais a alma humana que ele considerava como um “espelho mágico do universo”, para empregar uma expressão que os magos amam. Levi dizia que todo elemento presente no universo também poderia ser encontrado na alma humana: assim, a força cósmica que os romanos personificavam na deusa Vênus correspondia à sexualidade física, e aquela representada pelo deus Mercúrio, à inteligência humana. Os modernos magos ritualistas acreditam que o conhecimento dessa lei das correspondências lhes permite “fazer descer” (invocar) neles todas as forças cósmicas das quais querem obter alguma coisa, ou, ao contrário, “fazer subir” (evocar) essas mesmas forças latentes em sua alma e as projetar no mundo exterior.

MAGIA DA PLATEIA
Quando as grandes aglomerações populares concentram sua atenção num mesmo objeto, geram um poderoso fenômeno mágico: a criação coletiva de uma nova realidade.

Levi, contudo, pouco revelou em seus livros da existência de uma quarta lei fundamental para que qualquer ação mágica tenha bom êxito: a lei da imaginação. Falou da importância desse segredo fundamental apenas a alguns de seus discípulos mais queridos, e foram eles que, mais tarde, o ensinaram publicamente. O poder da imaginação é o verdadeiro “pulo do gato” da magia.
A força da vontade é praticamente ineficaz se não for dirigida por uma imaginação poderosa – e vice-versa. “Para se praticar a magia”, escreveu Edward Berridge, discípulo inglês de Levi, “é necessário colocar em ação a imaginação e a vontade: elas agem em partes iguais. Ou, melhor dizendo, a imaginação deve preceder a vontade para se obter o melhor resultado possível”.
Sozinha, a vontade pode, segundo essa teoria, emitir uma corrente de energia que se propaga através da luz astral, mas seu efeito será vago, impreciso e até mesmo inoperante, pois, sem a criação imaginária de um objetivo bem definido a ser alcançado a energia da vontade corre o risco de perder-se no vazio. Por seu lado, sozinha, a imaginação pode até criar uma imagem, e essa imagem terá uma duração variável; mas ela não poderá produzir nada de importante se não for vitalizada e dirigida pela vontade. “Quando as duas se conjugam, isto é, quando a imaginação cria uma imagem e quando a vontade dirige e utiliza essa imagem, é possível a obtenção de maravilhosos efeitos mágicos”, completa Berridge. Ele parece um moderno psicólogo junguiano falando da técnica da imaginação ativa!
Recapitulando: na visão da magia, cada ser humano é um microcosmo – um pequeno universo que reflete, em miniatura, o macrocosmo, o grande universo do qual fazemos parte. Cada fenômeno do universo tem seu reflexo correspondente nas partes que compõem a pessoa humana – corpo físico, psique, mente pensante. Com práticas mágicas, o mago pode transformar o mundo exterior por meio de intervenções no pequeno mundo interior. A ligação entre as duas esferas – a interior e a exterior – é feita pela luz astral, um fluido universal invisível. A manipulação da luz astral através da vontade e da imaginação humanas permite ao mago influenciar tanto o universo físico (mover objetos a distância, promover curas como no caso dos benzedores de verrugas, etc.) como também influenciar as sensações e os modos de percepção de outros indivíduos.
Mas o mago está longe de ser onipotente e seu trabalho é cheio de perigos. Pois a via de comunicação entre o microcosmo e o macrocosmo, o interior e o exterior, é obrigatoriamente uma via de mão dupla. Da mesma forma que o sangue entra e sai do coração, e o ar, dos pulmões, a força mágica sai de nós, passeia pelo mundo desencadeando efeitos e tende a regressar ao lugar de onde saiu. Assim aquilo que vem de fora circula em nós e tende a voltar à origem. Portanto, se projetarmos no mundo ações mágicas boas, positivas, amorosas, certamente poderemos esperar que elas retornem para nós amplificadas e fortalecidas. Se, ao contrário, projetarmos ações nefastas... só poderemos esperar retornos péssimos.

MAGIA DA ARTE
Criação artística e criação mágica são quase sinônimos. Trabalhado pelas mãos de um verdadeiro artista, até o grotesco pode se transformar em algo sublime.

A censura do mago deriva de outra lei fundamental da magia: a lei do choque de retorno, que é o regresso de uma carga maléfica para o mago que a remeteu, em caso de fracasso de sua operação, ou caso sua magia seja desfeita por outro mago mais forte. Na magia – como na física –, toda força tem de ser descarregada, seja sobre o alvo assinalado, seja, por erro cometido, sobre o mago que a desencadeou, não importa qual o valor “moral” dessa força.
Por tais razões é que, para todo mago sério e honesto, a observância de rígidos princípios éticos é preocupação fundamental. Essa é a única diferença entre magia branca e magia negra. Magia é sempre a mesma. É branca quando sua intenção for voltada para o bem; é negra quando for voltada para o mal.

Magia é um jeito de conhecer a si mesmo e ao mundo, e de agir eficazmente sobre si mesmo e sobre o mundo

Força da vontade, imaginação, luz astral, lei das correspondências, leis da natureza, leis cósmicas e criatividade são todos termos básicos e correntes do vocabulário da magia. São também, é importante notar, termos básicos e correntes tanto da física quântica quanto da moderna psicologia. E onde estarão os anjos, demônios, espíritos benignos e malignos, íncubos e súcubos, silfos, salamandras, gnomos e fadas, e tantos outros entes sobrenaturais que desde sempre povoaram a imaginação das pessoas quando elas mergulhavam no universo fascinante da magia e da sua prima pobre, a feitiçaria? Todas essas criaturas existem sim, afirmam os magos. Mas não na forma visual como são habitualmente representadas. Elas são, muito mais, forças, princípios, arquétipos que compõem o intrincado universo da psique humana. Existem certamente dentro de nós. E, possivelmente, existem de algum modo misterioso também no mundo fora de nós. Caso contrário, não teria fundamento a lei mágica das correspondências...
Magia não é, portanto, um conjunto de estranhas cerimônias realizadas atrás de portas fechadas, com objetivos obscuros e geralmente inconfessáveis. Magia é um jeito de conhecer a si mesmo e ao mundo, e de agir eficazmente sobre si mesmo e sobre o mundo. Seja para eliminar verrugas, seja para tirar alguém dos buracos sem fundo das neuroses, seja para adivinhar os caminhos do nosso futuro. Ela é, em última análise, um modo de trabalhar com as “entidades” da nossa psique, de entendê-las e dominá-las, para que elas sejam nossas fiéis servidoras, e não nossas opressivas senhoras. Magia é uma escola que nos ensina a conhecer e a controlar nossas forças e impulsos negativos, e a reverter sua capacidade destrutiva em construtiva; que nos ensina a descobrir nosso potencial criador e a incrementar suas possibilidades até os níveis máximos.
A magia verdadeira é conhecimento que busca o autoconhecimento e a autorrealização. Seu objetivo último é transformar cada um de nós no pequeno deus que todos, potencialmente, somos. E que ele seja um deus sábio, compassivo, criativo, saudável e feliz.

MAGIA DA MEMÓRIA
As realidades do passado permanecem vivas no presente através dos testemunhos que chegaram até nós. É a magia da memória. Esse é o caso dos célebres moais, esculturas da antiga civilização da Ilha de Páscoa, no Pacífico.


Revista Planeta

Galeria de mundos distantes

Galeria de mundos distantes
Desde 1995, já foram descobertos mais de 500 planetas fora do Sistema Solar. Por enquanto, a maioria é composta de gigantes como Júpiter, mais fáceis de captar pelos instrumentos de pesquisa atualmente disponíveis. Mas já surgiram candidatos a abrigar a vida tal como a conhecemos. Confira uma pequena amostra da diversidade de exoplanetas no infinito do cosmos.


Por Eduardo Araia
ESO/L. Calçada
Chance de vida
Localizada na constelação de Libra, a 20,3 anosluz da Terra, a anã vermelha (estrela pequena e relativamente fria) Gliese 581 - à direita, no alto, nesta concepção artística do European Southern Observatory (ESO) - tem pelo menos seis planetas a orbitá-la. A imagem mostra três deles. O menor e mais próximo da estrela, GLIESE 581-c, tem massa apenas 1,9 vez maior que a da Terra, mas a pequena distância do sol o faz conviver com temperaturas altíssimas. Depois dele vem GLIESE 581-b, um gigante gasoso que lembra Netuno, com massa 15 vezes maior que a da Terra. Já o planeta em primeiro plano, GLIESE 581-e, está na zona habitável do sistema e poderia abrigar vida como a conhecemos. Seu raio é 50% maior que o da Terra; a massa, cinco vezes maior. Essa "Super-Terra" teria temperaturas de superfície entre 0°C e 40°C.
ESO/L. Calçada
Muito Rápido
Com diâmetro 1,58 vez maior que o da Terra, o COROT-7b - situado na constelação da Águia, a cerca de 490 anos-luz de distância - está tão perto de sua estrela que gira em torno dela à espantosa velocidade de 750.000 km/h (a Terra orbita a 107.000 km/h). Mas a proximidade também acarreta uma temperatura entre 1.000°C e 1.500°C na superfície. Até a descoberta do Kepler-10b, o COROT-7b era o planeta de menor diâmetro já descoberto.

Nasa/ESA/G. Benedict

Lowell Observatory/J. Hall
O maior
A existência do TRES-4 é um enigma teórico. Esse planeta, localizado a 1.400 anos-luz da Terra, na constelação de Hércules, é 70% maior do que Júpiter, mas tem 25% a menos de massa. Apresenta a densidade mais baixa já registrada entre os planetas - apenas 0,2 grama por centímetro cúbico (a densidade da água é de 1 g/cm3, e a de Júpiter, 1,33 g/cm3), o que o converteria numa espécie de planeta vaporoso. O gigante TRES-4 dá uma volta em torno de sua estrela em apenas 3,55 dias.
Nasa/ESA/G. Bacon
O mais quente
Nenhum mundo encontrado até hoje é tão quente quanto o WASP- 12b, situado na constelação do Cocheiro, a 871 anos-luz da Terra. Esse planeta, com massa 50% maior que a de Júpiter, está a apenas 3,4 milhões de quilômetros da sua estrela, o que explica sua temperatura de 2.200ºC. Seu ano equivale a um único dia terrestre. Estudos recentes mostraram que o WASP-12b está sendo engolido pela estrela, um processo que deve durar mais 10 milhões de anos.
Nasa


Nasa/ESA/A. Schaller
O menor ano
A 22 mil anos-luz da Terra, na constelação de Sagitário, está o planeta que, por enquanto, gira em torno de sua estrela em menos tempo: o SWEEPS-10. Situado a 1,2 milhão de quilômetros - cerca de três vezes a distância entre a Terra e a Lua - de seu sol, ele completa uma órbita em apenas 10 horas. O SWEEPS-10 tem massa pelo menos 1,6 vez maior que a de Júpiter, e sua temperatura ronda 1.650°C. Segundo os astrônomos, planetas de período ultracurto (USPPs) ocorrem apenas ao redor de estrelas anãs.
Nasa/JPL-Caltech/R. Hurt
O mais jovem
Perto dos 4,6 bilhões de anos da Terra, o planeta ainda sem nome que orbita a estrela Coku Tau 4, a 420 anos-luz de distância, na constelação de Touro, é um recém-nascido. Com cerca de 1 milhão de anos, a estrela ainda tem ao seu redor um disco de poeira típico do início da formação de um sistema planetário. Mas o Telescópio Espacial Spitzer detectou um grande "buraco" nesse disco, com 10 vezes a distância entre a Terra e o Sol. A hipótese mais provável é de que um planeta seja o responsável por isso, removendo a poeira na parte interior do sistema (e retendo parte dela na forma de anéis).

Revista Planeta

Eram os deuses geométricos?

Eram os deuses geométricos?
Novos sítios arqueológicos na Amazônia poderão revelar surpresas sobre o passado dos habitantes da América do Sul antes da chegada dos colonizadores. Os cientistas suspeitam que os geoglifos - figuras geométricas esculpidas na terra - descobertos no Acre e em Rondônia podem ter inspiração divina


Por Fabíola Musarra
Foto: Diego Gurgel
O desmatamento no sudeste do Acre já revelou 270 geoglifos indígenas. O tamanho dos aterros sugere que as antigas sociedades amazônicas eram mais numerosas do que se supunha.
Equipes multidisciplinares do Brasil, dos Estados Unidos, da Finlândia e do Reino Unido estão pesquisando na Amazônia o passado dos povos que habitaram a região muito antes da formação da maior floresta do planeta. Baseados em imagens aéreas, os cientistas estudam centenas de geoglifos - imensas figuras circulares, quadradas, retangulares, octogonais ou com outras formas geométricas desenhadas no solo do Acre, de Rondônia, do sul do Amazonas e do norte da Bolívia. A análise dessas colossais estruturas de terra sugere que uma civilização maior e mais desenvolvida do que se supunha já vivia na região antes do Descobrimento do Brasil.
A versão histórica predominante é de que a Amazônia era povoada por pequenas tribos de índios, que viviam em terra firme, em locais distantes dos rios. No entanto, as fotografias aéreas e as imagens de satélite desmistificam essa teoria, pois mostram que os geoglifos foram erguidos tanto em solo firme quanto em terrenos próximos aos rios. A descoberta também coloca em xeque a teoria de que os povos amazônicos viviam em sociedades simples, que nada produziam de perene além de cerâmicas.
O questionamento sobre as "limitações materiais" das culturas amazônicas começou na década de 1990, quando o geógrafo e paleontólogo Alceu Ranzi, ao sobrevoar a região, viu várias dessas estruturas. Ao constatar que estava diante de um fenômeno regional e as vastas construções eram artificiais, batizou-as com o nome de geoglifos, cujo significado quer dizer desenho na terra. Hoje, sabe-se que os geoglifos amazônicos foram erguidos a partir da escavação de um fosso. A terra escavada ia sendo colocada cuidadosamente na parte externa e formava uma mureta. Desse modo, criava-se um desenho geométrico, em alto e baixo relevo.
Trata-se de uma construção engenhosa. Os aterros geométricos desenhados na terra têm de 113 a 200 metros de largura e de 30 centímetros a 5 metros de profundidade. Em 1977, foram vistos pela primeira vez no Acre, quando o arqueólogo Ondemar Dias fez um levantamento deles no âmbito do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica, do qual participaram Ranzi e o arqueólogo Franklin Levy.
Na ocasião, a equipe identificou 8 geoglifos circulares, mas a pesquisa não foi divulgada. Entre 1986 e 1999, Ranzi identificou 24 novas estruturas. A descoberta só foi possível devido ao desmatamento da região nos últimos 40 anos. Até a década de 1970 os grandes projetos agropecuários não haviam invadido a Amazônia Ocidental, a floresta estava intacta e os geoglifos permaneciam escondidos pela copa de árvores, o que impossibilitava a observação.
Em 2000, as pesquisas se intensificaram, assim como os sobrevoos para a obtenção de fotos aéreas visando ao registro. Imagens de satélite e do Google Earth permitiram a localização de novos geoglifos sem a necessidade de usar aviões. Hoje, graças às novas tecnologias, já foram identificadas 270 construções. Contudo, os pesquisadores afirmam que, em razão da dificuldade de se observar a Amazônia via satélite, os geoglifos encontrados podem ser apenas 10% do total existente na região.
Rituais religiosos
Os pesquisadores ainda não sabem qual a finalidade dessas imensas obras dos antigos povos amazônicos. Alguns acreditam que tinham um significado simbólico ou religioso. Outros acham que a remoção da vegetação que realizaram pode ter tido algum tipo de função militar. De qualquer modo, descobrir quais foram as culturas amazônicas responsáveis pela construção dos geoglifos faz parte dos objetivos dos projetos multidisciplinares em andamento.
Outra incógnita é a grandiosidade das estruturas do Acre. Para Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida (EUA), os geoglifos tinham finalidades cerimoniais. Uma das razões de sua monumentalidade seria a comunicação com seres superiores. "Não temos inferências para afirmar que os geoglifos estavam alinhados ou direcionados para algum corpo celeste", diz Denise Pahl Schaan, pesquisadora do CNPq e coordenadora do grupo de pesquisa Geoglifos da Amazônia Ocidental.
"As imensas valetas serviam para circundar um espaço aberto interno que era usado para encontros, rituais religiosos e moradia em alguns casos", prossegue Denise. Segundo ela, os construtores dos geoglifos constituíram as primeiras sociedades sedentárias do Acre. Eles habitaram a região há mais de 2.000 anos e, possivelmente, foram povos agricultores.
Os maiores inimigos dos geoglifos são as plantações de cana, o pisoteio do gado, as máquinas agrícolas, os assentamentos de terra e as estradas.
Co-organizadora do livro Geoglifos - Paisagens da Amazônia Ocidental, Denise lembra que, em 1887, o então governador de Manaus (AM) ordenou ao coronel Antonio Labre subir o Rio Madeira e encontrar uma rota por terra em meio aos entrepostos de produção de borracha no Rio Madre de Diós e algum ponto navegável do Rio Acre. Ao seguir por terra até o Rio Acre, Labre passou por várias vilas da etnia araona (da família linguística tacana).
Na fronteira do Estado, o militar encontrou uma vila povoada por umas 200 pessoas e ficou impressionado com a sua organização social. Ali aprendeu que aqueles povos adoravam deuses de formato geométrico, esculpidos em madeira. As efígies eram mantidas em templos no meio da floresta. O pai dos deuses tinha forma elíptica e chamava-se Epymará. "Labre não descreveu os templos, mas tudo nos leva a cogitar sobre as possíveis funções religiosas dos geoglifos, encontrados não muito longe das antigas aldeias araonas", comenta Denise.
Savana
A ocorrência de geoglifos no Acre também é um forte indicativo de ausência da floresta. Posteriormente, a mata ocupou e recobriu a paisagem cultural dos povos construtores dos aterros. Denise diz que é provável que na região existissem áreas abertas, de savana, mas os cientistas ainda não têm certeza. Por isso, coletaram amostras para realizar análises que deverão esclarecer o assunto. O material está sendo analisado no Reino Unido, na Universidade de Exeter.
Para realizar as pesquisas, os cientistas recorrem ao sensoriamento remoto, técnica que utiliza imagens de satélites, fotografias aéreas e sobrevoos com pequenos aviões, além de um georradar da Universidade Federal do Pará. "A disponibilidade de imagens de satélite tem sido fundamental para os nossos estudos, assim como softwares para cruzamento de dados culturais e geográficos, como o ArcGis. Além das imagens gratuitas do Google Earth, o governo do Acre nos fornece imagens do satélite Formosat", afirma Denise.
Os cientistas também visitam os sítios identificados para tirar medidas, fazer coletas e registros. O estudo contribui para novas interpretações sobre como os antigos amazônidas viviam e como era a sua organização sociopolítica. "Esse conhecimento é fundamental para subsidiar programas de preservação do patrimônio arqueológico da região", explica Denise.
Apesar de sua relevância, os geoglifos estão ameaçados. Seus maiores inimigos são as plantações de cana, o pisoteio do gado, as máquinas agrícolas, os assentamentos de terra e as estradas, que já danificaram muitos deles.
Revista Planeta

Exame em múmia egípcia de 3,5 mil anos revela doença cardíaca

Exame em múmia egípcia de 3,5 mil anos revela doença cardíaca

Múmia da princesa Ahmose-Meryet-Amon (foto: MICHAEL MIYAMOTO/AFP/Getty Images)
Ahmose-Meryet-Amon tinha artérias com acúmulo de gordura no coração
Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e do Egito anunciou que uma princesa do tempo dos faraós, que viveu há 3,5 mil anos, se tornou a mais antiga pessoa já diagnosticada com uma doença no coração.
Os cientistas, das Universidades da Califórnia e de Al-Azhar, do Cairo, realizaram no Egito exames de tomografia computadorizada em 52 múmias para descobrir mais sobre a saúde delas antes de morrer.
Uma das conclusões foi que, se a princesa Ahmose-Meryet-Amon estivesse viva, precisaria passar por uma cirurgia no coração. Os estudiosos encontraram indícios de aterosclerose (acúmulo de placas com gordura nas paredes internas) em artérias coronárias da múmia.
No total, em quase metade das múmias, os cientistas encontraram sinais da doença.
Segundo os pesquisadores, a descoberta de uma múmia tão antiga como a de Ahmose-Meryet-Amon com o problema indica que os males do coração, tão comuns na atualidade, antecedem em muitos séculos o estilo de vida moderno, a quem especialistas associam a proliferação da aterosclerose.
Nobreza
Cientistas examinaram restos de 52 múmias (AP /Dr. Michael Miyamoto)
Os cientistas examinaram os vasos sanguíneos de 52 múmias
A princesa Ahmose-Meryet-Amon era de uma família nobre do Egito antigo. Ela viveu em Tebas, onde atualmente é a cidade de Luxor (sul do Egito), a partir de 1580 a.C. e morreu quando tinha cerca de 40 anos.
"Não havia eletricidade ou gás naquela época, então, presumimos que ela teve um estilo de vida mais ativo", disse Gregory Thomas, da Universidade da Califórnia.
"A dieta dela era significativamente mais saudável do que a nossa. Ela teria se alimentado de frutas e vegetais e os peixes eram abundantes no Nilo naquela época."
"A comida seria orgânica, e não havia gordura trans ou cigarro disponíveis naquela época", acrescentou.
"Mesmo assim, ela tinha estes bloqueios (nas artérias). Isto sugere que existe um fator de risco para doenças cardíacas que não foi detectado, algo que causa (estas doenças), mas ainda não sabemos o bastante a respeito", afirmou Thomas.
Sem patrocínio
Os pesquisadores afirmam que as descobertas não devem desacreditar as dietas e estilo de vida mais saudáveis.
"Algumas pessoas sugeriram que uma rede de lanchonetes está patrocinando nossas expedições ao Egito. Isto não é verdade", afirmou Gregory Thomas.
"Estamos apenas dizendo que nossa princesa egípcia de 3,5 mil anos atrás mostra que doenças cardíacas podem ser parte do que é ser humano."
"Devemos fazer tudo o que pudermos para evitar problemas, mas não há razão para se culpar se você precisa de cirurgia cardíaca."
O trabalho da equipe de pesquisadores está paralisado agora, devido aos confrontos e instabilidade política no Egito. Mas eles esperam fazer mais expedições ao país se o novo governo autorizar.

BBC Brasil

Café pode prevenir depressão em mulheres, diz estudo

Café pode prevenir depressão em mulheres, diz estudo


Modelo bebe xícara de café durante a Milan Fashion Week, em 22 de setembro de 2011
Estudo sobre consumo de café foi feito entre mais de 50 mil mulheres
Uma pesquisa indica que mulheres que bebem duas ou mais xícaras de café por dia são menos propensas a sofrer de depressão.
Ainda que as razões desse efeito não estejam claras, os autores acreditam que a cafeína pode alterar a química do cérebro. O estudo mostrou ainda que café descafeinado não teria o mesmo efeito.
Os resultados da pesquisa foram divulgados na publicação especializada Archives of Internal Medicine e provêm de um estudo realizado entre mais de 50 mil enfermeiras.
Uma equipe de especialistas do Harvard Medical School acompanhou a saúde do grupo de mulheres pesquisado ao longo de uma década, entre 1996 até 2006, e fez uso de questionários para registrar o consumo de café por parte delas.
Entre as pesquisadas, apenas 2.600 deram sinais de depressão ao longo deste período. E, destas, a maior parte consumia pouco café ou não tomava a bebida.
Comparadas com as mulheres que bebiam apenas um copo de café por semana ou até menos, aquelas que consumiam duas a três xícaras por dia tinham 15% a menos de chance de sofrer depressão.
Aquelas que bebiam quatro ou mais xícaras por dia tinham 20% de chance a menos de ter depressão.
Suicídios
A pesquisa mostrou ainda que consumidoras regulares de café estavam mais propensas a fumar, beber álcool e menos envolvidas com atividades da Igreja ou grupos voluntários ou comunitários. Elas também estavam menos propensas a ficar acima do peso e a sofrer pressão alta ou diabetes.
Os cientistas afirmam que a pesquisa contribui para outros estudos que indicam que consumidores de café têm índices de suicídios mais baixos.
Os pesquisadores de Harvard acreditam que a cafeína seja o principal agente nesse processo, já que a substância é conhecida por sua capacidade de realçar sentimentos de bem estar e de energia.
Mas ainda é preciso realizar mais pesquisas para verificar se a substância é útil para prevenir a depressão.
Uma outra possibilidade, dizem os pesquisadores, é que pessoas com propensão à depressão optem por não tomar café porque a bebida possui muita cafeína. Um dos sintomas mais comuns da depressão é perturbação do sono e a cafeína pode exacerbar essa condição, por ser um estimulante.
O excesso de cafeína também é capaz de realçar sensações de ansiedade.

BBC Brasil

escoberta sobre anticorpos pode levar à cura do resfriado

Descoberta sobre anticorpos pode levar à cura do resfriado

Antibióticos só são efetivos no combate a bactérias, não vírus
Hoje, a medicina tem pouco a oferecer a pacientes com resfriado comum.
Cientistas britânicos dizem que uma mudança fundamental no entendimento de como o corpo combate infecções virais pode auxiliar o combate a doenças causadas por vírus - entre elas, o resfriado comum.
Até hoje, especialistas pensavam que os anticorpos produzidos pelo organismo combatiam infecções virais bloqueando ou atacando os vírus fora das células.
No entanto, pesquisadores do Conselho de Pesquisa Médica (MRC, na sigla em inglês), na Grã-Bretanha, concluíram que os anticorpos podem penetrar nas células e lutar contra os vírus uma vez lá dentro.
Antivirais
Segundo um artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, a descoberta pode abrir caminho para a criação de novas drogas antivirais.
Os cientistas do Laboratório de Biologia Molecular do MRC, em Cambridge, Inglaterra, enfatizaram que serão necessários anos de trabalho e de testes para que sejam desenvolvidas novas terapias.
Eles também dizem que essa possível nova estratégia de combate não teria efeito sobre qualquer tipo de vírus.
"Os vírus são os grandes matadores da humanidade em todo o mundo, matam duas vezes mais pessoas por ano do que o câncer", disse à BBC o chefe da equipe, Leo James.
Ele explicou que quando um paciente sofrendo de uma infecção viral, como um resfriado, vai a um médico, não há muito o que o médico possa fazer. Antibióticos só são efetivos no combate a bactérias - não vírus.
"(Essa descoberta) nos dá uma estratégia completamente nova para a criação de novos tipos de antivirais contra uma gama de vírus, como o do resfriado comum e o da gastroenterite", disse o chefe da equipe, Leo James.
"Claro que ainda é muito cedo, não vamos ter uma cura amanhã", ressaltou.
Embora o resfriado comum não tenha cura hoje, seus sintomas costumam desaparecer espontaneamente em até dez dias.
Novo paradigma
Já há algumas drogas antivirais disponíveis para auxiliar o tratamento de certas doenças. Entre elas estão os medicamentos usados por portadores do vírus HIV.
Mas as revelações feitas pela equipe do MRC transformam o pensamento científico anterior a respeito da imunidade do homem contra doenças provocadas por vírus.
O estudo mostrou que os anticorpos podem entrar nas células e, uma vez lá dentro, desencadear uma resposta, auxiliada por uma proteína chamada TRIM21.
Essa proteína empurra o vírus para dentro de um sistema de excreção usado pela célula para se livrar de materiais indesejados.
Os pesquisadores verificaram que esse processo acontece rapidamente, normalmente antes de que a maioria dos vírus tenha oportunidade de prejudicar a célula.
Eles também descobriram que aumentar a quantidade de proteína TRIM21 nas células torna o processo ainda mais efetivo, o que aponta o caminho para a criação de drogas antivirais melhores.
O vice-diretor do Laboratório de Biologia Molecular do MRC, Greg Winter, disse: "Essa pesquisa não representa um avanço apenas na nossa compreensão de como e onde os anticorpos atuam, mas também no entendimento geral da imunidade e das infecções".

BBC Brasil

Estimular cérebro com eletricidade acelera aprendizado, diz estudo

Estimular cérebro com eletricidade acelera aprendizado, diz estudo


Ressonância magnética do cérebro. Foto: Corbis Royalty Free
Cientistas esperam que descoberta seja usada em terapias pós-derrame (Foto: Corbis Royalty Free)
Estimular eletricamente o cérebro pode ajudar a aumentar a velocidade do aprendizado, segundo especialistas britânicos.
Eles dizem que aplicar uma corrente elétrica de baixa intensidade em uma parte específica do cérebro pode aumentar sua atividade, tornando o aprendizado mais fácil.
Os pesquisadores, da University of Oxford, na Inglatarra, estudaram cérebros de pacientes que sofreram derrames e de adultos saudáveis.
Os resultados da pesquisa foram apresentados durante o British Science Festival, na cidade inglesa de Bradford.
A equipe, liderada pela professora Heidi Johansen-Berg, usou uma tecnologia conhecida como ressonância magnética funcional para monitorar a atividade nos cérebros de pacientes que sofreram derrames enquanto tentavam recuperar sua capacidade motora, perdida como resultado da doença.
Uma das principais revelações do estudo foi a de que o cérebro é muito flexível e pode se reestruturar, desenvolvendo novas conexões e alocando tarefas para áreas diferentes quando ocorre algum problema ou quando uma tarefa nova é realizada.
Como parte do estudo, os especialistas também investigaram a possibilidade de usar estimulação elétrica não invasiva do cérebro para melhorar o processo de recuperação da capacidade motora.
Melhorias a curto prazo já haviam sido constatadas em pacientes que tinham sofrido derrames.
Mas um resultado inesperado foi verificado quando os mesmos estímulos foram feitos nos cérebros de adultos saudáveis: a velocidade de aprendizado desses indivíduos também aumentou consideravelmente.
Aumento de atividade
Para observar esse efeito, a equipe criou um experimento em que voluntários memorizavam uma sequência de botões para apertar, "como se aprendessem a tocar uma melodia no piano".
Enquanto faziam isso, recebiam, por meio de dois eletrodos colocados em pontos específicos de suas cabeças, estímulos por corrente transcraniana.
Uma corrente de intensidade muito pequena foi passada entre os eletrodos formando um arco que passava dentro do cérebro e, dependendo da direção da corrente, ela aumentava ou diminuía a atividade naquela parte do cérebro.
Johansen-Berg explicou que "um aumento na atividade das células do cérebro as torna mais suscetíveis ao tipo de mudança que ocorre durante o aprendizado".
Os resultados do experimento que envolvia apertar os botões em sequência demonstraram os efeitos positivos, em termos do aprendizado, de apenas dez minutos de estímulos ao cérebro, em comparação a um experimento "placebo" no qual não houve estímulo elétrico.
"Os estímulos não melhoraram o desempenho máximo do participante, mas a velocidade com a qual ele alcançava seu ponto de desempenho máximo foi aumentada significativamente", disse Johansen-Berg.
Direcionar o estímulo à área do cérebro que controla a atividade motora permite que tarefas envolvendo movimentos sejam aprendidas mais rápido, e os pesquisadores acreditam que a técnica possa ser usada para auxiliar o treinamento de atletas.
Os experimentos demonstram explicitamente que estimular o córtex motor do cérebro pode aumentar a velocidade do aprendizado de funções motoras.
Os pesquisadores dizem ter esperanças de que o mesmo método possa ser aplicado a outras partes do cérebro para melhorar o aprendizado na educação, simplesmente posicionando-se os eletrodos em locais diferentes de forma que a corrente possa ser direcionada à área correta.
Em função da relativa simplicidade, baixo custo (cerca de US$ 3 mil por unidade) e portabilidade da tecnologia, a equipe acha possível que - após mais pesquisas - aparelhos sejam criados especificamente para uso em casa.
No futuro, Johansen-Berg e sua equipe pretendem investigar as possibilidades de se aumentar o efeito da técnica por meio de estímulos diários durante períodos de algumas semanas ou meses.
No tratamento de pacientes que sofreram derrames, a técnica poderia ser usada em associação com tratamentos atuais de fisioterapia para melhorar o quadro geral de a recuperação dos pacientes, que tende a variar bastante.

BBC Brasil

Refrigerantes podem aumentar pressão arterial, diz estudo

Refrigerantes podem aumentar pressão arterial, diz estudo

BBC
Beber mais de 355 ml diários de refrigerante desregularia a pressão
O consumo de refrigerantes e outras bebidas com grande quantidade de açúcar traz risco de aumento da pressão arterial, segundo afirma um estudo realizado por especialistas americanos e britânicos.
A pesquisa, feita com 2,5 mil pessoas e publicada na revista científica Hypertension, afirma que beber mais de 355 ml diários de bebidas com gás ou sucos de fruta contendo açúcar é o suficiente para desequilibrar a pressão.
Embora o motivo exato desta relação entre pressão e refrigerantes ainda não seja clara, os cientistas acreditam que o excesso de açúcar no sangue prejudica o tônus das veias sanguíneas e desequilibra os níveis de sal no organismo.
Na pesquisa, os participantes - todos americanos e britânicos, com idades entre 40 e 59 anos - anotaram o que haviam comido nas 24 horas anteriores e fizeram um exame de urina, além de terem medida a sua pressão arterial.
De acordo com a pesquisa, para cada lata de bebida com açúcar consumida por dia, os participantes tinham em média uma alta de 1,6mmHg (milímetro de mercúrio) em sua pressão sistólica (quando o coração se contrai e bombeia sangue no corpo).
Já a pressão diastólica - quando o coração relaxa e recebe o sangue do sistema circulatório - teve um acréscimo de 0,8mmHg para cada lata de refrigerante ou suco contendo açúcar bebido por dia.
Os cientistas descobriram que o consumo de açúcar era maior entre aqueles que tomavam mais de uma bebida açucarada por dia.
Além disto, segundo o estudo, os indivíduos que consumiam mais de uma dose diária de refrigerantes e bebidas açucaradas ingeriam em torno de 397 calorias a mais por dia do que as pessoas que bebiam produtos sem açúcar.
A entidade American Heart Association, sediada nos Estados Unidos, recomenda que não se consuma mais do que três latas de refrigerante de 355ml por semana.
Os cientistas também verificaram que, em geral, as pessoas que consumiam muitas bebidas açucaradas tinham dietas menos saudáveis e tinham uma tendência maior para o sobrepeso.
No entanto, segundo o estudo, a ligação entre refrigerantes e o aumento da pressão foi verificada nas pessoas entrevistadas independentemente destes fatores.
Sal e açúcar
No estudo, a relação entre bebidas açucaradas e pressão alta foi muito evidente em pessoas que consomem grandes quantidades tanto de sal quanto de açúcar. Médicos afirmam que o excesso de sal na dieta contribui para o aumento da pressão arterial.
"É amplamente sabido que, se você tiver muito sal em sua dieta, você terá mais chance de ter pressão alta", diz o cientista responsável pelo estudo, Paul Elliott, da Escola de Saúde Pública do Imperial College (Londres).

A pressão alta é o maior fator de risco para doenças cardiovasculares. Médicos estimam que uma pessoa com uma pressão de 135mmHg por 85mmHg tem duas vezes mais chance de ter um enfarte ou um derrame cerebral do que alguém com 114mmHg por 75mmHg.
A entidade British Heart Foundation, com sede no Reino Unido, afirma que mais estudos são necessários para entender melhor a relação entre pressão arterial e açúcar.
A nutricionista-chefe da fundação, Victoria Taylor, diz que evitar o consumo em excesso de bebidas açucaradas é o melhor caminho para impedir a obesidade, outro fator de risco para doenças cardíacas.

BBC Brasil

Fumaça de carro pode levar a ataque cardíaco, diz estudo

Fumaça de carro pode levar a ataque cardíaco, diz estudo


Fumaça de escapamento de carro (SPL)
Risco aumenta cerca de seis horas depois de exposição
Pesquisadores britânicos afirmam que respirar a fumaça expelidas por carros e outros veículos pode levar a um ataque cardíaco.
O risco de um ataque do coração é maior no período de cerca de seis horas depois que a pessoa é exposta à fumaça, para em seguida diminuir, segundo os cientistas.
"Este estudo em larga escala mostra de forma conclusiva que o risco de se ter um ataque do coração aumenta temporariamente, (sendo) em níveis mais altos (de risco) cerca de seis horas depois de se respirar a fumaça de veículos", afirmou o professor Jeremy Pearson, diretor-médico da British Heart Foundation, que ajudou a financiar o estudo que teve participação da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
"Sabemos que a poluição pode causar problemas para a saúde do coração, possivelmente porque 'engrossa' o sangue e aumenta a possibilidade de coágulos."
O estudo, publicado na revista especializada British Medical Journal, afirma que a poluição provavelmente acelera o ataque cardíaco ao invés de causar diretamente o ataque.
Mas, segundo os pesquisadores, a exposição repetida à poluição faz mal à saúde, diminuindo de forma significativa a expectativa de vida.
"Nosso conselho aos pacientes ainda é o mesmo, se você foi diagnosticado com problemas cardíacos, tente evitar passar períodos mais longos em áreas onde há maior possibilidade de níveis altos de poluição ou perto de ruas movimentadas", acrescentou Pearson.
Pacientes
A pesquisa britânica examinou os registros médicos de quase 80 mil pacientes que tinham sofrido ataques cardíacos na Inglaterra e País de Gales. Os cientistas então cruzaram estes dados com as informações sobre poluição do ar.
Isto permitiu que os pesquisadores comparassem os níveis de poluição do ar com os sintomas de ataque do coração para tentar encontrar alguma ligação.
Os dados comparados indicavam que os níveis mais altos de poluição do ar estavam relacionados com o início de um ataque cardíaco seis horas depois da exposição à fumaça. Depois deste prazo, o risco caiu novamente.
Krishnan Bhaskaran, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que liderou a pesquisa, afirmou que as descobertas sugerem que a poluição não é um dos fatores que mais contribuem para a ocorrência de ataques cardíacos.
O pesquisador cita como exemplo o fato de que ser exposto a níveis médios de poluição, ao invés de níveis baixos, aumenta o risco de um ataque cardíaco em 5%, de acordo com seus cálculos.
"Estes eventos cardíacos teriam acontecido de qualquer jeito", afirmou.
No entanto, Bhaskaran afirmou que as descobertas não mudam o fato de que a exposição crônica à poluição do ar é prejudicial à saúde.
"Dietas pesadas, fumo etc, representam um risco muito maior para ataques cardíacos, mas a poluição vinda dos carros é a cobertura do bolo", disse Jeremy Pearson, da British Heart Foundation

BBC Brasil