sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Cientistas confirmam que elementos do DNA vieram do espaço

 
Pela primeira vez desde que iniciaram as pesquisas com meteoritos, cientistas estadunidenses encontraram pistas bastante significativas de que alguns dos elementos que formam o DNA têm realmente origem extraterrestre. A descoberta ajuda a sustentar a teoria de que o "kit" para a criação da vida da Terra veio pronto do espaço e foi aqui entregue por colisões da Terra com cometas e meteoritos.

Os componentes do DNA são encontrados em meteoritos desde 1960, mas essa é a primeira vez que a origem do material foi confirmada como de origem externa e isenta de possíveis contaminações por elementos da vida terrestre. O estudo foi publicado por pesquisadores da agência espacial americana, NASA, na edição desta semana da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
De acordo com o paper (trabalho científico), os componentes adenina, guanina, hipoxantina e xantina foram e encontradas em 12 amostras de meteoritos pesquisados e três fatores levaram os cientistas a acreditar que os elementos não são de origem terrestre.
Evidências

O primeiro fator foi a detecção de traços de três moléculas relacionadas às moléculas de nucleotídeos: purina, 2,6 diaminopurina, e 6,8 diaminopurina, compostos análogos aos nucleotídeos. Segundo o estudo, as duas últimas são raramente usadas em processos biológicos, portanto não originadas por contaminação terrestre.
A segunda evidência surgiu após a comparação do solo próximo ao local onde foi encontrado o meteorito de Murchison, na Austrália e um bloco de gelo de oito quilos recolhido na Antártida, na mesma região onde foi coletado outro meteorito. Utilizando os mesmos métodos de análise os pesquisadores não detectaram na amostra do gelo polar qualquer evidência dos compostos análogos aos nucleotídeos e apenas taxas muito mais baixas de hipoxantina e xantina.
A terceira e última evidência da procedência extraterrestre desses elementos foi a descoberta de que tanto os nucleotídeos biológicos como os não-biológicos foram formados em uma reação química inteiramente não-biológica, que os cientistas conseguiram reproduzir em laboratório.

Outros estudos
O meteorito de Murchison caiu na Austrália em 28 de setembro de 1969 e sua idade estimada é de 4.65 bilhões de anos, talvez mais antigo o próprio Sistema Solar.

meteorito de Murchison


Um estudo publicado na revista Earth and Planetary Science Letters em 2008 confirmou que análises feitas no meteorito indicavam a presença de xantina e uracila, duas substâncias necessárias para a formação de DNA e RNA, moléculas essenciais para formação da vida na Terra. O estudo também mostrava que os átomos de carbono encontrados no meteorito de Murchison eram de um tipo raro na Terra, o que praticamente garantia que as moléculas encontradas haviam se formado no espaço.
"Na Terra, todas as reações químicas envolvendo carbono usam uma forma leve do elemento, o carbono 12 (C-12), mas as reações químicas que ocorrem no espaço envolvendo carbono usam uma forma mais pesada, o C-13", explicou na ocasião a cientista portuguesa Zita Martins, ligada ao Imperial College, de Londres, principal autora do estudo.
"Quando analisamos moléculas orgânicas presentes em meteoritos, podemos saber se são de fato extraterrestres ou simples contaminação terrestre. Estes resultados demonstram que compostos orgânicos, que são componentes do código genético na bioquímica moderna, já estavam presentes nos primórdios do sistema solar e podem ter desempenhado um papel muito importante na origem da vida", disse a pesquisadora.

Foto: No topo, meteorito de Murchison, com idade estimada de 4.69 bilhões de anos. No detalhe, fragmento do meteorito é analisado em laboratório. Crédito: Wikimedia Commons/Apolo11.com

Imagem de satélite mostra formação de icebergs após tsunami

Ondas percorreram mais de 13 mil km pelo Oceano Pacífico até a Antártida.
Fotos foram captadas pelo satélite europeu Envisat.

Imagem distribuída nesta terça-feira (9) pela Agência Espacial Europeia mostra a formação de icebergs na geleira Sulzberger, na Antártida, após o tsunami que atingiu o Japão em março. A foto da esquerda é de 12 de março e a da direita, de 16 de março. As imagens foram geradas por um time da agência espacial americana (Nasa) a partir de sinais de radar. O maior dos icebergs mede 6,5 km por 9,5 km e tem em torno de 80 metros. As ondas gigantes do tsunami percorreram mais de 13 mil km pelo Oceano Pacífico para chegarem à Antártida. Quando chegaram ao continente austral, tinham apenas 30 centímetros de altura, mas foi o suficiente para quebrar a geleira.  (Foto: ESA/Reuters)Imagem distribuída nesta terça-feira (9) pela Agência Espacial Europeia mostra a formação de icebergs na geleira Sulzberger, na Antártida, após o tsunami que atingiu o Japão em 11 março. A foto da esquerda é de 12 de março e a da direita, de 16 de março. As fotos foram geradas por um time da agência espacial americana (Nasa) a partir de sinais de radar do satélite europeu Envisat. O maior dos icebergs mede 6,5 km por 9,5 km e tem em torno de 80 metros de altura. As ondas gigantes do tsunami percorreram mais de 13 mil km pelo Oceano Pacífico para chegar à Antártida. Quando chegaram ao continente austral, tinham apenas 30 centímetros de altura, mas foi o suficiente para quebrar a geleira. (Foto: ESA/Reuters)


Maior campo de refugiados do mundo faz 20 anos em crise humanitária

Construído em 1991 para abrigar 90 mil pessoas, Dadaab tem hoje 380 mil.
G1 visitou campo no Quênia, atualmente em emergência por superlotação.



Há 20 anos, a rotina se repete: eles chegam sem nada além da roupa do corpo, exaustos das caminhadas de semanas, às vezes meses, famintos em busca de abrigo. Os portões de Dadaab, o maior campo de refugiados do mundo, no Quênia, nunca se fecham - e o complexo, projetado para abrigar 90 mil moradores, está lotado. Nos últimos meses, superlotado: a pior seca no Chifre da África em 60 anos está levando diariamente ao menos 800 pessoas a bater nas portas de Dadaab. O G1 esteve no campo entre os dias 1º e 3 de agosto e mostra numa série de reportagens a estrutura, o dia a dia e as dificuldades de quem vive de forma permanente numa casa temporária.
Passar pela porta de entrada do complexo é uma vitória. Quem conseguiu chegar aqui sobreviveu à saída de sua terra natal, a dias de caminhada sob um calor de 40ºC, passou por estupradores e animais selvagens, enfrentou a fome e a sede. Os recém-chegados são cadastrados, avaliados por um médico e recebem uma cesta básica suficiente para até 21 dias – podendo ser renovada. Depois, a dificuldade é achar um teto: desde 2008, quando o campo foi declarado lotado, não há mais distribuição oficial de barracas. Cada um faz uma casa com o que encontra, de gravetos a sacos plásticos.
saiba mais
Dadaab foi construído em 1991, quando estourou a guerra civil na vizinha Somália, após a queda do ditador Mohamed Siad Barre. A Organização das Nações Unidas (ONU), com a aprovação do governo do Quênia, montou na região fronteiriça (onde já viviam quenianos de origem somali) um complexo de três campos: Ifo, Dagahaley e Hagadera – cada um capaz de abrigar até 30 mil pessoas. A previsão era de que o campo servisse de acampamento temporário para aqueles que fugiam, e que eles pudessem voltar para suas casas assim que o conflito terminasse. Mas, 20 anos depois, nada mudou.
"A solução é providenciar a paz na Somália, e o Quênia sozinho não consegue a paz na Somália! Então precisamos ter estratégias deliberadas e comprometidas sobre como levar esse assunto para a ONU, talvez até para o Conselho de Segurança. Porque o número de pessoas é muito grande. Não sei por quanto tempo podemos tomar conta dessas pessoas", explica o encarregado do Departamento de Assuntos de Refugiados do governo queniano, Badu Katelo.
As dificuldades para alimentar e ajudar os somalis na própria Somália são muitas. Desde 1991, o país está dividido por comandos tribais que lutam pelo poder. O principal deles é o al-Shabaab, que quer impor um regime islâmico no país. Ligado à rede al-Qaeda, o grupo controla a parte sul da Somália, onde, por sua proibição, nenhuma agência humanitária trabalha.
As entidades que coordenam o campo recebem ajuda do mundo todo. Para esta crise atual, por exemplo, um apelo internacional foi feito em julho, e até o dia 3 de agosto, ao menos US$ 24 milhões foram arrecadados de países europeus, dos EUA e do setor privado.
Depósito de pessoasMas ainda falta muita coisa em Dadaab: esgoto, água encanada, pavimentação, luz, dignidade e reconhecimento. O governo queniano não dá cidadania aos refugiados e eles não podem deixar o campo sem permissão – dada, em 2010, para apenas 2% dos moradores.
"O primeiro motivo para Dadaab ter se tornado o maior campo do mundo é que o conflito na Somália dura duas décadas", explica o professor Dulo Nyaoro, do Departamento de Estudos para Refugiados da Universidade Moi, no Quênia. "Mas há também o fato de que um campo só pode ser temporário se a comunidade internacional procurar soluções duradouras para o problema somali. [...] É uma enorme população cuja vida foi 'suspensa'. Eles não podem tomar decisões para si mesmos, não podem usar suas habilidades e nem participar na economia de seus países de origem", diz o professor.
Arte Dadaab (Foto: Arte/G1)
O drama do hospedeiro
O governo queniano teme que Dadaab vire um assentamento permanente e pressiona para que a ajuda seja levada diretamente para a Somália. No ano passado, o Quênia suspendeu a construção de uma extensão de um dos campos (Ifo 2), "por motivos de segurança". Em julho deste ano, com a atual crise, se viu pressionado e aceitou abrir o novo terreno, para onde estão sendo realocados nos últimos dias 30 mil refugiados.

O primeiro-ministro do Quênia, Raila Odinga, disse que a resposta do governo para a seca tem sido a melhor dos últimos cinco anos e pediu que a entrada de refugiados fosse monitorada para evitar infiltrados do al-Shabaab. "Estamos pagando mais do que contribuindo para essa crise. Por isso, estamos pedindo à comunidade internacional para vir e ajudar", disse ele na penúltima semana em seu discurso no Parlamento.

Conheça a rotina e a estrutura de Dadaab:
1º passo: a chegada
Quem chega no campo tem, primeiramente, as impressões digitais cadastradas na tenda da Acnur – a agência da ONU para refugiados. Logo depois, eles passam por uma avaliação médica na barraca da organização Médicos Sem Fronteiras. As crianças são vacinadas, pesadas e medidas. De acordo com o nível de desnutrição, elas podem ser internadas direto dali. Se o caso não for grave, as famílias recebem orientação para o acompanhamento em um dos postos do campo.

A última etapa é a cesta básica suficiente para 21 dias, distribuída de acordo com o número de pessoas da família. Por cada membro se recebe:
- 4,4kg de farinha
- 4,4kg de farinha de milho
- 1,2kg de feijão
- 600g de óleo
- 100g de sal
- 420g de açúcar
- 945g de uma mistura fortificada de milho e soja

Portão de entrada do campo de Dagahaley (Foto: Giovana Sanchez/G1)Portão de entrada do campo de Dagahaley (Foto: Giovana Sanchez/G1)
Dependendo da época, há ainda doação de utensílios de cozinha e cobertor. A partir daí, cabe ao recém-chegado buscar um lugar para se instalar. As tendas são geralmente feitas com gravetos e cobertas com panos e pedaços de sacolas plásticas – ou o que mais se encontrar pelo caminho.
O cadastro inicial permite a retirada de comida, mas não garante o registro oficial no campo. Ao ter as digitais fixadas no sistema, o refugiado ganha uma senha com uma nova data para comparecer ao centro de registro, no campo de Ifo. A espera para o registro pode levar até dois meses. Enquanto isso, segundo as agências humanitárias responsáveis pela doação, é possível pegar mais cestas básicas.
Onde pegar comida
Uma vez registrado oficialmente como refugiado de Dadaab, é possível conseguir comida duas vezes por mês nos postos de distribuição, espalhados pelos campos. Há também pontos de entrega de água, mas tudo ainda é pouco segundo os padrões de segurança alimentar. De acordo com os Médicos Sem Fronteiras, o volume recomendável de uso de água por dia por pessoa é 20 litros. O número em Dadaab é entre três e quatro.

Além de doada, a comida pode também ser comprada – há muita gente vendendo em frente aos centros de distribuição. Não é proibido vender o que se ganha de ajuda. Até porque, é preciso ter como se locomover, o que vestir etc.
Escola
Há escolas primárias em todos os campos, mas não há vagas suficientes para todos completarem o segundo grau. Não existem universidades em Dadaab, embora em alguns casos raros alguns jovens consigam bolsas e permissão para estudar em Nairóbi, capital do Quênia, ou em outro país. "Mas não há o que fazer com o diploma", diz o refugiado Moulid Iftin, de 23 anos. De fato, eles não podem, por lei, trabalhar, e mesmo que pudessem, não há cargos compatíveis com o diploma universitário no campo. Ainda assim, o sonho de muitos jovens é completar o estudo.

Menina somali lê o Alcorão em escola islâmica de Ifo (Foto: Thomas Mukoya/Reuters)Menina somali lê o Alcorão em escola islâmica de Ifo (Foto: Thomas Mukoya/Reuters)
Trabalho
Já que não são reconhecidos como cidadãos, os refugiados não têm direito legal de trabalhar. Mas isso é facilmente burlado, já que em 20 anos uma economia foi criada em Dadaab. O comércio é a principal fonte de renda de quem vive ali. E há de tudo nos mercados: de itens básicos como comida e roupa até perfumes, cinema e brinquedos.

Para funções mais elaboradas, como a de costureiro - exercida só por homens em Dadaab -, há uma capacitação oferecida por ONGs que atuam no campo.
Segurança
A segurança de Dadaab é feita pela polícia queniana. A ONU contrata uma empresa de particular para cuidar do entorno de suas sedes e escritórios. Há toque de recolher para os funcionários das agências humanitárias: não é recomendável sair depois das 18h e antes das 7h. Para jornalistas, transporte só em comboio policial, ou com escolta armada por causa do perigo de sequestro.

De janeiro a junho deste ano, 358 incidentes de violência de gênero foram reportados em Dadaab. Quase cinco vezes mais do que o mesmo período de 2010.
Transporte
Carros e vans fazem o transporte entre os campos para os refugiados por US$1 no trajeto mais curto e US$ 2 no mais longo. A maioria dos refugiados, no entanto, caminha.
tópicos:
Giovana Sanchez Do G1, em Dadaab

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Motivo do fracasso no regime está nos neurônios

 

Cientistas descobriram que células do cérebro quando em privação de alimento canibalizam umas às outras, liberando o sinal de fome





Foto: Getty Images Ampliar
Emagrecimento: Sinal de fome é dado após neurônios comerem gordura de outros neurônios
Cientistas descobriram o motivo que explica o fato de ser tão difícil emagrecer e ele está todo no cérebro. Em testes feitos em ratos, os pesquisadores perceberam que a privação de alimento induz um processo nos neurônios chamada de autofagia – as células do hipotálamo comem as reservas de gordura de outras células. O processo representa um sinal de alerta da fome. A sensação de fome é justamente a maior dificuldade durante uma dieta, o bloqueio deste sinal evitaria a necessidade do indivíduo ter de se controlar para não comer.
Como resolução dos problemas dos regimes malsucedidos, os pesquisadores da Escola de Medicina Albert Einstein, em Nova York, conseguiram bloquear a autofagia e por consequência o alerta de fome. Com isto, eles descobriram também uma nova maneira de modular o apetite e o peso corporal em abrir caminho para, no futuro, desenvolver um novo remédio para o emagrecimento.

Para bloquear o canibalismo entre os neurônios, os pesquisadores descobriram o gene responsável pelo processo de autofagia, o atg7 e o retiraram. “No entanto isto foi feito apenas de forma experimental. Por enquanto, só está disponível neste momento agentes farmacológicos experimentais que podem ser usados para inibir ou ativar o processo de autofagia nas células de roedores”, disse ao
iG Rajat Singh, autor do estudo publicado no periódico científico Cell.

O pesquisador joga um banho de água fria nos ávidos pelo emagrecimento mais fácil. Ele afirma que ainda vai demorar alguns anos para que o novo remédio seja fabricado. Mas a expectativa é que estudos futuros consigam desenvolver novas drogas que possam ser usadas por humanos. “Nossas descobertas ainda precisam ser testadas em humanos, o que é a nossa meta de longo prazo”, disse.
Canibalismo de neurônio
A autofagia é um processo comum em diversas células do corpo de animais e humanos. O grupo de pesquisadores começou inclusive a pesquisa estudando a autofagia como forma de diminuir o estoque lipídico em órgãos como o fígado.“ E aí ficamos interessados em testar isto em neurônios do hipotálamo”, disse.
Sigh explica que a perda nos estoques de gordura ocorrem de maneira muito sutil. “Elas ocorrem apenas em momentos breves quando os ratos estão famintos. Quando o alimento é ingerido o estoque de gordura cresce rapidamente nos neurônios”, disse Sight, explicando que a perda de gordura não afetou os neurônios dos ratos. Nos testes, também não foi observado nenhum efeito neurológico negativo nos animais quando a autofagia foi bloqueada nos neurônios.

A descoberta de como controlar o sistema de alerta de fome tem outro lado além daquele de facilitar o regime, como reduzir as taxas de obesidade e de diabetes pelo sobrepeso. Sigh conta que também será possível ajudar idosos que têm redução de apetite. 
Maria Fernanda Ziegler, iG São Paulo | 02/08/2011 13:29


Cientistas criam animal com informação artificial no DNA

 

Código genético de verme foi estendido para criar moléculas biológicas que não são conhecidas noBBC Brasil | 11/08/2011 17:16


Foto: Jason Chin/Sebastian Greiss/JACS
Depois de modificação no   código genético, verme brilha quando colocado sob luz ultravioleta
Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, criaram o que alegam ser o primeiro animal com informação artificial em seu código genético.
A técnica, segundo os cientistas, pode dar aos biólogos "controle átomo por átomo" das moléculas em organismos vivos.

O trabalho da equipe de pesquisadores usou vermes nematoides e foi publicado na revista especializada
Journal of the American Chemical Society.
Os vermes, da espécie Caenorhabditis elegans, têm um milímetro de comprimento, com apenas mil células formando seu corpo transparente.
Segundo o estudo, o que torna o animal único é que seu código genético foi estendido para criar moléculas biológicas que não são conhecidas no mundo natural. 
Genes são as unidades hereditárias dos organismos vivos que os permitem construir o seu mecanismo biológico – as moléculas de proteína – a partir de “blocos de construção” mais simples, os aminoácidos. 
Nos organismos naturais vivos, são encontrados apenas 20 aminoácidos, unidos em diferentes combinações para formar as dezenas de milhares de proteínas diferentes necessárias para manter a vida.
Mas os pesquisadores Jason Chin e Sebastian Greiss fizeram um trabalho de reengenharia da máquina biológica do verme para incluir um 21º aminoácido, não encontrado na natureza.
Proteína
Jason Chin, do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade de Cambridge, afirma que a técnica tem um potencial transformador, pois proteínas poderão ser criadas sob controle total dos pesquisadores.
Mario de Bono, especialista em vermes Caenorhabditis elegans e que também trabalha no Laboratório de Biologia Molecular, afirma que este novo método poderá ser aplicado em uma ampla variedade de animais.
No entanto, até o momento, esta é apenas uma prova de um princípio. A proteína artificial que é produzida em cada célula do minúsculo corpo do verme contém um corante fluorescente que brilha em uma cor de cereja quando colocada sob a luz ultravioleta. Se o truque genético tivesse fracassado, não haveria o brilho.
Chin afirma que qualquer aminoácido artificial poderia ser escolhido para produzir novas propriedades específicas, e De Bono sugere que esta abordagem agora pode ser usada para introduzir em organismos proteínas criadas que podem ser controladas pela luz.
Os dois pesquisadores agora planejam colaborar em um estudo detalhado de células neurais no cérebro do nematoide, com o objetivo de ativar ou desativar neurônios isolados de forma precisa e com minúsculos flashes de laser.
BBC Brasil | 11/08/2011 17:16

terça-feira, 26 de julho de 2011

Os chifres sempre foram representações da luz, da sabedoria e do conhecimento entre os povos antigos.


O Diabo não é tão feio quanto se pinta – I






O Pan (pão) Nosso de Cada Dia – A Grande Dádiva de Deus

Durante todo o texto, tentarei fazer uma análise comparativa do Deus Pan em todas as civilizações, como suas lendas, mitos, histórias infantis e as diversas palavras que surgiram do nome dele, tais como pânico, panacéia, panteísmo entre tantas outras. O Deus Pan é muitas vezes chamado de Fauno, Sylvanus, Lupercus, o Diabo (no Tarô). Seu lado feminino é a Fauna; é Exú (na Umbanda), o Orixá fálico; Capricórnio (na Astrologia); Dionísius (deus do vinho); Baco (dos famosos bacanais). Muitas vezes é comparado aos deuses caçadores; ou ainda, a Tupã (Pajé, Caboclo).
O deus Pan é uma antiqüíssima divindade grega, cultuada originalmente na região da Arcádia (uma área rural muito importante na antiguidade, pois foi o local onde muitas das Escolas de Hermetismo se reuniam). Pan é o guarda dos rebanhos que, tem por missão fazer multiplicar. Deus dos bosques e dos pastos, protetor dos pastores, veio ao mundo com chifres, orelhas e pernas de bode. Pan é filho de Mercúrio.
A explicação para a alegoria de um deus misto (bode+humano) ser filho de Mercúrio é muito simples: era bastante natural que o mensageiro dos deuses, sempre considerado intermediário, estabelecesse a transição entre os deuses de forma humana e os anteriores, de forma animal. Parece, contudo, que o nascimento de Pan provocou certa emoção em sua mãe, que ficou assustadíssima com tão esquisita conformação. De acordo com Hesíodo, quando Mercúrio apresentou o filho aos demais deuses, todo o Olimpo desatou a rir.
“Mercúrio chegou à Arcádia, que era fecunda em rebanhos. Ali se estende o campo sagrado de Cilene; nesses páramos, ele, deus poderoso, guardou as alvas orelhas de um simples mortal, pois concebera o mais vivo desejo de se unir a uma bela ninfa, filha de Dríops. Realizou-se enfim o doce himeneu. A jovem ninfa deu à luz o filho de Mercúrio, menino esquisito, de pés de bode e testa armada de dois chifres. Ao vê-lo, a nutriz abandona-o e foge. Espantam-na aquele olhar terrível e aquela barba tão espessa. Mas o benévolo Mercúrio, recebendo-o imediatamente, colocou-o no colo, rejubilante. Chega assim à morada dos imortais, ocultando cuidadosamente o filho na pele aveludada de uma lebre. Depois, apresenta-lhes o menino. Todos os imortais se alegram, sobretudo Baco, e dão-lhe o nome de Pan, visto que para todos constituiu objeto de diversão.”
As ninfas zombavam incessantemente do pobre Pan, por causa do seu rosto repulsivo, e o infeliz deus, ao que se diz, tomou a decisão de nunca amar. Mas Cupido é cruel, e afirma uma tradição que Pan, desejando um dia lutar corpo a corpo com ele, foi vencido e abatido diante das ninfas que riam.
Existem diversas lendas associadas a Pan. Uma delas diz respeito à flauta que sempre o acompanhava. Esta história diz o seguinte: Certa vez, Pan se apaixonou pela ninfa Sirinx, mas não foi correspondido. Sendo assim, Sirinx vivia fugindo do deus metade homem metade bode, até que se escondeu dele em um lago e se afogou. No lugar da sua morte, nasceram hastes de junco que Pan cortou e transformou em uma flauta de sete tubos, a qual se tornou um atributo dele. Sirinx, então, imortalizava-se.
Pan também era o deus da fertilidade, da sexualidade masculina desenfreada e do desejo carnal. Como o nome do deus significava “tudo”, no mais amplo sentido da natureza: a fertilidade. Para os alquimistas e para os estudiosos da filosofia, Pan passou a ser considerado um símbolo do Universo e a personificação da Natureza; e, mais recentemente, representante de todos os deuses.
Celebrar a Pan é celebrar a natureza, a sexualidade de maneira primal, a bebida, o prazer e a boa música. Suas festas eram marcadas por cantos, danças, vinhos e ritos de magia sexual envolvendo fertilidade e prosperidade, dedicadas às plantações, colheitas e rebanhos.

Faunos


Fauno
Os romanos tinham um panteão de deuses que foi, em sua maioria, “herdado” da cultura grega. Portanto, quase todos os deuses romanos possuem seus correspondentes gregos.
Sylvanus e Faunus eram divindades latinas cujas características são muito parecidas com as de Pan, que nós podemos considerá-las como o mesmo personagem com nomes diferentes.
Entre os romanos, faunos eram deidades de florestas selvagens com pequenos chifres, pernas de cabra e um pequeno rabo. Eles acompanhavam o deus Faunus, eram alegres, habilidosos, e viviam sempre cantando e se divertindo. Faunos são análogos aos sátiros gregos.
Faunos é o deus da natureza selvagem e da fertilidade, também considerado o doador dos oráculos. Como o protetor dos rebanhos, ele também é chamado Lupercus (”aquele que protege dos lobos”).
Uma tradição particular conta que Faunus era o rei de Latium, o filho de Picus e neto do deus Saturno. Depois de sua morte, ele foi divinizado como Fatuus, e surgiu um culto pequeno em torno da sua pessoa, na floresta sagrada de Tibur (Tivoli). Em 15 de fevereiro (a data de fundação do templo), seu festival, o Lupercalia, era célebre. Sacerdotes(chamados Luperci) vestiam peles de cabra e caminhavam pelas ruas de Roma batendo nos espectadores com cintos feitos de pele de cabra. Outro festival dedicado à sua homenagem era o Faunalia, realizado próximo das épocas de colheita, para invocar seus atributos de prosperidade.
Sua contraparte feminina é a Fauna, a deusa das florestas. Ao contrário de Pan, que possuía os atributos da virilidade associados ao bode, Fauna era a senhora das matas e de todas as plantas. Suas seguidoras eram as Ninfas e as Dríades (que curiosamente possuem a mesma origem etmológica da palavra Druida – significando “aqueles que conhecem as árvores” ).

Levando chifres


Moisés
Para os católicos (e posteriormente os evangélicos), os chifres passaram a representar o Demônio, o cordeiro ou cabrito, que era sacrificado em redenção do pecado. Mas os chifres sempre foram sinais de algo Divino. Na Babilônia, o grau de importância dos deuses era identificado pelo número de chifres atribuídos a eles. Moisés fora representado plasticamente com chifres na testa (na famosíssima estátua de Michelangelo), bem como o próprio Alexandre, o Grande, encomendara uma pintura do seu retrato, mostrando-se com chifres de carneiro na testa.
Os antigos judeus conheciam esse simbolismo, recebido das mitologias circunvizinhas. Se’irim geralmente pode ser traduzido por bode. Habitam os lugares altos, os desertos, as ruínas… No Gênesis, lemos que os filhos de Jacó degolaram um bode para com seu sangue manchar a túnica de José (Gn. 37:31).
O termo vulgar “bode” é designado pela mesma palavra que se emprega em outras partes para designar um sátiro. A palavra hebraica sa’ir significa propriamente “o peludo” e se aplica tanto ao bode como a qualquer outro sátiro, elemental ou divindade inferior, na mentalidade popular.
O termo “levar chifres” como pejorativo veio mais tarde, por conta dos romanos. As rainhas guerreiras celtas possuíam haréns de homens responsáveis por lhe dar prazer enquanto o rei estivesse em batalhas (de maneira análoga aos haréns tão comuns de mulheres). isto, para os romanos (e, posteriormente para os católicos), era um absurdo. Na sua visão machista, os reis celtas que permitiam estes concubinos eram “menos homens” que os guerreiros romanos e começaram a espalhar a associação entre o “portar chifres” (lembrem-se do que já falamos sobre a simbologia dos chifres de alce e os reis europeus) e o “sua mulher dormiu com outro homem”.
Um desdobramento interessante que falarei no futuro é a história de Gwenhwyfar, uma destas rainhas, que deu origem posteriormente à personagem chamada Guinevere, esposa do rei Arthur. Gwenhwyfar possuía concubinos enquanto o rei estava em batalhas e, mais tarde, na cristianização destes mitos, o concubino de Guinevere se torna seu “amante” (e, posteriormente, nas mãos do Francês Chrétien de Troyes, este amante do rei Inglês se torna o cavaleiro francês Lancelot… é… a história do Rei Arthue que vocês conhecem é uma salada de frutas histórica composta de várias lendas empilhadas, mas isso é tema para outra coluna outro dia)

Para os Celtas, o Deus Cornífero


Cernunnus
O Deus Cornífero é representado por um ser com cabeça humana, chifres e pernas de cabra ou cervo. Ele é o guardião das entradas e do círculo mágico que é traçado para se começar o ritual. É o deus pagão dos bosques, o rei do carvalho e senhor das matas. É o deus que morre e sempre renasce (o Senhor das Estações do ano). Seus ciclos de morte e vida representam nossa própria existência.
Os chifres e a capa vermelha representavam o rito de iniciação (eu falei sobre isso nas colunas anteriores), tanto que estão presentes até os dias de hoje na figura alegórica da Coroa e da Capa Vermelha dos Reis europeus.
Mas por que essa imagem diabólica tão horripilante? O chifre apresentava conotação sagrada, como um sinal “divino”, desde dez mil anos a.C., no período Neolítico (thanks TH13), representando também fertilidade e vitalidade. Acreditava-se que os chifres recebiam poderes especiais vindos das estrelas e dos céus (a simbologia da cauda formada pelos cometas). Basta observar as histórias da Cornucópia, que eram chifres das quais brotavam frutas, verduras e vegetais suficientes para alimentar a todos, em um sinal de fartura e prosperidade.
Existem várias versões do Deus Cornífero, como o Deus Cernunnos (versão celta e galo-romana). Na religião pagã Wicca, criada por Gerald Gardner, acredita-se que o Deus Cornífero seja o guardião das entradas e do círculo dos ritos. Segundo a Wicca, o Deus Cornífero nasceu da grande Deusa, divindade suprema para os wiccanianos, representada por várias faces. Uma das versões do Deus Cornífero é a que o considera protetor dos pastores e dos rebanhos. Uma versão do Deus Osíris – considerado pelos egípcios o deus da agricultura e da vida para além da morte. Ver posts antigos onde eu relaciono Osíris com o “Green man”.
Em algumas cavernas da França, foram encontradas pinturas do período Paleolítico, com homens fantasiados de veado, representando o Deus Cernunnos. Muitas vezes, ele era representado em imagens, acompanhado de uma serpente, e em tempos mais modernos, com uma bolsa cheia de moedas.
Geralmente, ele é representado sentado e de pernas cruzadas, talvez assumindo a posição de um xamã (vamos falar mais sobre xamanismo e suas relações com os druidas nas próximas colunas). Considerado também o deus da caça e da floresta, hoje é um deus ou ser divino quase esquecido, lembrado apenas nas religiões pagãs.
Podemos perceber claramente que nenhum destes deuses nunca foi relacionado a um ser “infernal”. Mas nos dias atuais, em que imaginamos o Diabo ou um ser infernal, o que nos vem à mente é uma imagem demoníaca, maléfica, um ser com chifres e pernas de cabra. Existiu conspiração religiosa na deturpação da imagem do Deus Cernunnos? Teriam criado essa farsa apenas para acabar com as antigas religiões? A resposta parece óbvia.

Exu – O Orixá Fálico


Exú
Exu também tem os seguintes epítetos ou atributos: Exu Lonan, o Senhor dos Caminhos; Exu Osije-Ebo, o Mensageiro Divino; Exu Bará, o Senhor (do movimento) do Corpo; Exu Odara, Senhor da Felicidade; Exu Eleru, o Senhor da Obrigação Ritual; Exu Yangi, o Senhor da Laterita Vermelha; Exu Elegbara, o Senhor do Poder da Transmutação; Exu Agba, aquele que é o ancestral; Exu Inã, o Senhor do Fogo.
Exu é o Orixá que rege o jogo de Búzios, uma modalidade divinatória. Diz um mito que Exu é o único Orixá que tinha esse poder, mas decidiu compartilhá-lo com Ifá em troca de receber as oferendas e pedidos antes de qualquer outro Orixá.
Assim como Hermes, Exú é o mensageiro dos deuses, seu poder é o de receber e transportar os pedidos e oferendas dos seres humanos ao Orum, o Mundo dos Deuses. É o Senhor dos Caminhos, das encruzilhadas, das trocas comerciais e de todo tipo de comunicação. Ele representa também a fertilidade da vida, os poderes sexual, reprodutivo e gerativo. Não podemos nos esquecer de que o sexo, diferentemente do que os católicos e evangélicos dizem (uma coisa de luxúria, de pecado), é na verdade um ATO SAGRADO. Talvez por isso, por ele ser o poder sexual, os cristãos o comparem com o Demônio.
A origem do mito de associação de Exú com o Diabo vem dos Jesuítas. Quando os escravos estavam fazendo o sincretismo de suas religiões africanas com os Santos Católicos, os Jesuítas desconfiaram que havia alguma coisa errada… nas religiões africanas, não existe a figura do diabo, apenas de deuses com características humanas. Então eles encontraram um símbolo fálico representando o exú e tiveram a “brilhante idéia” de associar o pênis ereto com o sexo (pecado) com o diabo para completar o panteão católico.
Adicione dois séculos de deturpação católica e (posteriormente) evangélica e temos a imagem do exú como ela é nos dias de hoje. Sem falar que normalmente a figura do Senhor Exu é colocada com chifres, rabo, pintado de vermelho, imagem bem parecida com a que os cristãos “desenham” o Diabo… Então, o Exu verdadeiro das religiões africanas nada tem em comum com o diabo lúdico, e as esquisitas estátuas comercializadas e utilizadas arbitrariamente em terreiros são frutos da imaginação de visionários que não enxergam nada além das manifestações dos baixos sentimentos em formas deprimentes, nos seres que lhes são afins. Laroiê, Senhor Exu! (”Ninguém tira a saúde e a riqueza”).

Diabo e Ayin – Caminho 26


Ayin
Quando pergunto a qualquer pessoa se Deus é onipresente, onisciente e onipotente, e elas normalmente respondem que sim, concluo com a seguinte pergunta: Então, quem é o Diabo?
Elas ficam sem resposta… Ora, esse Demônio, tão difundido pelas religiões judaico-cristãs, não existe. O conceito de bem ou mal é relativo, está intrinsecamente ligado ao ser humano, dentro de cada um de nós e não fora.
O Diabo só existe dentro de nossos corações frágeis e reina naqueles que não dominam suas emoções e navegam conforme a maré dos acontecimentos, sem rumo certo. Na Kabbalah, o Diabo é o caminho que leva de Hod (a Razão) a Tiferet (a Iluminação). É o caminho da esquerda, o entendimento de que para atingirmos a iluminação devemos encarar nossos erros e medos de frente e nos tornarmos responsáveis por tudo aquilo que fazemos, de maneira fria. O arcano do tarot representa nossas paixões, vontades verdadeiras e intrínsecas, removidas de falsidade ou falsas hipocrisias. Talvez por isso seja tão temida entre os leigos que mexem com o tarot, que o associaram à “maldade”. Seu signo associado é Capricórnio, o signo da tradicionalidade, da severidade, das linhas corretas.

Tupan

Tupã ou Tupan (que na língua tupi significa “trovão”) é uma entidade da mitologia tupi-guarani.
Os indígenas rezam a Nhanderuvuçu e a seu mensageiro Tupã, que não era exatamente um deus, mas sim uma manifestação de um deus. Tupã não era “deus” como os jesuítas quiseram fazer com suas “brilhantes idéias” para catequizar à força os índios, mas sim um Mensageiro dos Deuses, ou seja, possuía as mesmas características de Hermes e Exú.
Câmara Cascudo afirma que Tupã “é um trabalho de adaptação da catequese”. Na verdade, o conceito “Tupã” já existia, não como divindade, mas como conotativo para o som do trovão (Tu-pá, Tu-pã ou Tu-pana, golpe/baque estrondeante); portanto, não passava de um efeito, cuja causa o índio desconhecia e, por isso mesmo, temia. Osvaldo Orico é da opinião de que os indígenas tinham noção da existência de uma Força, de um Deus superior a todos. Assim ele diz: “A despeito da singela idéia religiosa que os caracterizava, tinha noção de Ente Supremo, cuja voz se fazia ouvir nas tempestades – Tupã-cinunga, ou “o trovão”, cujo reflexo luminoso era Tupãberaba, ou “relâmpago”. Os índios acreditavam ser o deus da criação, o deus da luz. Sua morada seria o Sol.

Pandora


Pandora
Na mitologia grega, Pandora (”bem-dotada”) foi a primeira mulher, criada por Zeus como punição aos homens pela ousadia do titã Prometeu em roubar dos céus o segredo do fogo.
“Caixa de Pandora” é uma expressão utilizada para designar qualquer coisa que incita a curiosidade, mas que é preferível não tocar (como quando se diz que “a curiosidade matou o gato”). Tem origem no mito grego da primeira mulher, Pandora, que por ordem dos deuses abriu um recipiente (há polêmica quanto à natureza deste, talvez uma panela, um jarro, um vaso, ou uma caixa tal como um baú…) onde se encontravam todos os males que desde então se abateram sobre a humanidade, ficando apenas aquele que destruiria a esperança no fundo do recipiente. Existem algumas semelhanças com a história judaico-cristã de Adão (Adan) e Eva em que a mulher é, também, responsável pela desgraça do gênero humano.
Desde que Zeus (Júpiter) e seus irmãos (a geração dos deuses olímpicos) começaram a disputar o poder com a geração dos Titãs, Prometeu era visto como inimigo, e seus amigos mortais eram tidos como ameaça.
Sendo assim, para castigar os mortais, Zeus privou o homem do fogo; simbolicamente, da luz na alma, da inteligência… Prometeu, “amigo dos homens”, roubou uma centelha do fogo celeste e a trouxe à terra, reanimando os homens. Ao descobrir o roubo, Zeus decidiu punir tanto o ladrão quanto os beneficiados. Prometeu foi acorrentado a uma coluna e uma águia devorava seu fígado durante o dia, o qual voltava a crescer à noite.
Para castigar o homem, Zeus ordenou a Hefesto (Vulcano) que modelasse uma mulher semelhante às deusas imortais e que tivesse vários dons. Atena (Minerva) ensinou-lhe a arte da tecelagem, Afrodite (Vênus) deu-lha a beleza e o desejo indomável, Hermes (Mercúrio) encheu-lhe o coração de artimanhas, imprudência, ardis, fingimento e cinismo, as Graças embelezaram-na com lindíssimos colares de ouro… Zeus enviou Pandora como presente a Epimeteu, o qual, esquecendo-se da recomendação de Prometeu, seu irmão, de que nunca recebesse um presente de Zeus, o aceitou. Quando Pandora, por curiosidade, abriu uma caixa que trouxera do Olimpo, como presente de casamento ao marido, dela fugiram todas as calamidades e desgraças que até hoje atormentam os homens. Pandora ainda tentou fechar a caixa, mas era tarde demais: ela estava vazia, com a exceção da “esperança”, que permaneceu presa junto à borda da caixa.
Outra lenda grega diz que Pandora é a deusa da ressurreição. Por não nascer como a divindade, é conhecida como uma semideusa. Pandora era uma humana ligada a Hades. Sua ambição em se tornar a deusa do Olimpo e esposa de Zeus fez com que ela abrisse a ânfora divina. Zeus, para castigá-la, tirou a sua vida. Hades, com interesse nas ambições de Pandora, procurou as Pacas (dominadoras do tempo) e pediu para que o tempo voltasse. Sem a permissão de Zeus, elas não puderam fazer nada. Hades convenceu o irmão a ressuscitar Pandora. Graças aos argumentos do irmão, Zeus a ressuscitou dando a divindade que ela sempre desejava. Assim, Pandora se tornou a deusa da ressurreição. Para um espírito ressuscitar, Pandora entrega-lhe uma tarefa; se o espírito cumprir, ele é ressuscitado. Pandora, com ódio de Zeus por ele tê-la tornado uma deusa sem importância, entrega aos espíritos somente tarefas impossíveis. Desse modo, nenhum espírito conseguiu nem conseguirá ressuscitar.

Peter Pan

O menino mágico que voa sem medo de envelhecer, mas não quer crescer. Peter Pan leva-nos aos gnomos e fadas comuns em histórias européias antigas. Esses “arquétipos”, como Jung deveria dizer, têm reaparecido na “mente coletiva” com grande freqüência, ou seja, Peter, visto pela ótica mítica do deus Pan, deus dos bosques, representa a natureza selvagem que habita dentro de cada um de nós.
Peter Pan toca sua flauta com nostalgia no filme de Hogan. Sem tristeza, porém. Afinal, ele só pode ter pensamentos felizes, pois só assim se pode voar.
Terra do Nunca, fadas, imaginação… fica de lição de casa para os sedentários assistir novamente ao desenho animado do Tio Disney.

Finalizando…

Os chifres sempre foram representações da luz, da sabedoria e do conhecimento entre os povos antigos. Portanto, como podemos perceber, desde tempos imemoráveis os chifres foram considerados símbolos de realeza, divindade, fartura, e não símbolos do mal como muitos associaram e ainda associam. O chifre sempre simbolizou a força de um animal, ou o poder de uma pessoa ou nação.
Podemos dizer, então, que o Deus, a Grande Mãe e o Deus Cornífero representam juntos as forças vitais do Universo Cornífero. É o mais alto símbolo de realeza, prosperidade, divindade, luz sabedoria e fartura. É o poder que fertiliza todas as coisas existentes na Terra.
Já as patas de bode sempre representaram o contato com a terra, a virilidade, a prosperidade e a fertilidade, próprias de quem trabalha no campo e não tem medo de galgar as montanhas do espírito em direção ao seu topo.
Pan representa a Árvore da vida, a liberdade do ser humano de desfrutar a natureza em paz e harmonia, de manter o contato com a divindade e a liberdade de pensamento. pan representa o sexo como fonte de prazer para o homem e a mulher, bem como uma maneira de se chegar ao estado divino sem a necessidade de “pedágios”.
E por esta razão, foi tão necessário para a Igreja transformá-lo no “adversário” e, através de séculos de terror e mentiras que ela mesma criava (e cria até hoje) para seus fiéis, estamos hoje com uma imagem totalmente deturpada da natureza e de seus deuses antigos.

Material retirado de Blog estrangeiro

Project Mayhen

domingo, 17 de julho de 2011

Crise de alimentos fará do Brasil 'celeiro do mundo', avaliam especialistas

 

Segundo eles, país é o mais preparado para suprir demanda mundial.
Situação precária da infra-estrutura ainda limita expansão do agronegócio.
Laura Naime e Marcelo Cabral Do G1, em São Paulo
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Foto: José Luiz da Conceição/Agência Estado
Colheita de trigo no Brasil: país ainda depende das importações do produto para abastecer seu mercado (Foto: José Luiz da Conceição/Ag. Estado)
A crise alimentícia que tem trazido preocupação ao mundo mostra-se uma boa oportunidade para o crescimento do agronegócio brasileiro.

Segundo especialistas em economia agrária ouvidos pelo G1, o país é uma das nações mais preparadas para suprir a atual escassez de alimentos – ganhando mercados e lucros para seus agricultores no processo.

“Somos o principal beneficiário dessa conjuntura”, afirma Marcos Fava Neves, professor de estratégia do curso de Administração da USP.


“Hoje, já somos líderes mundiais na produção de diversos produtos agrícolas, como carne bovina, suco de laranja e soja. Amanhã, o Brasil poderá ser o celeiro do mundo, a solução do problema da inflação dos alimentos”, proclama.

"Estamos vindo de uma safra muito boa, rentável ao produtor, com muito investimento em tecnologia. Isso implica aumento de produtividade e dá uma boa perspectiva", confirma Ana Laura Menegatti, analista da consultoria MB Agro.




  Safra recorde
A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que, neste ano, a safra atinja um recorde de 142,03 milhões de toneladas de grãos colhidos. Esse volume representa um crescimento de mais de 120% em apenas dez anos – a safra 1997/1998 foi de 76,558 milhões de toneladas de grãos.

Ainda assim, as perspectivas são de forte incremento da produção. O país tem cerca de 400 milhões de hectares de terras aráveis. Desse espaço, apenas cerca de 60 milhões de hectares são hoje destinados à agricultura.


"Entre os grandes produtores, o Brasil é o que tem mais área potencialmente arável. Pode crescer tanto por incorporação dessas áreas, onde o país tem vantagem, como por aumento de produtividade. O Brasil pode se destacar em agricultura", diz Ana Laura.


Arte G1  
A lista mostra os dez países com maior quantidade de terra arável no mundo.
Segundo Fava Neves, o potencial de crescimento da agricultura brasileira é amplo. “Temos 120 milhões de hectares que podem ser incorporados à produção agrícola sem qualquer dano ambiental. Temos também um clima muito favorável para a agricultura e água abundante – um recurso cada vez mais escasso no mundo hoje”, lista.

Além disso, também há o interesse dos investidores externos pelo Brasil. “Somos hoje o mercado para o qual os investidores mais olham. Temos uma quantidade enorme de investidores que querem colocar dinheiro na nossa agricultura”, diz o professor da USP.


Segundo ele, cerca de 4 milhões de hectares dos campos agrícolas brasileiros já são de propriedade de grupos estrangeiros.

  Tecnologia
Nos últimos dez anos, a área plantada no Brasil cresceu pouco menos de 35%. Nesse período, a produtividade cresceu de 2.187 quilos por hectare, na safra de 1997/1998, para uma previsão 3.026 dez anos depois – uma mostra do aumento do uso da tecnologia nas culturas.

Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil
Embarque de soja em Rondônia: segundo analistas, Brasil pode se tornar o celeiro do mundo. (Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil)
"O agronegócio vem passando por intenso processo de profissionalização, que é intimamente ligado à melhoria de produtividade", diz a analista da MB Agro. A tecnologia usada nas lavouras de soja, por exemplo, é considerada de ponta, permitindo produtividade tão boa quanto a norte-americana.

“Temos espaço, clima e tecnologia. Acredito que, se fizermos todo o trabalho certo, poderemos dobrar nossa produção agrícola e triplicar as exportações do agronégócio (hoje na casa de US$ 50 bilhões anuais) no período de cinco a oito anos”, prevê Fava Neves.


  Substituição de pastagens
Os especialistas entendem que a melhor perspectiva de crescimento para o agronegócio brasileiro está na substituição de pastagens pela lavoura. A área destinada a pastagens é três vezes a utilizada pela agricultura. "Nossa pecuária é extensiva. Se for intensificada, libera mais áreas para plantio de grãos, sem redução de nenhum dos dois produtos", diz Ana Laura.


Uma parte considerável dessas pastagens hoje se encontra em processo de degradação, por falta de manejo adequado, sem capacidade de produzir forragem suficiente para suportar uma quantidade razoável de animais.

"Podemos introduzir algumas tecnologias que permitam recuperação dessas áreas, e seria possível produzir mais bovinos em área menor, destinando uma parte dessa área para produção de grãos, alimentos", diz Kepler Euclides Filho, engenheiro agrônomo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

"A gente sabe que tem área que está sendo usada abaixo do seu potencial produtivo. Então, nosso crescimento não implica necessariamente plantar onde não pode, mas fazer um melhor aproveitamento dos recursos já disponíveis", concorda Ana Laura.


  Produção e consumo
A preocupação dos organismos internacionais, no entanto, é que esse crescimento não seja suficiente. Em 2006, puxada pela melhora das condições de vida nos países em desenvolvimento – especialmente China e Índia -, a demanda mundial dos principais grãos ultrapassou a produção.

Foto: Zhao Yingquan/Xinhua/AE
Agricultor em plantação de arroz na China: país é o maior produtor mundial do grão. (Foto: Zhao Yingquan/Xinhua/AE)
O caso mais emblemático é o do milho. O consumo mundial de quase 722 milhões de toneladas do produto no ano superou as 689 milhões de toneladas produzidas – e reduziu os estoques globais em cerca de 27%. O fato de cerca de 30% da produção americana de milho ter sido desviada para a fabricação de etanol também teria pesado nessa conta, de acordo com os especialistas. O mundo também produziu menos soja, arroz e trigo do que foi consumido.

E o mercado interno brasileiro, pode ser afetado por essa inflação mundial? Dificilmente, segundo Fava Neves. “Nossa produção ainda é muito superior à demanda nacional”, afirma. No entanto, ele ressalva que a situação pode ser diferente para alguns produtos nos quais o Brasil é dependente do mercado externo – em especial o trigo, commoditie na qual o país é um dos maiores importadores do mundo.


  Obstáculos
Para conseguir alcançar esse cenário positivo, no entanto, é preciso que o país supere uma série de barreiras.

“É preciso romper as travas administrativas e ideológicas do governo para que dinheiro de fora entre logo aqui, para resolver nossos problemas de logística e infra-estrutura”, diz Fava Neves.

Segundo ele, o principal problema nacional seria o “péssimo” estado em que se encontram portos e estradas. Essa degradação causaria a perda de uma fração considerável da produção ao longo do caminho até os consumidores, sejam do Brasil ou do exterior.

"A infra-estrutura, sem dúvida, ainda é um grande gargalo que tem que ser resolvido no futuro próximo se a gente deseja ser o celeiro do mundo", concorda Ana Laura, da MB Agro. "Tem regiões no Mato Grosso, por exemplo, onde por causa do custo ainda não compensa produzir", relata.


Os altos preços dos insumos agrícolas também freiam a expansão da produção. O Brasil ainda importa cerca de 80% dos fertilizantes que usa – e os preços vêm batendo recordes mês após mês. “Se aumentar muito nossa produção, pode faltar fertilizante”, adverte o professor da USP.



Brasil: celeiro do mundo

 

O Brasil vai puxar a produção agrícola na próxima década e se firmará como o grande celeiro do mundo


Repórter: Agroceres PIC


Entrevistado: Alexandre Mendonça de Barros

Economista e engenheiro agrônomo

Relatório publicado pela Agência para Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), na semana passada, veio confirmar o que para muitos já era esperado: o Brasil vai puxar a produção agrícola na próxima década e se firmará como o grande celeiro do mundo.
Para Mendonça de Barros, as perspectivas do relatório da FAO e OCDE estão corretas, mas o quanto o Brasil poderá aproveitar essas oportunidades vai depender de sua capacidade em resolver problemas internos, como o de infraestutura, por exemplo. "O Brasil é um dos únicos países capazes de aumentar significativamente sua produção agropecuária. Mas para atender a demanda mundial, investimentos em infraestrutura se tornam urgentes", pondera.
Alexandre Mendonça de Barros é um dos palestrantes do 9º Seminário Internacional Agroceres de Suinocultura, que acontece de 4 a 6 de agosto em Porto de Galinhas (PE). Na entrevista a seguir, o economista fala sobre o aumento da demanda mundial por alimentos, faz projeções para o abastecimento e preços do milho e soja em curto e médio prazo, comenta a crise que castigou o setor suinícola norte-americano e explica porque 2010 será um bom ano para a suinocultura brasileira. Confira.
A crise na Europa trouxe novas incertezas à economia mundial. Quais os reflexos que essa crise pode trazer para a economia brasileira?
Alexandre Mendonça de Barros - Havia um crescente otimismo em relação à recuperação da economia mundial nos últimos meses e o surgimento dessa crise na Europa tratou de diminuí-lo. Quanto aos riscos uma coisa certa: a Europa vai crescer muito lentamente nos próximos anos. A grande pergunta é se ela contamina o resto do mundo. Ou seja, se a crise dos países europeus contamina o sistema financeiro europeu, que, por sua vez, contaminaria o resto do mundo. Essa é uma possibilidade que não pode ser descartada, mas que acredito, é pouco provável. Há pouca probabilidade de uma crise financeira na Europa. Até por que as lideranças europeias tardiamente, mas finalmente, perceberam a dimensão do problema e tomaram medidas efetivas.
A crise europeia tem gerado impactos nas cotações internacionais das commodities agrícolas?
Mendonça de Barros - Até aqui, muito pouco. Alguma coisa aconteceu nos grãos, mas o reflexo foi muito modesto. À medida que o dólar se valoriza, há uma tendência de as commodities perderem um pouco de valor. Toda vez que a crise se acentua todo mundo corre para o dólar, ele se valoriza e as commodities perdem um pouco de força. Isso aconteceu assim que a crise europeia se manifestou. Mas com o anúncio das medidas para conter a crise os mercados se acalmaram e os preços das commodities se sustentaram. Outro dado importante é que estamos vivendo um momento de recuperação da demanda nos EUA e na América Latina. E na Ásia a demanda se mantém firme. Fundamentalmente, só a Europa está desconectada desse processo.
Que influência a combinação de boa oferta mundial e estoques confortáveis de grãos terá sobre preços do milho e da soja?
Mendonça de Barros - No caso do milho é preciso separar o mercado interno do externo. No mercado internacional, de fato, há uma safra grande, que tende a se repetir nos EUA neste ano. Mesmo considerando as condições climáticas adversas desta semana nos EUA - tem chovido muito e o mercado está especulando com o clima -, acredito num ciclo de abastecimento muito bom. É importante perceber que embora os preços do milho e soja tenham caído bastante, a safra brasileira e argentina deste ano foi muito boa. O ganho de produtividade compensou a queda dos preços. Em alguns casos totalmente, dependendo da região. Nosso agricultor está relativamente capitalizado. Ele perdeu em preço, mas ganhou em volume. Ao mesmo tempo, a demanda tem se mostrado muito firme, se recuperando nos EUA e mantendo-se forte na Ásia. Esse quadro de demanda tende a sustentar os preços.
Acredito que vamos plantar uma área de soja neste ano até maior do que a do ano passado, em detrimento da área de milho. O plantio americano foi muito forte, tanto de milho quanto de soja, na China também, então devemos repetir em 2011 um ciclo de área plantada muito semelhante, senão crescente. O problema chama-se clima. Tudo indica que teremos o La Niña no próximo ano. Esse fenômeno climático no hemisfério Sul implica, em geral, numa safra menor. Portanto, dificilmente vamos repetir as produtividades recordes que tivemos neste ano.
O relatório anual Perspectivas Agrícolas 2010-2019 elaborado pela FAO e OCDE, afirma que o Brasil terá o mais rápido crescimento da produção agrícola no mundo nos próximos dez anos. Que avaliação o senhor faz dessas perspectivas?
Mendonça de Barros - As perspectivas estão corretas. O Brasil é um dos poucos países que tem área para crescer. A demanda existirá, o ganho de produtividade vai continuar acontecendo no mundo inteiro, mas ele não dará conta de atender essa demanda mais robusta, reflexo de um crescimento econômico mundial mais forte. Então caberá ao Brasil ocupar esse espaço e nós vamos ocupá-lo.
Agora, precisaremos de infraestrutura. Como vamos escoar essa safra, por exemplo? É importante estarmos atentos às restrições logísticas brasileiras. Caso contrário, essas restrições vão começar a impactar os preços dos alimentos no mundo. O motivo é simples: se não dermos conta de atender essa demanda crescente, os preços subirão. Num quadro em que vamos exportar mais para atender a demanda internacional, investimentos em infraestrutura tornam-se urgentes.
Após um período de rentabilidade negativa, a suinocultura brasileira vive um período de recuperação. Que perspectivas o senhor vislumbra para o setor em 2010?
Mendonça de Barros - As perspectivas são boas. O Brasil tem um bom potencial de consumo interno e de exportação. O preço dos insumos vão se manter em patamares relativamente bons para os suinocultores. Isso significa que os custos de produção seguirão relativamente baixos. O mercado interno brasileiro está aquecido. Estamos mais próximos da China, e da Ásia como um todo, e podemos, eventualmente, ter um espaço maior no mercado internacional. Isso ajudaria tremendamente o setor suinícola brasileiro. Os custos estão contidos e preços internacionais bem melhores que os do ano passado. Parece que 2010, de fato, é um ano de recuperação.
O setor suinícola norte-americano viveu nos últimos anos a maior crise de sua história. Apesar do mau momento, a suinocultura nos EUA encolheu apenas 3% entre 2008 e 2010 e o setor continua muito competitivo. Que lições o Brasil pode tirar desse episódio?
Mendonça de Barros - O governo norte-americano socorreu os suinocultores num momento de crise extraordinariamente aguda para o setor. Essa ajuda evitou um ajuste de oferta muito grande. Os cinco primeiros meses de 2010 mostram que a estratégia foi acertada. Hoje há nos EUA um quadro de recuperação de preços, que é reflexo da retomada da demanda. E a estrutura de produção suinícola, por sua vez, estava lá para responder o reaquecimento da demanda proveniente do crescimento econômico. A lição que podemos tirar é que em momentos de crise muito aguda faz sentido econômico dar suporte ao produtor. Isso é uma questão de política pública que me parece relevante e que precisa ser acionado em momentos emergenciais.
Na opinião do senhor, quais os impactos que o movimento de concentração no setor de carnes vai trazer para o mercado e, em particular, para os produtores?
Mendonça de Barros - A concentração tem um ponto muito favorável, que é tornar as empresas brasileiras globais. E a formação de empresas globais pode facilitar o acesso da carne brasileira no mercado externo. Isso é algo muito positivo e que pode mudar o tamanho da suinocultura brasileira. O lado negativo é que toda concentração gera desconfiança de que o produtor pode perder margem. Isto é, que o ganho desses mercados beneficie mais as empresas em detrimento do produtor. Pessoalmente, acredito que esse ganho será repassado ao produtor, seja em volume ou em preço. De maneira geral, acredito que a formação desses players globais vai favorecer a participação brasileira no mercado internacional de carnes.
Todos esses assuntos que discutimos aqui, como a avaliação da economia internacional e brasileira e as perspectivas para os mercados de grãos e proteína animal, vou abordar em detalhes em minha apresentação no Seminário da Agroceres.

Portal do Agronegócio.com

sábado, 16 de julho de 2011

 A Chave da Longevidade

 

A Atividade Física Pode Retardar o Envelhecimento BiológicoA fisiologia ensina que os organismos "vivem num estado biológico estacionário", ou seja, apesar de todos os processos bioquímicos que ocorrem constantemente, os seres, para continuarem vivos, têm que manter uma determinada ordem interna. A desarrumação, assim, não é compatível com a vida. Para um observador é como se nada mudasse além dos cabelos brancos, a perda de algumas funções, o aumento de algumas cartilagens como o nariz e as orelhas, a perda memória, mas na verdade nesta reconstituição algumas perdas sempre ocorrem.
A isto se chama de entropia e a morte seria o momento no qual o ser vivo perde totalmente a possibilidade de se reorganizar. A chave da longevidade estaria na preservação do DNA e a perda de alguns dos seus pedaços soltos, ao longo da vida, poderia ser a explicação para o envelhecimento precoce de algumas pessoas. A ciência entende a velhice como a perda progressiva de funções metabólicas e psicológicas. O processo seria regulado pelos telômeros, como são denominadas as porções terminais dos cromossomas.
Os Telômeros
telomerosA função de preservação do DNA seriam feitas pelos telômeros que funcionam como um envoltório que ajuda a manter o cromossoma intacto. Cada vez que a célula se divide, os telômeros são ligeiramente encurtados.
Com o tempo, os telômeros ficam tão curtos que eliminam genes indispensáveis à sobrevivência da célula ou silenciam genes próximos.
Por isso, o organismo tende a morrer em curto prazo tempo, já que as células param de se proliferar.
A Atividade Física
Hoje, sabemos que a falta da atividade física está relacionada a várias doenças. Na nossa retrospectiva de assuntos mais importantes, mencionamos, para a surpresa de alguns dos nossos leitores, a importância dos exercícios físicos como um fato marcante do ano de 2007. Pois bem, não foi preciso demorar muito e no número de  29 de janeiro último, foi publicado nos Archives of Internal Medicine um interessante trabalho relacionando o encurtamento dos telômeros e a atividade física.
As pesquisas foram realizadas pelo Dr. Lynn Cherkas, do King’s College London que estudou telômeros de leucócitos, mostrando que eles são mais curtos em pessoas sedentárias do que nas ativas. Ele estudou o tamanho dos telômeros de 2400 gêmeos, com idades de 18 a 81 anos, 167 monozigóticos, 917 dizigóticos e 237 gêmeos não pareados. Os irmãos mais ativos chegaram a ter até 200 nucleotídeos a mais do que os inativos.

O autor declarou que estas diferenças podem significar que os inativos podem ser até 10 anos mais velhos biologicamente do que os mais ativos. O Dr. Jack Guralnik, do National Institute on Aging, pediu que estes dados fossem olhados com um certo cuidado porque as relações entre o tamanho dos telômeros e longevidade não tem sido demonstradas em experimentos com animais.

Só para lembrar, já publicamos neste site, uma provável relação entre excesso de nutrientes e tamanho dos telômeros no organismo Caenorhabditis elegans. Muita comida também diminui os telômeros e isto explica a importância que a biologia moderna dá aos exercícios físicos e à qualidade da alimentação. Veja o link sobre o assunto nos "Artigos em Destaque"

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Dr. Reginaldo Albuquerque
Médico Endocrinologista. Editor do site da SBD. Research Fellow da Universidade de Londres (1975-1979). Ex-professor de endocrinologia da Universidade Brasilia (1967-1982). Ex-superintendente de Ciências da Saúde do CnPq (1982-1990).