sábado, 1 de outubro de 2011

Universos paralelos



Universos paralelos

Uma teoria surgida há pouco mais de 50 anos - e considerada de início um absurdo total - vai ganhando cada vez mais espaço na física moderna


Equipe Planeta
Para os autores de ficção, desde Jorge Luis Borges e seu conto clássico "O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam" até episódios da telecinessérie Jornada nas Estrelas ou o recente filme A Bússola Dourada, o tema dos universos paralelos exerce um eterno fascínio. Afinal, quem resiste à ideia de que, num outro plano, pode existir um outro eu vivendo uma vida diferente desta aqui? O que muita gente não sabe é que a hipótese não se restringe à ficção: a ciência anda namorando-a há um bom tempo e leva-a cada vez mais a sério.
Como não poderia deixar de ser, a área científica que aloja essa ideia é a física quântica - aquela que estuda as leis do mundo subatômico, as quais reduzem tudo a probabilidades e cujas esquisitices incomodaram ninguém menos do que Albert Einstein. Os mundos paralelos emergiram na academia como solução a uma das charadas quânticas mais conhecidas: a do gato de Schrödinger.
Nesse desafio, criado pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935, um gato é colocado numa caixa selada com um contador Geiger, um frasco de veneno e um átomo radiativo que tem 50% de chance de desintegrar dentro de uma hora. Se o átomo se desintegra, o contador Geiger percebe e aciona um mecanismo que quebra o frasco de veneno, levando o gato à morte. De acordo com a teoria quântica, ao final daquela hora o átomo deve se encontrar num estado superposto de desintegração e de não desintegração. Ou seja: o gato está ao mesmo tempo num estado insólito, tanto de vivo quanto de morto.
Schrödinger propôs seu enigma como uma forma de sublinhar como a teoria quântica pode desafiar o senso comum. De fato, como alguém pode estar vivo e morto ao mesmo tempo? Os cientistas puseram suas mentes para trabalhar no assunto e, de início, pensou-se que a solução era forçar o mundo quântico a decidir-se por uma das soluções, abrindo a caixa e observando seu conteúdo. Essa solução é conhecida como interpretação de Copenhague - a opção considerada pelo físico dinamarquês Niels Bohr que destaca o papel do observador do fenômeno. Detalhe frágil dela: os pesquisadores teriam de monitorar o tal gato por uma hora.
Em 1957, o norte-americano Hugh Everett III, então aluno da Universidade de Princeton, propôs uma nova perspectiva para o enigma. Segundo ele, a matemática da teoria quântica realmente descreve a realidade e, se suas equações desembocam em resultados diferentes, todos eles podem ser concretizados em algum lugar. A pergunta óbvia, nesse caso, era: onde?
Como a ideia parecia maluca demais e Everett não continuou a pesquisar nessa área (ainda antes de seu ensaio ser publicado, ele aceitou um convite para trabalhar na indústria de armamentos), o tema caiu rapidamente no esquecimento. Em 1970, porém, outro norteamericano, Bryce DeWitt, da Universidade do Texas, reviu o trabalho de Everett e concluiu que todos esses resultados só poderiam ocorrer em universos paralelos. De acordo com DeWitt, tais universos coincidiriam com o nosso em termos espaciais, mas estariam isolados, e em consequência teriam uma interação muito pequena com nosso universo. A hipótese ganhou o rótulo de "interpretação de muitos mundos": cada resultado possível corresponde ao surgimento de um novo universo. No caso do gato, em um universo ele esbanja saúde, mas em outro está definitivamente morto.
A revisão de DeWitt passou a ser considerada mais palatável para os físicos quando estes começaram a aceitar que, para elaborar a teoria unificadora de todas as leis da natureza - aquela que reunirá a relatividade de Einstein à quântica -, seria preciso haver outras dimensões além das três comuns. Mesmo assim, a ideia de universos paralelos na ciência ainda demoraria mais algumas décadas para deslanchar.
Num universo, o gato da charada de schrödinger esbanja saúde; em outro, está morto
Onze dimensões para explicar tudo
O avanço nos instrumentos usados para pesquisar o reino quântico começou a possibilitar investigações cada vez mais acuradas dessa área, e nos anos 1990 uma descoberta mexeu com a interpretação de Copenhague: segundo a pesquisa, não é propriamente o observador que "decide" qual estado vai prevalecer entre os vários possíveis, mas as interações com o ambiente do sistema observado (denominadas descoerência). A novidade complicou ainda mais a já difícil busca de uma evidência experimental para a teoria de muitos mundos de Everett.
Em 1995, um estudioso da teoria unificadora, o norte-americano Edward Witten, da Universidade de Princeton, propôs que todos os eventos observados poderiam ser explicados em um grande cenário com 11 dimensões - o chamado multiverso. As elaborações de Witten ficaram conhecidas como "Teoria-M". Como as dimensões do multiverso seriam diferentes dos mundos paralelos de Everett, parecia que o assunto chegara novamente a um beco sem saída.
Três anos depois, porém, o físico suecoamericano Max Tegmark, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), deu uma nova contribuição ao estudo dos mundos paralelos ao voltar à experiência do gato de Schrödinger e colocar-se no lugar do animal para refletir sobre o que ele conseguiria ver na caixa. A conclusão de Tegmark foi intrigante: segundo a interpretação de muitos mundos, em diversas versões ele morreria, mas sempre haveria universos nos quais viveria, e em alguns deles ele até seria imortal.
Cinco anos depois, Tegmark avançou mais um pouco nessa hipótese e elaborou uma classificação em quatro partes para os universos paralelos. De acordo com ele, os de tipo I estão além da vista de nosso universo, mas possuem as mesmas propriedades cosmológicas. Os de tipo II, nascidos logo depois do Big Bang (a grande explosão cósmica que seria a origem de tudo), também estão além da vista do nosso universo, mas suas propriedades cosmológicas podem ser um tanto diferentes.
O tipo III abrange os universos associados à interpretação de muitos mundos. Os universos de tipo IV, por sua vez, podem ter leis da física bem diferentes das que conhecemos.
Hoje em dia, os físicos encaram de formas distintas a noção de universos paralelos. Para alguns, a resposta a essa charada está em alguma variação da interpretação de Copenhague. Outros consideram que a chave está mesmo na interpretação de muitos mundos. Mas o dilema talvez não dure muito tempo, graças a dois fatores: o progresso das experiências, que captam dados cada vez mais sensíveis sobre o reino subatômico, e aplicações tecnológicas dessa área da física, como os chamados computadores quânticos (computadores muitíssimo mais potentes que os atuais, pois conseguiriam trabalhar em outros estados além de ligado ou desligado). Avançar nesses terrenos provavelmente levará os físicos a decifrar o enigma dos mundos paralelos e da própria física quântica.


Revista Planeta





Magia - Que bicho é esse?

Magia - Que bicho é esse?
Ela atravessou todas as eras, dos tempos das cavernas até os nossos dias. Hoje, encontra eco - e algum respaldo - na moderna psicologia. É a ciência descobrindo o mundo mágico


por Luis Pellegrini



Meu primeiro encontro com o que depois soube chamar-se magia ocorreu quando eu tinha sete ou oito anos e não era mais que um moleque arteiro a espalhar o terror no quintal da minha casa. Como castigo por tanta traquinagem – jurava a empregada Terezinha – nasceram-me nos dedos das mãos uma porção de verrugas. Minha mãe levou-me a uma velha benzedeira que morava na periferia. Lembro-me bem da cena: minhas duas mãos espalmadas sobre a mesa; junto delas um copo d’água coberto por um pires, uma vela acesa, uma rosa branca num pequeno vaso de vidro, um ramo de arruda que exalava cheiro forte. A benzedeira rezava a meia-voz e de vez em quando colocava as suas mãos sobre as minhas. No final, informou: “O menino estava com quebranto, mas já tirei.” E concluiu com ar de vitória definitiva: “As verrugas vão cair.”
Dois dias depois, como se fosse a coisa mais natural do mundo, minhas verrugas começaram a murchar. Foram secando, até se transformarem em pequenos apêndices escuros e descarnados. E aí, um a um, todos eles se desprenderam e caíram.
O caso fez furor entre vizinhos e parentes. Mas, ao saber da história, uma tia solteirona metida a filósofa, e que definia a si própria “racionalista cartesiana”, não conteve um comentário arrasador: “Isso é pura autossugestão. Convenceram o menino de que as verrugas iam cair e, com o poder da sua mente inconsciente, ele fez elas caírem.”
Aquilo que os religiosos chamam “Deus”, os cientistas, “leis”, os filósofos, “preceitos”, os magos chamam “conhecimento”

Pouco depois, a vida me apresentou mais uma ocasião para incrementar meus conhecimentos em matéria de eliminação mágica de verrugas. Meu cachorro, um vira-lata preto chamado Não! (com ponto de exclamação), desenvolveu sobre o nariz uma verruga tão grande quanto uma azeitona. O nome dele devia-se ao fato de que, desde pequenino, o não era a palavra que mais ouvia. Quando praticava seus divertimentos favoritos – roer pés de mesas e cadeiras, puxar roupas do varal, arrancar as penas dos rabos das galinhas –, havia sempre alguém ralhando com ele e gritando: “Não, não, não!” Acabou se acostumando e, toda vez que ouvia um “não!” peremptório, passava a atender, de rabo abanando.
Decidi testar minhas capacidades de benzedeiro sobre a verruga do Não!. Preparei o mesmo ritual, com vela acesa, flor branca, copo d’água e arruda, coloquei minha mão sobre o seu nariz e rezei todas as rezas que sabia de cor: um painosso, uma ave-maria e uma salve-rainha quase completa. Que poder, o da memória infantil: até hoje, tantas décadas passadas, quando lembro da minha iniciação precoce como benzedeiro, sinto a grande verruga do Não! latejando sob a ponta dos meus dedos. Sim, o benzimento deu certo. Para minha sorte – ou danação –, a verruga logo depois começou a secar. Virou uma espécie de horrenda uva-passa pendurada no nariz do cachorro e depois caiu, para nunca mais voltar. Como nunca mais voltou a minha inocência, definitivamente perdida naquela aventura da descoberta dos meus “poderes ocultos”.
Então é verdade: existem métodos estranhos de resolver problemas. Métodos que a gente não consegue entender nem aclarar, mas que funcionam. Existem coisas misteriosas que nem sempre podem ser explicadas pela autossugestão, como queria minha tia. Pois até ela, “racionalista cartesiana” convicta, teria dificuldade em admitir que a autossugestão faz parte dos atributos dos cachorros. Então, a magia existe, de verdade.

MAGIA DO CINEMA
Ao criar uma realidade virtual, na qual tudo pode acontecer, o cinema tornou-se uma arte mágica por excelência. A série Harry Potter, da qual vemos uma cena na foto ao lado, tem a magia como tema central e já seduziu milhões de espectadores em todo o mundo.
por Luis Pellegrini

A um imenso conjunto de fenômenos e práticas que o ser humano pode produzir, mas que não podem ser explicados pela autossugestão nem por qualquer lei da ciência e da psicologia oficiais, dá-se o nome genérico de magia. Palavra que vem do substantivo magi, nome que os antigos gregos davam aos sacerdotes persas do culto de Zoroastro. Cabe aí uma primeira definição, a do historiador francês Louis Chochod, para quem “magia é uma arte especial, baseada na existência de forças naturais, pouco ou mal conhecidas, e ordinariamente fora do alcance do poder do homem. Conhecer essas forças, canalizá-las, orientá-las e, até certo ponto, utilizálas, esse é o objetivo da magia”.
A definição de Chochod tem espectro muito amplo. Mas, se existe um assunto que em matéria de definições é terra de ninguém, esse assunto é a magia. Há definições para todos os gostos. Algumas francamente preconceituosas e cheias de superstição: “Magia é a arte de conjurar demônios e espíritos para obrigá-los a servir aos interesses do mago.” Outras são pueris e inocentes, como a do ocultista francês Georges Muchery: “Magia é a arte de tornar-se feliz.” Há definições complicadas como a do respeitado alquimista contemporâneo Eugene Canseliet: “Magia é, antes de tudo, a arte divina que consiste em travar contato com a alma universal e, através dela, dominar as forças espirituais invisíveis no espaço e na substância.” E ainda a do ocultista francês Eliphas Levi, pai da magia moderna, para quem “magia é a ciência tradicional que nos vem dos magos... Por meio dessa ciência, o adepto se vê investido de uma espécie de poder superior relativo e pode agir de modo sobre-humano, isto é, de uma maneira que não está ao alcance do comum dos homens”.
Para os magos, aqueles que praticam a magia, “viver é conhecer”. Desde que o homem existe como tal, ele tenta desvendar os segredos da natureza, levantar o véu de mistério que encobre as origens e as finalidades do mundo, da vida e da existência humana. Através das eras, para conquistar conhecimento, o homem pensante criou diversos métodos de trabalho e desenvolveu diferentes posturas para manipular o desconhecido e dele extrair respostas. Aquilo que os religiosos chamam “Deus”, os cientistas chamam “leis”, os filósofos, “preceitos”, os sábios, “a natureza”, os magos chamam “conhecimento”. Mas, para todos eles, o princípio é sempre o mesmo: estudar o microcosmo (homem) para desvelar os segredos do macrocosmo (universo).

MAGIA DO TEATRO
Antes do cinema, as várias formas de teatro exploraram as mil e uma possibilidades criativas do universo mágico. Na foto acima, cena da ópera A Flauta Mágica, de Mozart.
A prática da magia é, sem dúvida, tão antiga quanto o próprio homem. Nos tempos das cavernas, quando animais eram pintados nas paredes de pedra, o que se pretendia era estabelecer uma relação mágica com o “espírito” daqueles animais para que, no momento da caça, ele fosse favorável aos caçadores. Desde então, essencialmente, poucas coisas mudaram no domínio da magia. Suas técnicas são muito parecidas nas diferentes culturas que apareceram no mundo, e sofreram relativamente poucas mudanças no transcorrer do tempo. Sugere-se muitas vezes que a magia é precursora da religião, mas estudos mais profundos mostram ser mais provável que ambas tenham sempre existido, uma ao lado da outra. Magia e religião possuem em comum a crença num poder transcendental que existe no homem e no mundo. A grande diferença entre ambas reside nas suas atitudes em relação a esse poder. A magia preocupa-se em comandar, controlar e compelir esse poder para a satisfação dos seus próprios objetivos; a religião, por seu lado, preocupa-se em adorar esse poder, suplicando a sua ajuda e aceitando resignadamente aquilo que ele dá. A primeira é ativa, “masculina”. A segunda é passiva, “feminina”.

MAGIA DA NATUREZA
Nada mais mágico do que o mundo natural. Maior e mais poderosa de todas as forças criadoras, a natureza não conhece limites ao soltar a sua imaginação. A tal ponto que costuma-se dizer: a criação natural supera qualquer imaginação.

O mago, portanto, é um aventureiro que mergulha no mistério da vida e do mundo e não se contenta apenas em observar passivamente esse mistério. Quer também compreendê-lo, conhecer suas leis, processos e finalidades, quer interferir voluntariamente nele e, numa certa medida, aprender a manipulá-lo. O mago é entendido como um ser de sensibilidade especial. Vê o universo como uma coisa viva, cuja aparência visível mascara a natureza real dos poderes que o controlam. E vê a si mesmo como participante da natureza da divindade, e por isso gosta de afirmar: “Não existe parte de mim que não seja parte dos deuses.” O mago considera que todos nós, membros da espécie humana, somos “deuses em potencial.” A magia é a ciência-arte que nos ajuda a abrir e desenvolver esse potencial.
Sonhos e visões, símbolos e alegorias, imaginação e fantasia, as viagens vertiginosas dos gênios da música, da pintura, da poesia dizem mais ao mago sobre as realidades últimas da existência do que todas as equações da matemática, as maquinações da política, ou as espertezas do mercado financeiro.
O mago é um ser complexo, uma criatura em geral ousada e até mesmo temerária. Nos tempos em que a Santa Inquisição esbanjava poder, muitas centenas deles foram assados vivos nas fogueiras, condenados por suas heresias. O veneziano Giordano Bruno é um exemplo. Foi queimado porque teimou em afirmar até o fim que era a Terra a girar ao redor do Sol, e não o contrário. Naqueles tempos isso contrariava as “leis” da ciência conhecida, e era portanto “heresia de mago”, punida com a morte.
É mais fácil, contudo, entender o que é um mago do que é magia. “Magia” é hoje uma palavra problemática, pois mais de um sentido é-lhe atribuído. Existe a magia do prestidigitador que tira coelhos da cartola ou dos truques de alta tecnologia de David Copperfield. Existe a magia como é entendida pelos antropólogos – superstições ingênuas, ritos primitivos de fertilidade ou heranças curiosas do folclore. E existe, finalmente, a verdadeira magia, aquela que nos interessa: um sofisticado sistema de conhecimento cujas origens não serão encontradas na lenda ou no folclore, mas sim na antiga tradição chamada “hermética”, de Hermes, o deus grego da inteligência e da sabedoria. As origens arcaicas dessa tradição perdem-se na noite dos tempos, mas sabe-se que ela se desenvolveu no antigo Egito, passando depois por Grécia e por Roma, e por toda a Idade Média e o Renascimento europeu. Após um período de relativa obscuridade – devido certamente ao implacável combate que lhe foi desfechado pela Inquisição –, a magia ressurgiu em sua forma moderna no contexto da grande renascença ocultista que foi uma das características da segunda metade do século 19.
Ressurgir das próprias cinzas nos momentos mais impensáveis, como a fênix mitológica, é uma das características da magia. Basta ver o que acontece nos dias de hoje. Nas últimas três décadas – época das mais extraordinárias conquistas da ciência tecnológica moderna, quando o homem foi à Lua, os bisturis de raio laser invadiram os hospitais e os computadores, os lares e escritórios – observou-se um desconcertante reflorescimento da magia e de disciplinas correlatas, como a astrologia e o ocultismo. Um reflorescimento, portanto, de modos de conceber o mundo diametralmente opostos aos da ciência racionalista.
Cada vez que a magia ressurge na história, ela o faz com novas roupagens. O corpo essencial de seus conhecimentos é sempre o mesmo, mas a linguagem por ela utilizada para operar e se comunicar pode mudar completamente de acordo com o tempo histórico e o lugar da sua manifestação.
A linguagem da magia antiga era complicadíssima e inacessível aos não iniciados. Envolvia códigos e símbolos da alquimia, da cabala, da astrologia e de outras ciências herméticas. A magia contemporânea passou por uma verdadeira revolução em sua linguagem formal, que é agora bem mais simples. Esse novo enfoque começou a ser difundido em meados do século passado através da obra de vários autores. Um dos expoentes máximos dessa geração de magos modernos foi o francês Eliphas Levi (pseudônimo de Alphonse- Louis Constant), um ex-seminarista católico.
Em seu livro Dogma e Ritual da Alta Magia, publicado em 1856 e disponível em português, Levi apresenta uma teoria sobre o modo pelo qual atua a magia. É esta sua concepção que, um pouco modificada, domina o pensamento dos magos contemporâneos.
As ideias de Eliphas Levi constituem uma obra-prima de intuição psicológica e científica. Elas antecipam muito do arcabouço básico de várias psicologias contemporâneas, pois explicam a ação mágica como um fenômeno baseado principalmente nas capacidades naturais – embora ainda pouco conhecidas – da mente e da psique humanas. É a partir da escola de Levi que se passou a afirmar: “O fenômeno mágico começa na cabeça do mago.”

O mago, como todo ser criador, é uma pessoa complexa, uma criatura em geral ousada e até mesmo temerária

Levi afirma que na magia existem três leis fundamentais. A primeira é a lei da vontade humana, que, do seu ponto de vista, não era simplesmente uma ideia abstrata, e sim uma força material “tão real”, para usar as suas próprias palavras, “quanto o vapor de água ou a corrente galvânica”. Essa ideia, na verdade, não era exclusiva de Levi. Vários intelectuais da época a desposaram, entre eles Edgar Allan Poe, que no seu conto “O Caso do Senhor Valdemar” faz o personagem Glanvill dizer: “É lá que repousa a vontade que não morre jamais. Quem conhece os mistérios da vontade e todo o seu vigor? O próprio Deus é uma imensa Vontade que reina sobre todas as coisas.”
MAGIA DA ROUPA
Dentre as várias atividades humanas, uma das mais mágicas é a criação das roupas. Um estilista de talento pode ser capaz de criar um universo inteiro a partir das indumentárias que inventa.

A originalidade de Levi estava na aplicação dessa ideia à magia ritual. Para ele, como para a maioria dos magos modernos, toda a parafernália dos acessórios do cerimonial mágico, tais como incensos, velas, uso de figuras geométricas e de paramentos, é apenas suporte auxiliare, ponto de apoio e de referência destinado a ajudar o mago a concentrar a sua vontade.
A segunda lei de Levi é a lei da luz astral, o “éter” dos antigos gregos e da física pré-einsteiniana, o “prana” dos hindus: um fluido imponderável que preenche todos os espaços do universo e graças ao qual o mago pode agir a distância. A luz astral, dizia Levi, é invisível e destituída de forma, porém permeia a totalidade da natureza e pode ser moldada pela vontade humana, produzindo formas visíveis. Isso explicaria, segundo ele, a maior parte dos fenômenos chamados paranormais ou mediúnicos que a ciência oficial constata mas não explica, como aqueles de materialização de espíritos, materialização de objetos, produção paranormal de sons, odores, etc. Para Levi, os médiuns de efeitos físicos, indivíduos capazes de produzir tais fenômenos, seriam uma espécie de “magos naturais”, dotados de uma capacidade inata de moldar a luz astral e provocam desse modo fenômenos capazes de impressionar os sentidos dos espectadores.
Na visão da magia, cada ser humano é um microcosmo – um pequeno universo que reflete o macrocosmo, o grande universo
A terceira lei de Levi é a lei das correspondências, ou das analogias. Trata-se na verdade de uma versão atualizada da antiga doutrina hermética do macrocosmo e do microcosmo, segundo a qual todo elemento do primeiro – o universo – teria o seu correspondente no segundo – o ser humano considerado individualmente. Por exemplo, as constelações do zodíaco que influenciam certas zonas do corpo humano. Assim, a constelação de Capricórnio corresponde aos joelhos; a de Gêmeos, aos braços e pulmões; a de Escorpião, aos órgãos genitais. Para Levi, tais correspondências existiam realmente, mas sob uma forma menos grosseiramente física. Era menos o corpo físico e muito mais a alma humana que ele considerava como um “espelho mágico do universo”, para empregar uma expressão que os magos amam. Levi dizia que todo elemento presente no universo também poderia ser encontrado na alma humana: assim, a força cósmica que os romanos personificavam na deusa Vênus correspondia à sexualidade física, e aquela representada pelo deus Mercúrio, à inteligência humana. Os modernos magos ritualistas acreditam que o conhecimento dessa lei das correspondências lhes permite “fazer descer” (invocar) neles todas as forças cósmicas das quais querem obter alguma coisa, ou, ao contrário, “fazer subir” (evocar) essas mesmas forças latentes em sua alma e as projetar no mundo exterior.

MAGIA DA PLATEIA
Quando as grandes aglomerações populares concentram sua atenção num mesmo objeto, geram um poderoso fenômeno mágico: a criação coletiva de uma nova realidade.

Levi, contudo, pouco revelou em seus livros da existência de uma quarta lei fundamental para que qualquer ação mágica tenha bom êxito: a lei da imaginação. Falou da importância desse segredo fundamental apenas a alguns de seus discípulos mais queridos, e foram eles que, mais tarde, o ensinaram publicamente. O poder da imaginação é o verdadeiro “pulo do gato” da magia.
A força da vontade é praticamente ineficaz se não for dirigida por uma imaginação poderosa – e vice-versa. “Para se praticar a magia”, escreveu Edward Berridge, discípulo inglês de Levi, “é necessário colocar em ação a imaginação e a vontade: elas agem em partes iguais. Ou, melhor dizendo, a imaginação deve preceder a vontade para se obter o melhor resultado possível”.
Sozinha, a vontade pode, segundo essa teoria, emitir uma corrente de energia que se propaga através da luz astral, mas seu efeito será vago, impreciso e até mesmo inoperante, pois, sem a criação imaginária de um objetivo bem definido a ser alcançado a energia da vontade corre o risco de perder-se no vazio. Por seu lado, sozinha, a imaginação pode até criar uma imagem, e essa imagem terá uma duração variável; mas ela não poderá produzir nada de importante se não for vitalizada e dirigida pela vontade. “Quando as duas se conjugam, isto é, quando a imaginação cria uma imagem e quando a vontade dirige e utiliza essa imagem, é possível a obtenção de maravilhosos efeitos mágicos”, completa Berridge. Ele parece um moderno psicólogo junguiano falando da técnica da imaginação ativa!
Recapitulando: na visão da magia, cada ser humano é um microcosmo – um pequeno universo que reflete, em miniatura, o macrocosmo, o grande universo do qual fazemos parte. Cada fenômeno do universo tem seu reflexo correspondente nas partes que compõem a pessoa humana – corpo físico, psique, mente pensante. Com práticas mágicas, o mago pode transformar o mundo exterior por meio de intervenções no pequeno mundo interior. A ligação entre as duas esferas – a interior e a exterior – é feita pela luz astral, um fluido universal invisível. A manipulação da luz astral através da vontade e da imaginação humanas permite ao mago influenciar tanto o universo físico (mover objetos a distância, promover curas como no caso dos benzedores de verrugas, etc.) como também influenciar as sensações e os modos de percepção de outros indivíduos.
Mas o mago está longe de ser onipotente e seu trabalho é cheio de perigos. Pois a via de comunicação entre o microcosmo e o macrocosmo, o interior e o exterior, é obrigatoriamente uma via de mão dupla. Da mesma forma que o sangue entra e sai do coração, e o ar, dos pulmões, a força mágica sai de nós, passeia pelo mundo desencadeando efeitos e tende a regressar ao lugar de onde saiu. Assim aquilo que vem de fora circula em nós e tende a voltar à origem. Portanto, se projetarmos no mundo ações mágicas boas, positivas, amorosas, certamente poderemos esperar que elas retornem para nós amplificadas e fortalecidas. Se, ao contrário, projetarmos ações nefastas... só poderemos esperar retornos péssimos.

MAGIA DA ARTE
Criação artística e criação mágica são quase sinônimos. Trabalhado pelas mãos de um verdadeiro artista, até o grotesco pode se transformar em algo sublime.

A censura do mago deriva de outra lei fundamental da magia: a lei do choque de retorno, que é o regresso de uma carga maléfica para o mago que a remeteu, em caso de fracasso de sua operação, ou caso sua magia seja desfeita por outro mago mais forte. Na magia – como na física –, toda força tem de ser descarregada, seja sobre o alvo assinalado, seja, por erro cometido, sobre o mago que a desencadeou, não importa qual o valor “moral” dessa força.
Por tais razões é que, para todo mago sério e honesto, a observância de rígidos princípios éticos é preocupação fundamental. Essa é a única diferença entre magia branca e magia negra. Magia é sempre a mesma. É branca quando sua intenção for voltada para o bem; é negra quando for voltada para o mal.

Magia é um jeito de conhecer a si mesmo e ao mundo, e de agir eficazmente sobre si mesmo e sobre o mundo

Força da vontade, imaginação, luz astral, lei das correspondências, leis da natureza, leis cósmicas e criatividade são todos termos básicos e correntes do vocabulário da magia. São também, é importante notar, termos básicos e correntes tanto da física quântica quanto da moderna psicologia. E onde estarão os anjos, demônios, espíritos benignos e malignos, íncubos e súcubos, silfos, salamandras, gnomos e fadas, e tantos outros entes sobrenaturais que desde sempre povoaram a imaginação das pessoas quando elas mergulhavam no universo fascinante da magia e da sua prima pobre, a feitiçaria? Todas essas criaturas existem sim, afirmam os magos. Mas não na forma visual como são habitualmente representadas. Elas são, muito mais, forças, princípios, arquétipos que compõem o intrincado universo da psique humana. Existem certamente dentro de nós. E, possivelmente, existem de algum modo misterioso também no mundo fora de nós. Caso contrário, não teria fundamento a lei mágica das correspondências...
Magia não é, portanto, um conjunto de estranhas cerimônias realizadas atrás de portas fechadas, com objetivos obscuros e geralmente inconfessáveis. Magia é um jeito de conhecer a si mesmo e ao mundo, e de agir eficazmente sobre si mesmo e sobre o mundo. Seja para eliminar verrugas, seja para tirar alguém dos buracos sem fundo das neuroses, seja para adivinhar os caminhos do nosso futuro. Ela é, em última análise, um modo de trabalhar com as “entidades” da nossa psique, de entendê-las e dominá-las, para que elas sejam nossas fiéis servidoras, e não nossas opressivas senhoras. Magia é uma escola que nos ensina a conhecer e a controlar nossas forças e impulsos negativos, e a reverter sua capacidade destrutiva em construtiva; que nos ensina a descobrir nosso potencial criador e a incrementar suas possibilidades até os níveis máximos.
A magia verdadeira é conhecimento que busca o autoconhecimento e a autorrealização. Seu objetivo último é transformar cada um de nós no pequeno deus que todos, potencialmente, somos. E que ele seja um deus sábio, compassivo, criativo, saudável e feliz.

MAGIA DA MEMÓRIA
As realidades do passado permanecem vivas no presente através dos testemunhos que chegaram até nós. É a magia da memória. Esse é o caso dos célebres moais, esculturas da antiga civilização da Ilha de Páscoa, no Pacífico.


Revista Planeta

Galeria de mundos distantes

Galeria de mundos distantes
Desde 1995, já foram descobertos mais de 500 planetas fora do Sistema Solar. Por enquanto, a maioria é composta de gigantes como Júpiter, mais fáceis de captar pelos instrumentos de pesquisa atualmente disponíveis. Mas já surgiram candidatos a abrigar a vida tal como a conhecemos. Confira uma pequena amostra da diversidade de exoplanetas no infinito do cosmos.


Por Eduardo Araia
ESO/L. Calçada
Chance de vida
Localizada na constelação de Libra, a 20,3 anosluz da Terra, a anã vermelha (estrela pequena e relativamente fria) Gliese 581 - à direita, no alto, nesta concepção artística do European Southern Observatory (ESO) - tem pelo menos seis planetas a orbitá-la. A imagem mostra três deles. O menor e mais próximo da estrela, GLIESE 581-c, tem massa apenas 1,9 vez maior que a da Terra, mas a pequena distância do sol o faz conviver com temperaturas altíssimas. Depois dele vem GLIESE 581-b, um gigante gasoso que lembra Netuno, com massa 15 vezes maior que a da Terra. Já o planeta em primeiro plano, GLIESE 581-e, está na zona habitável do sistema e poderia abrigar vida como a conhecemos. Seu raio é 50% maior que o da Terra; a massa, cinco vezes maior. Essa "Super-Terra" teria temperaturas de superfície entre 0°C e 40°C.
ESO/L. Calçada
Muito Rápido
Com diâmetro 1,58 vez maior que o da Terra, o COROT-7b - situado na constelação da Águia, a cerca de 490 anos-luz de distância - está tão perto de sua estrela que gira em torno dela à espantosa velocidade de 750.000 km/h (a Terra orbita a 107.000 km/h). Mas a proximidade também acarreta uma temperatura entre 1.000°C e 1.500°C na superfície. Até a descoberta do Kepler-10b, o COROT-7b era o planeta de menor diâmetro já descoberto.

Nasa/ESA/G. Benedict

Lowell Observatory/J. Hall
O maior
A existência do TRES-4 é um enigma teórico. Esse planeta, localizado a 1.400 anos-luz da Terra, na constelação de Hércules, é 70% maior do que Júpiter, mas tem 25% a menos de massa. Apresenta a densidade mais baixa já registrada entre os planetas - apenas 0,2 grama por centímetro cúbico (a densidade da água é de 1 g/cm3, e a de Júpiter, 1,33 g/cm3), o que o converteria numa espécie de planeta vaporoso. O gigante TRES-4 dá uma volta em torno de sua estrela em apenas 3,55 dias.
Nasa/ESA/G. Bacon
O mais quente
Nenhum mundo encontrado até hoje é tão quente quanto o WASP- 12b, situado na constelação do Cocheiro, a 871 anos-luz da Terra. Esse planeta, com massa 50% maior que a de Júpiter, está a apenas 3,4 milhões de quilômetros da sua estrela, o que explica sua temperatura de 2.200ºC. Seu ano equivale a um único dia terrestre. Estudos recentes mostraram que o WASP-12b está sendo engolido pela estrela, um processo que deve durar mais 10 milhões de anos.
Nasa


Nasa/ESA/A. Schaller
O menor ano
A 22 mil anos-luz da Terra, na constelação de Sagitário, está o planeta que, por enquanto, gira em torno de sua estrela em menos tempo: o SWEEPS-10. Situado a 1,2 milhão de quilômetros - cerca de três vezes a distância entre a Terra e a Lua - de seu sol, ele completa uma órbita em apenas 10 horas. O SWEEPS-10 tem massa pelo menos 1,6 vez maior que a de Júpiter, e sua temperatura ronda 1.650°C. Segundo os astrônomos, planetas de período ultracurto (USPPs) ocorrem apenas ao redor de estrelas anãs.
Nasa/JPL-Caltech/R. Hurt
O mais jovem
Perto dos 4,6 bilhões de anos da Terra, o planeta ainda sem nome que orbita a estrela Coku Tau 4, a 420 anos-luz de distância, na constelação de Touro, é um recém-nascido. Com cerca de 1 milhão de anos, a estrela ainda tem ao seu redor um disco de poeira típico do início da formação de um sistema planetário. Mas o Telescópio Espacial Spitzer detectou um grande "buraco" nesse disco, com 10 vezes a distância entre a Terra e o Sol. A hipótese mais provável é de que um planeta seja o responsável por isso, removendo a poeira na parte interior do sistema (e retendo parte dela na forma de anéis).

Revista Planeta

Eram os deuses geométricos?

Eram os deuses geométricos?
Novos sítios arqueológicos na Amazônia poderão revelar surpresas sobre o passado dos habitantes da América do Sul antes da chegada dos colonizadores. Os cientistas suspeitam que os geoglifos - figuras geométricas esculpidas na terra - descobertos no Acre e em Rondônia podem ter inspiração divina


Por Fabíola Musarra
Foto: Diego Gurgel
O desmatamento no sudeste do Acre já revelou 270 geoglifos indígenas. O tamanho dos aterros sugere que as antigas sociedades amazônicas eram mais numerosas do que se supunha.
Equipes multidisciplinares do Brasil, dos Estados Unidos, da Finlândia e do Reino Unido estão pesquisando na Amazônia o passado dos povos que habitaram a região muito antes da formação da maior floresta do planeta. Baseados em imagens aéreas, os cientistas estudam centenas de geoglifos - imensas figuras circulares, quadradas, retangulares, octogonais ou com outras formas geométricas desenhadas no solo do Acre, de Rondônia, do sul do Amazonas e do norte da Bolívia. A análise dessas colossais estruturas de terra sugere que uma civilização maior e mais desenvolvida do que se supunha já vivia na região antes do Descobrimento do Brasil.
A versão histórica predominante é de que a Amazônia era povoada por pequenas tribos de índios, que viviam em terra firme, em locais distantes dos rios. No entanto, as fotografias aéreas e as imagens de satélite desmistificam essa teoria, pois mostram que os geoglifos foram erguidos tanto em solo firme quanto em terrenos próximos aos rios. A descoberta também coloca em xeque a teoria de que os povos amazônicos viviam em sociedades simples, que nada produziam de perene além de cerâmicas.
O questionamento sobre as "limitações materiais" das culturas amazônicas começou na década de 1990, quando o geógrafo e paleontólogo Alceu Ranzi, ao sobrevoar a região, viu várias dessas estruturas. Ao constatar que estava diante de um fenômeno regional e as vastas construções eram artificiais, batizou-as com o nome de geoglifos, cujo significado quer dizer desenho na terra. Hoje, sabe-se que os geoglifos amazônicos foram erguidos a partir da escavação de um fosso. A terra escavada ia sendo colocada cuidadosamente na parte externa e formava uma mureta. Desse modo, criava-se um desenho geométrico, em alto e baixo relevo.
Trata-se de uma construção engenhosa. Os aterros geométricos desenhados na terra têm de 113 a 200 metros de largura e de 30 centímetros a 5 metros de profundidade. Em 1977, foram vistos pela primeira vez no Acre, quando o arqueólogo Ondemar Dias fez um levantamento deles no âmbito do Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica, do qual participaram Ranzi e o arqueólogo Franklin Levy.
Na ocasião, a equipe identificou 8 geoglifos circulares, mas a pesquisa não foi divulgada. Entre 1986 e 1999, Ranzi identificou 24 novas estruturas. A descoberta só foi possível devido ao desmatamento da região nos últimos 40 anos. Até a década de 1970 os grandes projetos agropecuários não haviam invadido a Amazônia Ocidental, a floresta estava intacta e os geoglifos permaneciam escondidos pela copa de árvores, o que impossibilitava a observação.
Em 2000, as pesquisas se intensificaram, assim como os sobrevoos para a obtenção de fotos aéreas visando ao registro. Imagens de satélite e do Google Earth permitiram a localização de novos geoglifos sem a necessidade de usar aviões. Hoje, graças às novas tecnologias, já foram identificadas 270 construções. Contudo, os pesquisadores afirmam que, em razão da dificuldade de se observar a Amazônia via satélite, os geoglifos encontrados podem ser apenas 10% do total existente na região.
Rituais religiosos
Os pesquisadores ainda não sabem qual a finalidade dessas imensas obras dos antigos povos amazônicos. Alguns acreditam que tinham um significado simbólico ou religioso. Outros acham que a remoção da vegetação que realizaram pode ter tido algum tipo de função militar. De qualquer modo, descobrir quais foram as culturas amazônicas responsáveis pela construção dos geoglifos faz parte dos objetivos dos projetos multidisciplinares em andamento.
Outra incógnita é a grandiosidade das estruturas do Acre. Para Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida (EUA), os geoglifos tinham finalidades cerimoniais. Uma das razões de sua monumentalidade seria a comunicação com seres superiores. "Não temos inferências para afirmar que os geoglifos estavam alinhados ou direcionados para algum corpo celeste", diz Denise Pahl Schaan, pesquisadora do CNPq e coordenadora do grupo de pesquisa Geoglifos da Amazônia Ocidental.
"As imensas valetas serviam para circundar um espaço aberto interno que era usado para encontros, rituais religiosos e moradia em alguns casos", prossegue Denise. Segundo ela, os construtores dos geoglifos constituíram as primeiras sociedades sedentárias do Acre. Eles habitaram a região há mais de 2.000 anos e, possivelmente, foram povos agricultores.
Os maiores inimigos dos geoglifos são as plantações de cana, o pisoteio do gado, as máquinas agrícolas, os assentamentos de terra e as estradas.
Co-organizadora do livro Geoglifos - Paisagens da Amazônia Ocidental, Denise lembra que, em 1887, o então governador de Manaus (AM) ordenou ao coronel Antonio Labre subir o Rio Madeira e encontrar uma rota por terra em meio aos entrepostos de produção de borracha no Rio Madre de Diós e algum ponto navegável do Rio Acre. Ao seguir por terra até o Rio Acre, Labre passou por várias vilas da etnia araona (da família linguística tacana).
Na fronteira do Estado, o militar encontrou uma vila povoada por umas 200 pessoas e ficou impressionado com a sua organização social. Ali aprendeu que aqueles povos adoravam deuses de formato geométrico, esculpidos em madeira. As efígies eram mantidas em templos no meio da floresta. O pai dos deuses tinha forma elíptica e chamava-se Epymará. "Labre não descreveu os templos, mas tudo nos leva a cogitar sobre as possíveis funções religiosas dos geoglifos, encontrados não muito longe das antigas aldeias araonas", comenta Denise.
Savana
A ocorrência de geoglifos no Acre também é um forte indicativo de ausência da floresta. Posteriormente, a mata ocupou e recobriu a paisagem cultural dos povos construtores dos aterros. Denise diz que é provável que na região existissem áreas abertas, de savana, mas os cientistas ainda não têm certeza. Por isso, coletaram amostras para realizar análises que deverão esclarecer o assunto. O material está sendo analisado no Reino Unido, na Universidade de Exeter.
Para realizar as pesquisas, os cientistas recorrem ao sensoriamento remoto, técnica que utiliza imagens de satélites, fotografias aéreas e sobrevoos com pequenos aviões, além de um georradar da Universidade Federal do Pará. "A disponibilidade de imagens de satélite tem sido fundamental para os nossos estudos, assim como softwares para cruzamento de dados culturais e geográficos, como o ArcGis. Além das imagens gratuitas do Google Earth, o governo do Acre nos fornece imagens do satélite Formosat", afirma Denise.
Os cientistas também visitam os sítios identificados para tirar medidas, fazer coletas e registros. O estudo contribui para novas interpretações sobre como os antigos amazônidas viviam e como era a sua organização sociopolítica. "Esse conhecimento é fundamental para subsidiar programas de preservação do patrimônio arqueológico da região", explica Denise.
Apesar de sua relevância, os geoglifos estão ameaçados. Seus maiores inimigos são as plantações de cana, o pisoteio do gado, as máquinas agrícolas, os assentamentos de terra e as estradas, que já danificaram muitos deles.
Revista Planeta

Exame em múmia egípcia de 3,5 mil anos revela doença cardíaca

Exame em múmia egípcia de 3,5 mil anos revela doença cardíaca

Múmia da princesa Ahmose-Meryet-Amon (foto: MICHAEL MIYAMOTO/AFP/Getty Images)
Ahmose-Meryet-Amon tinha artérias com acúmulo de gordura no coração
Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e do Egito anunciou que uma princesa do tempo dos faraós, que viveu há 3,5 mil anos, se tornou a mais antiga pessoa já diagnosticada com uma doença no coração.
Os cientistas, das Universidades da Califórnia e de Al-Azhar, do Cairo, realizaram no Egito exames de tomografia computadorizada em 52 múmias para descobrir mais sobre a saúde delas antes de morrer.
Uma das conclusões foi que, se a princesa Ahmose-Meryet-Amon estivesse viva, precisaria passar por uma cirurgia no coração. Os estudiosos encontraram indícios de aterosclerose (acúmulo de placas com gordura nas paredes internas) em artérias coronárias da múmia.
No total, em quase metade das múmias, os cientistas encontraram sinais da doença.
Segundo os pesquisadores, a descoberta de uma múmia tão antiga como a de Ahmose-Meryet-Amon com o problema indica que os males do coração, tão comuns na atualidade, antecedem em muitos séculos o estilo de vida moderno, a quem especialistas associam a proliferação da aterosclerose.
Nobreza
Cientistas examinaram restos de 52 múmias (AP /Dr. Michael Miyamoto)
Os cientistas examinaram os vasos sanguíneos de 52 múmias
A princesa Ahmose-Meryet-Amon era de uma família nobre do Egito antigo. Ela viveu em Tebas, onde atualmente é a cidade de Luxor (sul do Egito), a partir de 1580 a.C. e morreu quando tinha cerca de 40 anos.
"Não havia eletricidade ou gás naquela época, então, presumimos que ela teve um estilo de vida mais ativo", disse Gregory Thomas, da Universidade da Califórnia.
"A dieta dela era significativamente mais saudável do que a nossa. Ela teria se alimentado de frutas e vegetais e os peixes eram abundantes no Nilo naquela época."
"A comida seria orgânica, e não havia gordura trans ou cigarro disponíveis naquela época", acrescentou.
"Mesmo assim, ela tinha estes bloqueios (nas artérias). Isto sugere que existe um fator de risco para doenças cardíacas que não foi detectado, algo que causa (estas doenças), mas ainda não sabemos o bastante a respeito", afirmou Thomas.
Sem patrocínio
Os pesquisadores afirmam que as descobertas não devem desacreditar as dietas e estilo de vida mais saudáveis.
"Algumas pessoas sugeriram que uma rede de lanchonetes está patrocinando nossas expedições ao Egito. Isto não é verdade", afirmou Gregory Thomas.
"Estamos apenas dizendo que nossa princesa egípcia de 3,5 mil anos atrás mostra que doenças cardíacas podem ser parte do que é ser humano."
"Devemos fazer tudo o que pudermos para evitar problemas, mas não há razão para se culpar se você precisa de cirurgia cardíaca."
O trabalho da equipe de pesquisadores está paralisado agora, devido aos confrontos e instabilidade política no Egito. Mas eles esperam fazer mais expedições ao país se o novo governo autorizar.

BBC Brasil

Café pode prevenir depressão em mulheres, diz estudo

Café pode prevenir depressão em mulheres, diz estudo


Modelo bebe xícara de café durante a Milan Fashion Week, em 22 de setembro de 2011
Estudo sobre consumo de café foi feito entre mais de 50 mil mulheres
Uma pesquisa indica que mulheres que bebem duas ou mais xícaras de café por dia são menos propensas a sofrer de depressão.
Ainda que as razões desse efeito não estejam claras, os autores acreditam que a cafeína pode alterar a química do cérebro. O estudo mostrou ainda que café descafeinado não teria o mesmo efeito.
Os resultados da pesquisa foram divulgados na publicação especializada Archives of Internal Medicine e provêm de um estudo realizado entre mais de 50 mil enfermeiras.
Uma equipe de especialistas do Harvard Medical School acompanhou a saúde do grupo de mulheres pesquisado ao longo de uma década, entre 1996 até 2006, e fez uso de questionários para registrar o consumo de café por parte delas.
Entre as pesquisadas, apenas 2.600 deram sinais de depressão ao longo deste período. E, destas, a maior parte consumia pouco café ou não tomava a bebida.
Comparadas com as mulheres que bebiam apenas um copo de café por semana ou até menos, aquelas que consumiam duas a três xícaras por dia tinham 15% a menos de chance de sofrer depressão.
Aquelas que bebiam quatro ou mais xícaras por dia tinham 20% de chance a menos de ter depressão.
Suicídios
A pesquisa mostrou ainda que consumidoras regulares de café estavam mais propensas a fumar, beber álcool e menos envolvidas com atividades da Igreja ou grupos voluntários ou comunitários. Elas também estavam menos propensas a ficar acima do peso e a sofrer pressão alta ou diabetes.
Os cientistas afirmam que a pesquisa contribui para outros estudos que indicam que consumidores de café têm índices de suicídios mais baixos.
Os pesquisadores de Harvard acreditam que a cafeína seja o principal agente nesse processo, já que a substância é conhecida por sua capacidade de realçar sentimentos de bem estar e de energia.
Mas ainda é preciso realizar mais pesquisas para verificar se a substância é útil para prevenir a depressão.
Uma outra possibilidade, dizem os pesquisadores, é que pessoas com propensão à depressão optem por não tomar café porque a bebida possui muita cafeína. Um dos sintomas mais comuns da depressão é perturbação do sono e a cafeína pode exacerbar essa condição, por ser um estimulante.
O excesso de cafeína também é capaz de realçar sensações de ansiedade.

BBC Brasil

escoberta sobre anticorpos pode levar à cura do resfriado

Descoberta sobre anticorpos pode levar à cura do resfriado

Antibióticos só são efetivos no combate a bactérias, não vírus
Hoje, a medicina tem pouco a oferecer a pacientes com resfriado comum.
Cientistas britânicos dizem que uma mudança fundamental no entendimento de como o corpo combate infecções virais pode auxiliar o combate a doenças causadas por vírus - entre elas, o resfriado comum.
Até hoje, especialistas pensavam que os anticorpos produzidos pelo organismo combatiam infecções virais bloqueando ou atacando os vírus fora das células.
No entanto, pesquisadores do Conselho de Pesquisa Médica (MRC, na sigla em inglês), na Grã-Bretanha, concluíram que os anticorpos podem penetrar nas células e lutar contra os vírus uma vez lá dentro.
Antivirais
Segundo um artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, a descoberta pode abrir caminho para a criação de novas drogas antivirais.
Os cientistas do Laboratório de Biologia Molecular do MRC, em Cambridge, Inglaterra, enfatizaram que serão necessários anos de trabalho e de testes para que sejam desenvolvidas novas terapias.
Eles também dizem que essa possível nova estratégia de combate não teria efeito sobre qualquer tipo de vírus.
"Os vírus são os grandes matadores da humanidade em todo o mundo, matam duas vezes mais pessoas por ano do que o câncer", disse à BBC o chefe da equipe, Leo James.
Ele explicou que quando um paciente sofrendo de uma infecção viral, como um resfriado, vai a um médico, não há muito o que o médico possa fazer. Antibióticos só são efetivos no combate a bactérias - não vírus.
"(Essa descoberta) nos dá uma estratégia completamente nova para a criação de novos tipos de antivirais contra uma gama de vírus, como o do resfriado comum e o da gastroenterite", disse o chefe da equipe, Leo James.
"Claro que ainda é muito cedo, não vamos ter uma cura amanhã", ressaltou.
Embora o resfriado comum não tenha cura hoje, seus sintomas costumam desaparecer espontaneamente em até dez dias.
Novo paradigma
Já há algumas drogas antivirais disponíveis para auxiliar o tratamento de certas doenças. Entre elas estão os medicamentos usados por portadores do vírus HIV.
Mas as revelações feitas pela equipe do MRC transformam o pensamento científico anterior a respeito da imunidade do homem contra doenças provocadas por vírus.
O estudo mostrou que os anticorpos podem entrar nas células e, uma vez lá dentro, desencadear uma resposta, auxiliada por uma proteína chamada TRIM21.
Essa proteína empurra o vírus para dentro de um sistema de excreção usado pela célula para se livrar de materiais indesejados.
Os pesquisadores verificaram que esse processo acontece rapidamente, normalmente antes de que a maioria dos vírus tenha oportunidade de prejudicar a célula.
Eles também descobriram que aumentar a quantidade de proteína TRIM21 nas células torna o processo ainda mais efetivo, o que aponta o caminho para a criação de drogas antivirais melhores.
O vice-diretor do Laboratório de Biologia Molecular do MRC, Greg Winter, disse: "Essa pesquisa não representa um avanço apenas na nossa compreensão de como e onde os anticorpos atuam, mas também no entendimento geral da imunidade e das infecções".

BBC Brasil

Estimular cérebro com eletricidade acelera aprendizado, diz estudo

Estimular cérebro com eletricidade acelera aprendizado, diz estudo


Ressonância magnética do cérebro. Foto: Corbis Royalty Free
Cientistas esperam que descoberta seja usada em terapias pós-derrame (Foto: Corbis Royalty Free)
Estimular eletricamente o cérebro pode ajudar a aumentar a velocidade do aprendizado, segundo especialistas britânicos.
Eles dizem que aplicar uma corrente elétrica de baixa intensidade em uma parte específica do cérebro pode aumentar sua atividade, tornando o aprendizado mais fácil.
Os pesquisadores, da University of Oxford, na Inglatarra, estudaram cérebros de pacientes que sofreram derrames e de adultos saudáveis.
Os resultados da pesquisa foram apresentados durante o British Science Festival, na cidade inglesa de Bradford.
A equipe, liderada pela professora Heidi Johansen-Berg, usou uma tecnologia conhecida como ressonância magnética funcional para monitorar a atividade nos cérebros de pacientes que sofreram derrames enquanto tentavam recuperar sua capacidade motora, perdida como resultado da doença.
Uma das principais revelações do estudo foi a de que o cérebro é muito flexível e pode se reestruturar, desenvolvendo novas conexões e alocando tarefas para áreas diferentes quando ocorre algum problema ou quando uma tarefa nova é realizada.
Como parte do estudo, os especialistas também investigaram a possibilidade de usar estimulação elétrica não invasiva do cérebro para melhorar o processo de recuperação da capacidade motora.
Melhorias a curto prazo já haviam sido constatadas em pacientes que tinham sofrido derrames.
Mas um resultado inesperado foi verificado quando os mesmos estímulos foram feitos nos cérebros de adultos saudáveis: a velocidade de aprendizado desses indivíduos também aumentou consideravelmente.
Aumento de atividade
Para observar esse efeito, a equipe criou um experimento em que voluntários memorizavam uma sequência de botões para apertar, "como se aprendessem a tocar uma melodia no piano".
Enquanto faziam isso, recebiam, por meio de dois eletrodos colocados em pontos específicos de suas cabeças, estímulos por corrente transcraniana.
Uma corrente de intensidade muito pequena foi passada entre os eletrodos formando um arco que passava dentro do cérebro e, dependendo da direção da corrente, ela aumentava ou diminuía a atividade naquela parte do cérebro.
Johansen-Berg explicou que "um aumento na atividade das células do cérebro as torna mais suscetíveis ao tipo de mudança que ocorre durante o aprendizado".
Os resultados do experimento que envolvia apertar os botões em sequência demonstraram os efeitos positivos, em termos do aprendizado, de apenas dez minutos de estímulos ao cérebro, em comparação a um experimento "placebo" no qual não houve estímulo elétrico.
"Os estímulos não melhoraram o desempenho máximo do participante, mas a velocidade com a qual ele alcançava seu ponto de desempenho máximo foi aumentada significativamente", disse Johansen-Berg.
Direcionar o estímulo à área do cérebro que controla a atividade motora permite que tarefas envolvendo movimentos sejam aprendidas mais rápido, e os pesquisadores acreditam que a técnica possa ser usada para auxiliar o treinamento de atletas.
Os experimentos demonstram explicitamente que estimular o córtex motor do cérebro pode aumentar a velocidade do aprendizado de funções motoras.
Os pesquisadores dizem ter esperanças de que o mesmo método possa ser aplicado a outras partes do cérebro para melhorar o aprendizado na educação, simplesmente posicionando-se os eletrodos em locais diferentes de forma que a corrente possa ser direcionada à área correta.
Em função da relativa simplicidade, baixo custo (cerca de US$ 3 mil por unidade) e portabilidade da tecnologia, a equipe acha possível que - após mais pesquisas - aparelhos sejam criados especificamente para uso em casa.
No futuro, Johansen-Berg e sua equipe pretendem investigar as possibilidades de se aumentar o efeito da técnica por meio de estímulos diários durante períodos de algumas semanas ou meses.
No tratamento de pacientes que sofreram derrames, a técnica poderia ser usada em associação com tratamentos atuais de fisioterapia para melhorar o quadro geral de a recuperação dos pacientes, que tende a variar bastante.

BBC Brasil

Refrigerantes podem aumentar pressão arterial, diz estudo

Refrigerantes podem aumentar pressão arterial, diz estudo

BBC
Beber mais de 355 ml diários de refrigerante desregularia a pressão
O consumo de refrigerantes e outras bebidas com grande quantidade de açúcar traz risco de aumento da pressão arterial, segundo afirma um estudo realizado por especialistas americanos e britânicos.
A pesquisa, feita com 2,5 mil pessoas e publicada na revista científica Hypertension, afirma que beber mais de 355 ml diários de bebidas com gás ou sucos de fruta contendo açúcar é o suficiente para desequilibrar a pressão.
Embora o motivo exato desta relação entre pressão e refrigerantes ainda não seja clara, os cientistas acreditam que o excesso de açúcar no sangue prejudica o tônus das veias sanguíneas e desequilibra os níveis de sal no organismo.
Na pesquisa, os participantes - todos americanos e britânicos, com idades entre 40 e 59 anos - anotaram o que haviam comido nas 24 horas anteriores e fizeram um exame de urina, além de terem medida a sua pressão arterial.
De acordo com a pesquisa, para cada lata de bebida com açúcar consumida por dia, os participantes tinham em média uma alta de 1,6mmHg (milímetro de mercúrio) em sua pressão sistólica (quando o coração se contrai e bombeia sangue no corpo).
Já a pressão diastólica - quando o coração relaxa e recebe o sangue do sistema circulatório - teve um acréscimo de 0,8mmHg para cada lata de refrigerante ou suco contendo açúcar bebido por dia.
Os cientistas descobriram que o consumo de açúcar era maior entre aqueles que tomavam mais de uma bebida açucarada por dia.
Além disto, segundo o estudo, os indivíduos que consumiam mais de uma dose diária de refrigerantes e bebidas açucaradas ingeriam em torno de 397 calorias a mais por dia do que as pessoas que bebiam produtos sem açúcar.
A entidade American Heart Association, sediada nos Estados Unidos, recomenda que não se consuma mais do que três latas de refrigerante de 355ml por semana.
Os cientistas também verificaram que, em geral, as pessoas que consumiam muitas bebidas açucaradas tinham dietas menos saudáveis e tinham uma tendência maior para o sobrepeso.
No entanto, segundo o estudo, a ligação entre refrigerantes e o aumento da pressão foi verificada nas pessoas entrevistadas independentemente destes fatores.
Sal e açúcar
No estudo, a relação entre bebidas açucaradas e pressão alta foi muito evidente em pessoas que consomem grandes quantidades tanto de sal quanto de açúcar. Médicos afirmam que o excesso de sal na dieta contribui para o aumento da pressão arterial.
"É amplamente sabido que, se você tiver muito sal em sua dieta, você terá mais chance de ter pressão alta", diz o cientista responsável pelo estudo, Paul Elliott, da Escola de Saúde Pública do Imperial College (Londres).

A pressão alta é o maior fator de risco para doenças cardiovasculares. Médicos estimam que uma pessoa com uma pressão de 135mmHg por 85mmHg tem duas vezes mais chance de ter um enfarte ou um derrame cerebral do que alguém com 114mmHg por 75mmHg.
A entidade British Heart Foundation, com sede no Reino Unido, afirma que mais estudos são necessários para entender melhor a relação entre pressão arterial e açúcar.
A nutricionista-chefe da fundação, Victoria Taylor, diz que evitar o consumo em excesso de bebidas açucaradas é o melhor caminho para impedir a obesidade, outro fator de risco para doenças cardíacas.

BBC Brasil

Fumaça de carro pode levar a ataque cardíaco, diz estudo

Fumaça de carro pode levar a ataque cardíaco, diz estudo


Fumaça de escapamento de carro (SPL)
Risco aumenta cerca de seis horas depois de exposição
Pesquisadores britânicos afirmam que respirar a fumaça expelidas por carros e outros veículos pode levar a um ataque cardíaco.
O risco de um ataque do coração é maior no período de cerca de seis horas depois que a pessoa é exposta à fumaça, para em seguida diminuir, segundo os cientistas.
"Este estudo em larga escala mostra de forma conclusiva que o risco de se ter um ataque do coração aumenta temporariamente, (sendo) em níveis mais altos (de risco) cerca de seis horas depois de se respirar a fumaça de veículos", afirmou o professor Jeremy Pearson, diretor-médico da British Heart Foundation, que ajudou a financiar o estudo que teve participação da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
"Sabemos que a poluição pode causar problemas para a saúde do coração, possivelmente porque 'engrossa' o sangue e aumenta a possibilidade de coágulos."
O estudo, publicado na revista especializada British Medical Journal, afirma que a poluição provavelmente acelera o ataque cardíaco ao invés de causar diretamente o ataque.
Mas, segundo os pesquisadores, a exposição repetida à poluição faz mal à saúde, diminuindo de forma significativa a expectativa de vida.
"Nosso conselho aos pacientes ainda é o mesmo, se você foi diagnosticado com problemas cardíacos, tente evitar passar períodos mais longos em áreas onde há maior possibilidade de níveis altos de poluição ou perto de ruas movimentadas", acrescentou Pearson.
Pacientes
A pesquisa britânica examinou os registros médicos de quase 80 mil pacientes que tinham sofrido ataques cardíacos na Inglaterra e País de Gales. Os cientistas então cruzaram estes dados com as informações sobre poluição do ar.
Isto permitiu que os pesquisadores comparassem os níveis de poluição do ar com os sintomas de ataque do coração para tentar encontrar alguma ligação.
Os dados comparados indicavam que os níveis mais altos de poluição do ar estavam relacionados com o início de um ataque cardíaco seis horas depois da exposição à fumaça. Depois deste prazo, o risco caiu novamente.
Krishnan Bhaskaran, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, que liderou a pesquisa, afirmou que as descobertas sugerem que a poluição não é um dos fatores que mais contribuem para a ocorrência de ataques cardíacos.
O pesquisador cita como exemplo o fato de que ser exposto a níveis médios de poluição, ao invés de níveis baixos, aumenta o risco de um ataque cardíaco em 5%, de acordo com seus cálculos.
"Estes eventos cardíacos teriam acontecido de qualquer jeito", afirmou.
No entanto, Bhaskaran afirmou que as descobertas não mudam o fato de que a exposição crônica à poluição do ar é prejudicial à saúde.
"Dietas pesadas, fumo etc, representam um risco muito maior para ataques cardíacos, mas a poluição vinda dos carros é a cobertura do bolo", disse Jeremy Pearson, da British Heart Foundation

BBC Brasil

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Inveja - O pecado inútil

Inveja - O pecado inútil
O ressentimento em relação aos outros parece ser inato, sobretudo nas pessoas de talento. Por quê? Será o dinheiro, a fama, os carros de luxo ou a beleza física que a desencadeiam? Ou ela nasce simplesmente da nossa insegurança?



Físico Fenomenal Para os homens, um corpo escultural e musculoso é uma das maiores fontes de inveja. Se ele for combinado com a beleza, é ainda mais invejado.
A inveja é um dos sentimentos mais difusos, mas ao mesmo tempo é o que temos maior dificuldade em admitir. É o único pecado capital completamente inútil (ao contrário da gula ou da luxúria); no entanto, é tão poderoso que provoca grande sofrimento em quem o experimenta. Psicólogos e sociólogos ainda não sabem exatamente o que é a inveja nem de onde ela vem. Mas, na história da humanidade, a inveja tem sido a causa de grandes realizações.
A execução dos afrescos da abóbada da Capela Sistina, por exemplo, foi confiada a Michelangelo diante da insistência do grande arquiteto e pintor Bramante (1444-1514). Este último, que invejava o talento e a qualidade do trabalho de Michelangelo, estava convencido de que a pintura em tetos era o seu ponto fraco. Acreditando que Michelangelo não seria capaz de realizá-la, usou de sua influência para que a obra fosse encomendada ao rival. Resultado: Michelangelo criou uma das mais extraordinárias obras-primas da história da arte.
Ao contrário da gula e da luxúria, a inveja é o único pecado capital totalmente inútil. no entanto, é tão poderoso que causa grande sofrimento em quem o experimenta
Sucesso Profissional De acordo com uma pesquisa, 12% dos entrevistados invejam o sucesso profissional alheio, enquanto 39% dos homens admitiram cobiçar a companheira do colega.

Os homens mais invejados

A riqueza vence o charme, pelo menos no que diz respeito aos homens. Segundo pesquisa realizada pela associação norte-americana Brouillard, o homem mais invejado do planeta é Bill Gates, com seu império de informática. Muitos norte-americanos gostariam que ele fosse presidente da República, não apenas por sua riqueza, mas também pela segurança que transmite.
De acordo com uma seleção feita pelo site Premier Training International, entidade inglesa de estudos de fisiculturismo, o segundo lugar no ranking dos mais invejados pertence ao astro que interpretou o agente secreto James Bond nos dois últimos filmes da série 007: Daniel Craig. O ator inglês ocupou o topo no rol dos "corpos mais invejados do mundo". Ele tem um belo rosto, mas, para os homens, ter um físico esculpido e forte é muito mais importante.
A seguir estão as estrelas Brad Pitt e Johnny Depp, mas não apenas por sua beleza: o primeiro, por ser casado com a atriz Angelina Jolie - e, como se sabe, ter uma linda mulher como companheira é uma das maiores fontes da inveja masculina. Já Depp dispensa palavras: desperta a atenção de todos que fazem parte da indústria cinematográfica, pois é belo, charmoso e famoso.
Nicolas Sarkozy encerra a lista: é invejado por sua posição política - é o atual presidente da França -, mas também pela beleza de sua mulher, a modelo Carla Bruni.

Quem é mais invejoso? Muitos psicólogos costumam dizer que são os homens. Uma pesquisa revela que 22% dos entrevistados dizem sentir inveja de quem faz viagens longas, 39% admitem cobiçar a companheira do colega, 12% invejam o sucesso profissional, 6%, o carro e 3%, quem tem uma casa do sonho.
Entre compositores Mozart (representado por Tom Hulce, à esquerda) foi alvo da inveja do compositor italiano Salieri (F. Murray Abraham), como mostra o filme Amadeus, de 1984, sobre a vida do compositor austríaco.
A inveja é fruto da insegurança. Essa é a tese do psicólogo Umberto Galimberti, segundo a qual somos inseguros, não nos conhecemos bem e, por isso, somos invejosos. Para o sociólogo austríaco Helmut Schoeck, a inveja faz parte da natureza humana e pronto. Não há nada a fazer. Os grandes sistemas mitológicos do passado, dos mitos gregos à Bíblia, fazem referências aos invejados e aos invejosos e parecem comprovar a opinião de Galimberti.
A história bíblica de Caim e Abel é um desses exemplos: Caim sente ciúmes da atenção que Deus dá a Abel. Sentindo inveja por acreditar que seu irmão é o preferido do Senhor, Caim assassina Abel. Zeus, o deus supremo da mitologia grega (Júpiter para os romanos), era muito veemente: de tal modo invejava a felicidade e a plenitude do homem que decidiu dividi-lo em dois. Assim, a partir disso, cada um de nós está condenado a procurar sua outra metade.
A palavra inveja vem do latim "invido", de olhar mal, de mau-olhado. Na itália meridional, tirar o mauolhado significa expulsar a inveja
Movido a inveja Um total de 6% dos homens entrevistados inveja aqueles que possuem um carro "poderoso", o modelo do ano, potente e de último tipo.
Não invejamos tanto o sucesso quanto a plenitude e a felicidade (embora o sucesso também seja objeto de desejo e cobiça). "A inveja", prossegue Galimberti, "tende a diminuir a expansão do outro por conta da nossa própria incapacidade de nos expandirmos. Por isso, ela representa uma implosão da vida, um mecanismo de defesa que, na tentativa de salvaguardar a própria identidade, termina por comprimi-la."
Os talentosos correm mais risco de ser invejados do que as pessoas comuns. Segundo o filósofo grego Platão, Sócrates foi condenado pelos democratas que estavam no poder por pura inveja, simplesmente porque ele tinha conquistado a felicidade completa que advém de uma grande sabedoria. Por sua vez, William Shakespeare afirmava que na Roma Antiga os conspiradores assassinaram Júlio César movidos também por pura inveja.

Segundo Platão, sócrates foi condenado pelos democratas que estavam no poder por pura inveja, apenas porque ele tinha conquistado a felicidade completa que advém da sabedoria
Vá para o inferno O maior pecado de Lúcifer foi a inveja: queria ser Jesus e, por isso, acabou no inferno.
O estadista, orador e filósofo romano Marco Túlio Cícero (106 a.C. - 43 a.C.) sustentava que a inveja é o pior dos males. O filósofo Friedrich Nietzsche disse que o mundo todo invejava Napoleão Bonaparte por sua grandeza. Famosíssima também é a inveja que o compositor italiano Antonio Salieri sentia de Mozart - alguns afirmam, inclusive, que a inveja que ele nutria pelo compositor austríaco o levou a assassiná-lo. Mesmo que essa história de envenenamento seja apenas um boato, o poeta e escritor russo Alexander Sergeevich Pushkin (1799-1837) acreditou nela e, em 1830, escreveu o pequeno drama em versos Mozart e Salieri (originariamente intitulado Inveja). Na obra, Salieri, tomado de inveja do jovem músico, encomenda para o rival um réquiem, com a intenção de roubar a obra e depois envenená-lo.


As mulheres mais invejadas
Segundo várias pesquisas norte-americanas (uma das últimas divulgadas foi a da Isaps, entidade que agrupa importantes personalidades e empresas do mundo da estética), Angelina Jolie é a mulher mais invejada do mundo, por sua beleza e pelo seu belo marido, o ator Brad Pitt.
De acordo com as mulheres, uma mulher bonita com um marido bonito sempre exerce fascínio. A diva Jennifer Aniston, de quem Angelina Jolie "roubou" Brad Pitt, se consola: "Angelina ganhou somente pelos seus cabelos", conforme declarou à revista Hair Magazine. Não é pouco: na escala de valores femininos, o ponto fraco das mulheres é o cabelo, seguido da pele.
O segundo lugar da pesquisa ficou com a atriz Nicole Kidman. Sua colega, a atriz e modelo Liz Hurley, celebridade que desfilou nas mais importantes passarelas internacionais, despertou a inveja dos ingleses por seu matrimônio milionário com o empreendedor indiano Arun Nayar. A última colocada é a atriz Valeria Golino, a quarentona que é muito invejada pelo seu noivo, Ricardo Scarmacio. Além de lindo, ele é bastante jovem - tem 30 anos.


O poder da inveja costuma ir bem mais além do que em geral supomos. Para o economista norueguês Jon Elster, "emoções como o sentimento de culpa, a inveja, a indignação e a vergonha, combinadas com outras motivações de interesse individual, desenvolvem um papel bastante significativo na determinação do comportamento social e econômico".
Para muitos sociólogos, a inveja é um dos pilares básicos da revolução proletária: não gosto da sua riqueza, mas é justo que todos possuam os mesmos bens. Melhor tudo igual, mesmo que nivelado por baixo
Na Bíblia Por acreditar que o seu irmão é o preferido de Deus, Caim, sentindo inveja, assassina Abel.
Segundo Nietzsche, a inveja é a base da sociedade igualitária. Em Humanos são humanos, ele escreveu: "O invejoso, quando enaltece a ascensão social do outro, acima da ação comum, pretende rebaixá-lo ao máximo." Segundo muitos sociólogos, a inveja é um dos pilares básicos da revolução proletária: não gosto da sua riqueza, mas é justo que todos possuam os mesmos bens que você possui. Melhor tudo igual, mesmo que tudo fique nivelado por baixo.
Uma das características do invejoso é manifestar desprezo pelo objeto invejado. A fábula A raposa e as uvas, de Esopo, ilustra bem essa situação: não podendo alcançar as uvas que pendiam do alto da parreira, a raposa vai embora afirmando não querer as frutas porque elas não estavam maduras.

Revista planeta

A violência começa na mente - continuação parte 3

POR FABÍOLA MUSARRA- Revista Planeta

 
Os novos gladiadores
Segundo o psicólogo Jeffrey H. Goldstein, “as pessoas que assistem a um esporte agressivo tendem a ficar agressivas”. Em uma espécie de busca de identificação, no estádio a violência é quase contagiosa. E isso não é só um fato recente: no ano 59, uma violenta luta nos jogos entre gladiadores das cidades italianas de Pompeia e de Nocera acabou em tumulto generalizado das duas torcidas, fazendo o anfiteatro de Pompeia, palco das lutas, ficar fechado por dez anos, segundo o que descreve um episódio narrado pelo historiador romano Cornélio Tácito (56-120). Futebol “hooligânico” (dos hooligans, como são chamados os ingleses que integram algumas das mais violentas torcidas organizadas de futebol do mundo) é o nome que a literatura dá a um certo tipo de fanatismo futebolístico. Não parece, mas esse fanatismo tem uma estrutura muito organizada, com hierarquias precisas. A “manada humana” fornece uma identidade: o chefe, o comandante no campo e outros. Mas atrás de toda essa estrutura bem organizada escondem-se personalidades fracas. O inimigo se torna o outro; assim, a ordem é usar a força, como num campo de batalha. O mesmo acontece com outras equipes: encaram o time adversário como o inimigo, enfrentando-o como se estivessem em uma guerra. Em outras ocasiões, o próprio evento é violento, como é o caso do Palio de Siena, uma corrida de cavalos que acontece na cidade italiana de Siena desde o século 17, em honra a Nossa Senhora. Dezessete bairros participam dessa corrida e seus habitantes desfilam pela Piazza del Campo com trajes tradicionais e bandeiras, mas a corrida em si é feita somente por dez cavalos de três bairros, que são escolhidos por sorteio. Cada animal tem suas cores e o hino. Ganha o cavalo que chegar primeiro, após três voltas ao redor da praça, mesmo que o jóquei já tenha caído.
SER UM POUCO AGRESSIVO FAZ BEM. ATÉ PORQUE A AGRESSIVIDADE É UMA RESPOSTA HUMANA A UMA DEMANDA DE DEFESA NATURAL DE TERRITÓRIO
Em 1993, Han Brunner, geneticista da Universidade de Nimega (Holanda), publicou uma teoria afirmando que o comportamento agressivo é uma herança genética, que ocorre devido a uma mutação do gene pela enzima monoamino oxidase (MAO). Genes à parte, não é fácil manter o equilíbrio dos neurotransmissores cerebrais, pois são muitas as interferências. Mesmo assim, o cérebro geralmente consegue fazer isso. Às vezes, porém, a balança pende desproporcionalmente para um dos lados e os efeitos são palpáveis. No caso da serotonina, a deficiência está ligada à depressão e à falta de motivação. Já o seu excesso leva a outro extremo: a agressividade. Lembrese: no ser humano, o comportamento agressivo sempre anda ao lado do excesso de serotonina e de noradrenalina no cérebro.
Sobre a origem genética da violência, a comunidade científica é cética. Ser um pouco agressivo faz bem. Até porque é uma resposta a uma demanda de defesa natural do território. Mas apenas se falarmos da raiva construtiva, aquela que serve para levar para casa um resultado positivo. O resto é o resto. Os homens são mais agressivos que as mulheres, pois apresentam níveis mais altos de testosterona (hormônio masculino), que é a base de um comportamento irracional. Eis por que as mulheres mais raramente erguem a mão: não é porque são menos fortes fisicamente, mas porque são menos agressivas. Existe ainda quem não sabe ficar enfurecido e acha melhor usar a chamada “inteligência emocional”: não responder às provocações e manter a calma em vez de utilizar modos menos eficazes para não perder o controle. Um exemplo: se o adversário é um ótimo pai, mas um péssimo chefe, melhor conversar sobre seu filho. Com calma e muito devagar, ele acabará confiando em você. Considerando-se a incapacidade dele, você calmamente o ajudará a entender questões mais delicadas. E, desse jeito, você obterá melhores resulados.
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Homens X Mulheres
Inveja e dInheIro: muitas vezes, a violência entre um casal nasce fundamentalmente por estes dois motivos. E o quem vem a seguir é sempre a mesma coisa.