POR FABÍOLA MUSARRA- Revista Planeta
Os novos gladiadores
Segundo o psicólogo Jeffrey H. Goldstein, “as pessoas que assistem a um esporte agressivo tendem a ficar agressivas”. Em uma espécie de busca de identificação, no estádio a violência é quase contagiosa. E isso não é só um fato recente: no ano 59, uma violenta luta nos jogos entre gladiadores das cidades italianas de Pompeia e de Nocera acabou em tumulto generalizado das duas torcidas, fazendo o anfiteatro de Pompeia, palco das lutas, ficar fechado por dez anos, segundo o que descreve um episódio narrado pelo historiador romano Cornélio Tácito (56-120). Futebol “hooligânico” (dos hooligans, como são chamados os ingleses que integram algumas das mais violentas torcidas organizadas de futebol do mundo) é o nome que a literatura dá a um certo tipo de fanatismo futebolístico. Não parece, mas esse fanatismo tem uma estrutura muito organizada, com hierarquias precisas. A “manada humana” fornece uma identidade: o chefe, o comandante no campo e outros. Mas atrás de toda essa estrutura bem organizada escondem-se personalidades fracas. O inimigo se torna o outro; assim, a ordem é usar a força, como num campo de batalha. O mesmo acontece com outras equipes: encaram o time adversário como o inimigo, enfrentando-o como se estivessem em uma guerra. Em outras ocasiões, o próprio evento é violento, como é o caso do Palio de Siena, uma corrida de cavalos que acontece na cidade italiana de Siena desde o século 17, em honra a Nossa Senhora. Dezessete bairros participam dessa corrida e seus habitantes desfilam pela Piazza del Campo com trajes tradicionais e bandeiras, mas a corrida em si é feita somente por dez cavalos de três bairros, que são escolhidos por sorteio. Cada animal tem suas cores e o hino. Ganha o cavalo que chegar primeiro, após três voltas ao redor da praça, mesmo que o jóquei já tenha caído.
SER UM POUCO AGRESSIVO FAZ BEM. ATÉ PORQUE A AGRESSIVIDADE É UMA RESPOSTA HUMANA A UMA DEMANDA DE DEFESA NATURAL DE TERRITÓRIO
Em 1993, Han Brunner, geneticista da Universidade de Nimega (Holanda), publicou uma teoria afirmando que o comportamento agressivo é uma herança genética, que ocorre devido a uma mutação do gene pela enzima monoamino oxidase (MAO). Genes à parte, não é fácil manter o equilíbrio dos neurotransmissores cerebrais, pois são muitas as interferências. Mesmo assim, o cérebro geralmente consegue fazer isso. Às vezes, porém, a balança pende desproporcionalmente para um dos lados e os efeitos são palpáveis. No caso da serotonina, a deficiência está ligada à depressão e à falta de motivação. Já o seu excesso leva a outro extremo: a agressividade. Lembrese: no ser humano, o comportamento agressivo sempre anda ao lado do excesso de serotonina e de noradrenalina no cérebro.
Sobre a origem genética da violência, a comunidade científica é cética. Ser um pouco agressivo faz bem. Até porque é uma resposta a uma demanda de defesa natural do território. Mas apenas se falarmos da raiva construtiva, aquela que serve para levar para casa um resultado positivo. O resto é o resto. Os homens são mais agressivos que as mulheres, pois apresentam níveis mais altos de testosterona (hormônio masculino), que é a base de um comportamento irracional. Eis por que as mulheres mais raramente erguem a mão: não é porque são menos fortes fisicamente, mas porque são menos agressivas. Existe ainda quem não sabe ficar enfurecido e acha melhor usar a chamada “inteligência emocional”: não responder às provocações e manter a calma em vez de utilizar modos menos eficazes para não perder o controle. Um exemplo: se o adversário é um ótimo pai, mas um péssimo chefe, melhor conversar sobre seu filho. Com calma e muito devagar, ele acabará confiando em você. Considerando-se a incapacidade dele, você calmamente o ajudará a entender questões mais delicadas. E, desse jeito, você obterá melhores resulados.
Homens X Mulheres Inveja e dInheIro: muitas vezes, a violência entre um casal nasce fundamentalmente por estes dois motivos. E o quem vem a seguir é sempre a mesma coisa. |
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