sábado, 16 de março de 2013

Carboidrato à noite? Está liberado!

Carboidrato à noite? Está liberado!

Sabe aquele papo de que comer massas, pães, arroz e outros itens ricos em carboidrato após anoitecer seria quase um sacrilégio? Pois um estudo israelense não só enterra esse mito como sugere o contrário: o consumo do nutriente nesse horário aplaca a fome durante o dia, facilitando a perda de peso por Thaís Manarini | design Laura Salaberry | fotos Alex Silva
Revista Saúde vital


Todos os anos, no nono mês do calendário islâmico, os muçulmanos dão início ao Ramadã. O período sagrado, com duração de 30 dias, celebra a revelação do Corão a Maomé e é marcado por determinadas restrições. Uma delas é jejuar desde o amanhecer até o sol se pôr. Só depois, com o cair da noite, é que as refeições estão, finalmente, liberadas. Esse baita chacoalhão nos hábitos alimentares acabou por despertar o interesse da ciência. Estudos mostraram, por exemplo, uma alteração nos padrões de liberação da leptina, hormônio que sinaliza para o cérebro que é hora de soltar o garfo.



Inspirados por esse dado, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, decidiram investigar o que acontece com a saciedade e a saúde de quem espera o jantar para comer carboidratos. Na pesquisa, vale frisar, foi observado o sobe e desce não só da leptina mas de outros dois importantes hormônios: a grelina e a adiponectina. "A primeira desencadeia a fome, e a segunda, entre várias funções, facilita a ação da insulina", resume o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, vice-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, a Abeso.



Emagrecer sem sentir fome é um dos grandes segredos para não sabotar a dieta




A experiência israelense contou com a participação de 78 policiais gordinhos. Eles seguiram uma dieta de aproximadamente 1 500 calorias, composta de 20% de proteínas, de 30 a 35% de gorduras e de 45 a 50% de carboidratos - ou seja, equilibrada e digna de quem deseja caber em uma calça dois números menor. A diferença crucial é que, enquanto uma parte dos voluntários podia distribuir o consumo dos carboidratos no decorrer do dia, a outra foi orientada a concentrar a ingestão desse macronutriente no mítico período noturno.



Depois de seis meses, todo mundo eliminou, em média, 10 quilos. Porém, o que realmente surpreendeu foi a mudança no padrão de secreção hormonal daqueles que esperaram o sol se despedir para levar o carboidrato à mesa. "A leptina, substância que diminui o apetite, subiu durante o dia, momento em que não houve pico de grelina, o hormônio da fome", descreve a nutricionista Rávila Graziany, da Universidade Federal de Goiás. "Esse padrão provavelmente explica o fato de esse grupo ter apresentado índices bem maiores de saciedade", conclui.



No dia a dia, o resultado representaria grande vantagem para quem trava uma batalha contra o ponteiro da balança. "Se a pessoa emagrece e, ao mesmo tempo, sente menos vontade de comer, há mais chances de ela se manter fiel à dieta", calcula o nutricionista e farmacêutico bioquímico Gabriel de Carvalho, membro do Conselho Regional de Nutricionistas do Rio Grande do Sul.



Mas não é só por isso que a análise da Universidade Hebraica gera grande interesse e - por que não? - alegria. "Ela quebra aquele paradigma de que não se deve comer carboidratos à noite", avalia o endocrinologista Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sbem. Paradigma, diga-se de passagem, que nunca teve comprovação científica. "Os verdadeiros responsáveis pelo ganho de peso são a ingestão exagerada de calorias, a alimentação desequilibrada e o sedentarismo", enumera a nutricionista Joyce Gouveia, da Divisão de Nutrição e Dietética do Hospital das Clínicas de São Paulo.



Outro argumento que advoga em favor do macarrão no jantar é que o hormônio adiponectina apareceu em níveis bem mais elevados entre aqueles que apostaram na dieta, digamos, inusitada sugerida pelos estudiosos. "Essa substância é considerada protetora, uma vez que favorece a ação da insulina e, consequentemente, o aproveitamento da glicose pelas células", aponta o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "Dessa forma, o risco de desenvolver diabete despenca."



Reduzir a gordura abdominal afasta um monte de doenças




A adiponectina igualmente exerce um efeito anti-inflamatório e, por isso, ter uma boa quantidade desse hormônio passeando pelo corpo é capaz de beneficiar cérebro, coração, fígado... Enfim, todos os órgãos que sofrem com a inflamação decorrente da obesidade. Aqui, devemos ser justos: não foi só a adiponectina que tornou o quadro menos desastroso. A turma que comeu carboidrato à noite também viu a proteína C-reativa - um indicador do estado inflamatório - sofrer uma queda vertiginosa, de quase 28%. No outro grupo, a redução foi de apenas 5,8%. "Atualmente, esse é um dos principais marcadores associados a doenças cardiovasculares", informa o nutricionista Gabriel de Carvalho.



Ou seja, sofrer um infarto ou derrame se tornou uma realidade mais distante para esse pessoal, já que, de quebra, eles viram as taxas de colesterol HDL subir. A versão é aclamada porque faz uma faxina na circulação, varrendo o colesterol que seu parente de má índole, o LDL, deixa para trás. Esse tipo traiçoeiro, só para constar, deu as caras em menores quantidades em todos os voluntários, assim como os triglicerídeos. "A melhora desses parâmetros foi surpreendente e é muito bem-vinda para a saúde geral do indivíduo", avalia o endocrinologista Filippo Pedrinola, de São Paulo.



Um dos principais patrocinadores de todas essas benesses nos participantes foi a perda de gordura estocada na cintura, região na qual é produzida uma série de hormônios. Apesar de os pesquisadores não terem se debruçado sobre esse aspecto, sabe-se que as dobrinhas na área têm relação até com o câncer. "Quando a circunferência abdominal é avantajada, há maior produção de insulina. E esse hormônio impulsiona uma molécula chamada IGS1, que está por trás de tumores no intestino grosso, esôfago, ovário, entre outros", esmiúça Pedrinola.



Mas nada disso é motivo para lotar o prato de carboidratos em todas as refeições. Em excesso, o macronutriente induz exatamente o oposto de todas as benfeitorias descritas ao longo da reportagem, começando pela disparada do peso corporal. O que muda na história é que agora ninguém precisa dispensar um saboroso jantar - com arroz ou batata - para se manter magro e saudável.



Sabotadores da saciedade
Certos medicamentos, como algumas classes de antidepressivos, podem atuar no centro de fome e saciedade. "Daí o risco de engordar", observa Amélio Godoy Matos, da Sbem. Para a mulher, outro fator que mexe no apetite é a TPM. "Com a baixa de serotonina, ela tende a procurar mais carboidratos", justifica Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein.



A dança dos hormônios
Conheça melhor as moléculas estudadas pelos cientistas israelenses




Leptina O nome vem do grego leptos, que significa magro. E o motivo é justo: ao alcançar o cérebro por meio da corrente sanguínea, esse hormônio se liga a determinados receptores no hipotálamo, desencadeando a sensação de barriga cheia. A leptina é produzida no tecido adiposo e, por isso, até está aumentada nos mais cheinhos. Só que eles são resistentes à sua ação. O pico de produção costuma acontecer à noite e nas primeiras horas do dia. No estudo, entretanto, quem comeu carboidratos depois do pôr do sol apresentou mais leptina durante a tarde, o que resultou em uma maior saciedade.



Grelina A alcunha se origina do proto-indo-europeu ghre, correspondente, em inglês, a grow, que quer dizer crescer. Isso porque uma de suas principais funções é justamente estimular a liberação do GH, hormônio que, entre outras coisas, faz as crianças espicharem. Talvez para facilitar essa tarefa, a grelina também promoveria o apetite. Sua concentração costuma ser alta durante o jejum ou em períodos que antecedem as refeições, caindo logo após nos alimentarmos. No grupo da dieta experimental, o pico de liberação desse hormônio se desviou para a noite, o que pode ter culminado em maior controle da fome.



Adiponectina Possui propriedades antiaterogênicas - ou seja, evita o depósito de gorduras nas artérias - e anti-inflamatórias. Além disso, dá uma força à ação da insulina, reduzindo o risco de diabate. Assim como a leptina, é fabricada pelo tecido adiposo. Mas curiosamente as taxas de adiponectina caem à medida que a massa gorda aumenta. É que, ao ganhar volume, a célula de gordura passa a secretar outras substâncias - estas pró-inflamatórias - de forma intensa. Na pesquisa israelense, houve um salto nos níveis de adiponectina quando a ingestão de carboidratos ocorreu ao escurecer.



Carboidratos simples
São aqueles compostos de moléculas menores, os dissacarídeos. Como consequência, levam pouco tempo - em média, 15 minutos - para alcançar a corrente sanguínea. Para quem precisa de energia imediata, são boas pedidas. "Contudo, eles contribuem para picos glicêmicos, o que pode ocasionar o ganho de peso e prejudicar quem tem diabete", informa a nutricionista Joyce Gouveia, do Hospital das Clínicas. Os doces e o açúcar das frutas estão nesse time.



Carboidratos complexos
Formados por polissacarídeos, eles demandam um tempo de digestão de até duas horas. "Nesse grupo estão os cereais, a exemplo do arroz, da aveia e do trigo, e seus derivados, como pães, massas e farinhas, além de tubérculos e raízes", lista Joyce. As opções integrais são as mais vantajosas, porque reúnem boas doses de fibras e, assim, dão saciedade extra e têm menor impacto glicêmico - isso significa que mandam glicose para o sangue gradualmente.



A tal carga glicêmica
Antes de julgar um alimento tomando como base apenas a velocidade com que ele dispara a glicose no sangue, é bom saber que algumas combinações podem ser favoráveis por causa da carga glicêmica final. Um exemplo: não tem problema se entregar a uns quadradinhos de chocolate ao final de uma refeição, desde que essa tenha sido fonte de carboidratos complexos, preferencialmente os integrais. O mesmo raciocínio serve para as frutas. Se consumi-las com casca ou bagaço, dá para escapar dos picos de glicemia.
Revista Saúde Vital

quinta-feira, 14 de março de 2013

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico




Cientistas acreditam ter encontrado sinais de que fragmentos de um continente antigo estão soterrados abaixo do solo do Oceano Índico.
Os pesquisadores dizem que o fragmento é de um continente que teria existido de entre 2 bilhões e 85 milhões de anos atrás.
A faixa foi batizada pelos cientistas de "Mauritia". Com o tempo, a terra se fragmentou e desapareceu sob as ondas do mundo moderno que se formou no lugar.
O estudo foi publicado na revista científica Nature Geoscience.

Teorias

Há até 750 milhões de anos, toda a massa terrestre do Planeta estava concentrada em um continente gigante, chamado de Rodínia pelos cientistas.
Países que hoje estão a milhares de quilômetros de distância – como Índia e Madagascar – ficavam lado a lado.
A nova pesquisa sugere que havia um "microcontinente" entre Índia e Madagascar. Os cientistas pesquisaram grãos de areia de Maurício, um país localizado no Oceano Índico.
Os grãos se originaram em uma erupção vulcânica que ocorreu há nove milhões de ano. Mas apesar disso, eles contém minerais que são de um período ainda mais antigo.
Seicheles
Cientista especula que Seicheles já fez parte de continente que existiu entre Índia e Madagascar
"Nós encontramos zircão, que foi extraído das areias da praia, e isso é algo que se encontra tipicamente na crosta continental. Elas são de uma era muito antiga", disse o professor Trond Torsvik, da Universidade de Oslo.
O zircão é datado de entre 1970 e 600 milhões de anos atrás, e a equipe concluiu que os restos da terra antiga foram levados para a superfície da ilha durante uma erupção vulcânica.
O professor disse acreditar que pedaços do continente poderiam estar 10 quilômetros abaixo de Maurício e sob o solo do Oceano Índico.
A existência do continente teria atravessado diferentes éons da Terra – desde o Pré-Cambriano, quando não havia vida na terra, ao período em que surgiram os dinossauros.
Mas há 85 milhões de anos, quando a Índia começou a se separar de Madagascar em direção à sua posição atual, o microcontinente teria se desfragmentado – e eventualmente desaparecido sob as ondas.
No entanto, uma parte pequena do microcontinente pode ter sobrevivido, especulam os pesquisadores.
"No momento, as (ilhas) Seicheles são um pedaço de granito, ou crosta continental, que está praticamente assentada no meio do Oceano Índico", diz Torsvik.
"Mas houve uma época em que ficavam logo ao norte de Madagascar. E o que estamos dizendo é que talvez isso fosse muito maior, e que esses fragmentos continentais estão espalhados pelo oceano."
Essas teorias ainda precisam ser confirmadas com mais pesquisa.
"Nós precisamos de dados sísmicos que possam formar uma imagem desta estrutura... isso seria a prova definitiva. Ou é preciso perfurar profundamente, mas isso custaria muito dinheiro", diz Torsvik.
BBC Noticias Brasil

Neandertal desapareceu devido a olhos grandes, diz estudo

Neandertal desapareceu devido a olhos grandes, diz estudo


Foto: Natural History Museum, Londres
O crânio do Neandertal (esq.) apresenta olhos maiores do que os do crânio de um humano moderno
Um estudo da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, sugere que os Neandertais foram extintos pois tinham olhos maiores do que o da nossa espécie, o Homo Sapiens.
A equipe de pesquisadores britânicos explorou a ideia de que os ancestrais dos Neandertais saíram da África e tiveram que se adaptar às noites mais longas e escuras da Europa. Como resultado, os Neandertais desenvolveram olhos maiores e a área do cérebro para processar a visão teve que aumentar.
Devido a este fato, a capacidade de processamento de informações e pensamentos ficou prejudicada entre os Neandertais.
Os homens de Neandertal viveram na Europa há cerca de 250 mil anos. Eles coexistiram e interagiram por um curto período de tempo com o Homo sapiens.
Os humanos que permaneceram na África, por sua vez, continuaram a aproveitar um clima melhor e, por isso, não precisaram deste tipo de adaptação. Ao invés disso, nossos ancestrais tiveram uma evolução no lobo frontal do cérebro, associado com pensamentos mais complexos, antes de se espalharem pelo mundo.
Eiluned Pearce, da Universidade de Oxford, checou esta teoria comparando os crânios de 32 Homo sapiens e 13 crânios de Neandertais.
A cientista descobriu que os Neandertais tinham as órbitas, em média, seis milímetros maiores.
Apesar de parecer pouco, a cientista afirma que foi o bastante para que os Neandertais precisassem usar uma parte significativamente maior de seus cérebros para processar a informação visual.
"Desde que os Neandertais evoluíram em latitudes mais altas, uma parte maior do cérebro Neandertal teria sido dedicada à visão e controle corporal, deixando uma área menor do cérebro para lidar com outras funções como interações sociais", afirmou a cientista à BBC.
Chris Stringer, especialista em origens dos homens do Museu de História Natural de Londres e que também participou da pesquisa, concorda com a conclusão de Pearce.
"Deduzimos que os Neandertais tinha uma parte cognitiva do cérebro menor e isto os teria limitado, inclusive na habilidade de formar grupos maiores. Se você vive em um grupo maior, precisa de um cérebro maior para processar todos aqueles relacionamentos extras", afirmou.
Esta característica dos Neandertais também pode ter afetado sua capacidade de inovar e se adaptar à era do gelo que teria contribuído para sua extinção.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedings of the Royal Society B.

Roupas

Existem provas arqueológicas, por exemplo, de que o Homo sapiens que coexistiu com os Neandertais tinha agulhas que usava para fazer roupas. Isto os teria mantido mais aquecidos do que as mantas sem costura que os Neandertais teriam usado.
Stringer afirma que todos estes fatores juntos podem ter dado à nossa espécie uma vantagem crucial para a sobrevivência.
"Mesmo se você tivesse uma capacidade um pouco maior de reagir rapidamente, de contar com a ajuda de seus vizinhos para sobreviver e de passar informações, todas estas coisas juntas deram a vantagem ao Homo sapiens em relação aos Neandertais, e isto fez a diferença para a sobrevivência."
Esta última descoberta está em contradição com uma outra pesquisa que afirma que os Neandertais não eram as criaturas estúpidas ou grosseiras mostradas em filmes de Hollywood, mas podem ter sido inteligentes.
Robin Dunbar, que supervisionou esta pesquisa também na Universidade de Oxford, afirmou que sua equipe queria evitar os estereótipos ligados aos Neandertais.
"Eles eram muito, muito espertos, mas não no mesmo nível que o Homo sapiens. Aquela diferença pode ter sido o bastante para mudar o equilíbrio quando as coisas começaram a ficar difíceis no final da última era do gelo", afirmou.
Até o momento, o conhecimento dos pesquisadores em relação ao cérebro do Neandertal era baseado em moldes de gesso dos crânios. Isto deu aos cientistas uma indicação do tamanho e estrutura do cérebro, mas não deu nenhuma indicação real de como o cérebro do Neandertal era diferente do cérebro humano.
O último estudo é uma abordagem mais imaginativa para tentar desvendar a questão.
As pesquisas anteriores de Eiluned Pearce mostraram que os humanos modernos que viviam em latitudes mais altas desenvolveram maiores áreas de visão no cérebro para lidar com níveis de luz mais baixos. Mas não há indicação de que as habilidades cognitivas superiores tenham sido afetadas.
Estudos realizados em primatas mostraram que o tamanho dos olhos é proporcional à quantidade de espaço no cérebro voltada para os processos visuais, então os pesquisadores presumiram que isto também se aplicaria aos Neandertais.

terça-feira, 5 de março de 2013

Células de câncer aproveitam 'caos' para se reproduzir

Células de câncer aproveitam 'caos' para se reproduzir


DNA Humano (Arquivo/BBC)
Células de câncer no intestino sofreram o 'estresse de replicação de DNA'
Uma pesquisa britânica explicou a forma como as células de câncer se aproveitam do 'caos' de seu código genético para se espalhar pelo corpo.
Segundo os cientistas responsáveis pelo estudo, as células de câncer que formam um tumor são muito diferentes entre si e, assim, tornam-se mais resistentes aos medicamentos, facilitando sua proliferação.
A pesquisa, publicada na revista especializada Nature, constatou que as células de câncer que usavam sua matéria-prima ficavam "estressadas" e cometiam erros ao fazer cópias de seus códigos genéticos.
A maioria das células normais no corpo humano tem 46 cromossomos. No entanto, algumas células cancerosas podem ter mais de 100 cromossomos.
Além disso, tal padrão é inconsistente: células cancerosas podem ter números diferentes de cromossomos entre si.
Para os cientistas, essa diversidade ajuda os tumores a não serem afetados pelos tratamentos e a 'colonizarem' novas partes do corpo.

Caos e ordem

Os cientistas da organização Cancer Research UK e do Instituto do Câncer do University College de Londres tentam descobrir como o câncer se transforma em algo tão diverso, com células tão diferentes entre si.
Anteriormente se acreditava que, quando uma célula cancerosa se separava para criar duas novas células, os cromossomos não eram divididos de forma igual entre as duas.
No entanto, Charles Swanton, que liderou a pesquisa, realizou exames células de um câncer no intestino e concluiu que "há pouca prova" de que isso ocorre.
Cânceres são levados a fazer cópias deles mesmos. No entanto, se as células cancerosas não têm mais os tijolos de construção de seu DNA, elas desenvolvem o chamado "estresse de replicação de DNA".
De acordo com a pesquisa, é a partir desse "estresse" que surgem os erros e os tumores diversos.
"É como construir uma ponte sem todos os tijolos e cimento o bastante para as fundações. Contudo, se você pode fornecer os blocos de DNA, você pode reduzir o estresse de replicação e limitar a diversidade nos tumores, o que pode ser terapêutico", afirmou Swanton.
O professor admitiu que "parece errada" a ideia de que pode ser terapêutico fornecer o combustível para o crescimento de um câncer.
Mas o pesquisador afirmou que o estudo prova que o estresse de replicação era a raiz do problema e que novas ferramentas podem ser desenvolvidas para lidar com isso.
Os pesquisadores identificaram três genes perdidos com frequência em células de câncer de intestino diferentes, que foram muito importantes para o câncer que está passando pelo processo de estresse de replicação de DNA. Todos estavam localizados em uma região do cromossomo 18.
"Esta região do cromossomo 18 é perdida em muitos tipos de câncer, sugerindo que este processo não é visto somente no câncer de intestino", afirmou o professor Nic Jones, cientista-chefe da organização Cancer Research UK.
"Cientistas agora podem começar a procurar formas de evitar que isto ocorra ou usar esta instabilidade contra o câncer", acrescentou.
Os próximos estudos vão investigar se esse mesmo estresse causa a diversidade em outros tipos de tumores.
BBC Notícias Brasil

Médicos querem refrigerantes mais caros para combater obesidade

Médicos querem refrigerantes mais caros para combater obesidade


Refrigerante. BBC
Para associação de médicos, refrigerantes são "água e açúcar" e devem ser regulados
A Real Academia de Médicos da Grã-Bretanha propôs um aumento de 20% no preço dos refrigerantes para combater a obesidade no país.
Em um relatório, a associação médica diz que a obesidade é responsável por uma "grande crise" de saúde no país. A Grã-Bretanha é um dos países com maior proporção de obesos no mundo. Cerca de um quarto dos britânicos estão acima do peso e a expectativa é de que esse número dobre até 2050.
Além da taxação, a associação defende ainda o fim da publicidade de produtos com alta concentração de gordura saturada, sal e açúcar até às 21h e a redução de pontos de venda de fast food próximo às escolas.
Um aviso específico para crianças com a quantidade de calorias deve estar no rótulo dos alimentos, segundo a associação.
A associação também querem que o governo destine mais dinheiro ao serviço público de saúde para cirurgias de redução de estômago.
Porta-vozes da indústria alimentícia reagiram o relatório dizendo ele pouco acrescenta ao debate sobre a obesidade.

Discussão

Junk food. PA
Associação quer menos pontos de venda de comida perto das escolas britânicas
O diretor da academia, Terence Stephenson, disse que não há uma "bala de prata" para atacar a obesidade e que é preciso mudar a cultura de alimentação. Ele defende uma estratégia similar à do combate ao cigarro.
"Foi preciso o fim da publicidade (do cigarro) e a redução do mercado, além de atividades esportivas para ajudar as pessoas a largar o fumo", diz.
Stephenson também atacou a indústria alimentícia ao dizer que refrigerantes, por exemplo, são apenas "água e açúcar". Ele criticou ainda os hábitos alimentares em muitos países, onde é habitual "beber um litro de refrigerante no cinema".
Para Stephenson, a taxação "encorajaria as pessoas a tomar bebidas mais saudáveis".
Para Terry Jones, da Federação de Comida e Bebida, o relatório é pouco relevante.
"Uma coleção de ideias desequilibradas aparentemente sob forte influência de grupos de pressão", disse, ao classificar o documento.
A Associação Britânica de Refrigerantes também se pronunciou contra, dizendo que esse tipo de bebida contribui com "apenas 2%" do total de calorias de uma dieta média.

Tentação

O cardiologista Aseem Malhotra disse que recebe mais e mais pacientes com doenças relacionadas à obesidade.
"A raiz do problema é o ambiente da alimentação. É como dizer às crianças para ir à uma loja de doces e não comprar doces", disse, em referência à alta oferta de produtos com grande teor calórico.
"Há uma oferta excessiva de comidas baratas com açúcar e uma regulação é claramente necessária", disse.

BBC Notícias Brasil

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Colágeno para as articulações

Colágeno para as articulações

As funções dessa proteína vão bem além de manter a pele firme. Ela atua na prevenção de doenças como osteoartrite, que incapacita muita gente de levar o dia a diapor Adriana Toledo | fotos Alex Silva
Estampado nos rótulos de xampus, hidratantes e produtos alimentícios, ele figura no imaginário popular como sinônimo de uma pele firme e de cabelos resistentes, devido às suas propriedades de sustentação e elasticidade. Menos popular e mais vital, porém, é a sua capacidade de fortalecer as cartilagens. "Essas estruturas é que atenuam o atrito entre os ossos, evitando a osteoartrite, ou seja, a inflamação das articulações, que ficam desgastadas especialmente nos quadris, nas mãos, nos ombros e nos joelhos", esclarece a nutricionista Nadia Brito, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. "O quadro se acentua com o o envelhecimento e com o sobrepeso", alerta.


A comida, diga-se, não entrega o colágeno de mão beijada. Mas as refeições abrigam a matéria-prima para sua fabricação dentro das células cartilaginosas. "Batizadas de condroblastos, essas unidades se valem dos aminoácidos glicina, prolina e hidroxiprolina, partículas proteicas provenientes dos alimentos de origem animal - como carnes vermelhas e ovos -, prontas para formar moléculas maiores, os peptídeos", descreve, em detalhes, a nutricionista Andrea Frias, coordenadora do Centro de Pesquisas Sanavita, em São Paulo. "São esses peptídeos que dão origem às fibras colágenas, capazes de amortecer o impacto articular com força comparável à de um fio de aço."


Acontece que, a partir dos 30 anos de idade, essa fábrica celular de colágeno "desacelera cerca de 1% ao ano", como avisa Nadia. E a situação se agrava para o time feminino após a menopausa. "Os ovários deixam de liberar o hormônio estrogênio, que estimulava a síntese de colágeno a pleno vapor", justifica Andrea. "Por isso, sua produção despenca, em média, 30% nos primeiros cinco anos dessa fase e, depois dela, uns 2% anualmente." A boa notícia é que é possível evitar esse prejuízo com um cardápio que compensa a lentidão do organismo para gerar quantidades adequadas de colágeno.


Embora seja difícil mensurar em cada proteína a quantidade exata da tríade de aminoácidos formadores de colágeno, os especialistas garantem que incluir os alimentos certos nas refeições garante o aporte dos 10 gramas diários de que o organismo necessita. O pré-requisito inegociável você já conhece: a fonte proteica precisa ser de origem animal. "Carnes vermelhas, frango, peito de peru, peixes, ovos, queijo, leite e iogurte desnatado são as melhores apostas", lista a nutricionista Alexandra Savino, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Pelo menos um desses itens deve constar nas principais refeições do dia. "Um copo de leite e dois bifes grandes já são capazes de contemplar a cota diária", garante Nadia.


Para assegurar que os aminoácidos ingeridos serão, de fato, convertidos em reforço para a cartilagem, você pode dar uma ajuda extra ao corpo, consumindo fontes de nutrientes que colaboram com sua absorção ou participam das reações químicas que os transformam em peptídeos e, finalmente, em colágeno. "É o caso das vitaminas A, C e E, presentes na cenoura, no pepino, na laranja, no limão e na goiaba; do zinco, encontrado nos frutos do mar e na castanha-do-pará; do selênio das nozes e do arroz preto; do silício da aveia, da cevada e da alcachofra; e do cobre ofertado pelo fígado de boi e pelos cogumelos", ensina Alexandra. As possibilidades são inúmeras e não custa nada investir em um copo de limonada no almoço ou acrescentar um punhado de castanhas no lanche da tarde.


Os supermercados ainda exibem produtos que prometem o chamado colágeno hidrolisado em sua formulação. "Eles contêm os aminoácidos submetidos a um processo enzimático químico que facilita sua incorporação pelo organismo", explica Nadia. Vale dar crédito a eles, desde que com o cuidado de escolher uma marca idônea e devidamente certificada.


O destino do nutriente O colágeno também constitui o tendão de aquiles, a ponta do nariz, os ossos e a conexão entre as costelas torácicas anteriores. "Os discos intervertebrais e uma das camadas das artérias são, ainda, formados por um tipo especial dessa proteína, chamado elastina", explica o cientista de alimentos Jaime Farfan, da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Por fim, o humor vítreo - substância ocular que preenche a área entre o cristalino e a retina - e músculos que revestem órgãos como o intestino também contam com o colágeno em sua composição.


Reforço bem-vindo O laboratório Sanofi-Aventis acaba de lançar o Mobility, um suplemento de colágeno hidrolisado em forma de sachê, sem sabor nem cheiro, que pode ser dissolvido em bebidas e alimentos. "A suplementação é recomendada a pessoas com uma dieta carente em proteína animal e contraindicada a indivíduos com insuficiência renal", esclarece Nadia Brito.


Casais perfeitos (ver slideshow)
Combinações à mesa que ajudam na produção proteica


1. Peixe e rúcula O ferro dos vegetais verde-escuros contribui com o processo de formação de colágeno. Aposte em pescados com rúcula e agrião.


2. Bife e suco A bebida feita com laranja e acerola fornece vitamina C, que também dá uma força nesse processo. Ele pode acompanhar o bife do almoço.


3. Frango e tomate Para que o consumo do frango resulte em uma fabricação de colágeno eficiente, consuma-o com tomate-cereja, que provê o auxílio das vitaminas A e C.


4. Gelatina e companhia Contrariando a crença popular, a sobremesa está longe de ser a melhor coadjuvante na fabricação de colágeno. "A maioria das gelatinas contém uma quantidade insignificante de proteína", desmitifica Andrea Frias. "A exceção são os produtos com colágeno hidrolisado", ressalta Jaime Farfan. O mesmo vale para geleias de mocotó e balas de colágeno.


design Vanessa Kinoshita e Laura Salaberry | produção Andrea Silva | produção culinária Silvia Marques | objetos M. Dragoneti

Os aliados
Veja as quantidades totais de proteínas em 100 gramas de alguns alimentos. Elas contêm aquele trio de aminoácidos essencial para a formação de colágeno
Fotos 1 / 6
O contrafilé grelhado, por exemplo, fornece 35,9 gramas.

Carne vermelha

O contrafilé grelhado, por exemplo, fornece 35,9 gramas.
Revista Saúde

Maracujá e seus benefícios que vão além da ação tranquilizante

Maracujá e seus benefícios que vão além da ação tranquilizante

Todas as partes do maracujazeiro e da fruta oferecem benefícios à saúde. Veja como aproveitar cada uma delaspor Thais Szegö | design Fernanda Didini | foto Alex Silva
Além do sabor azedo, que cai bem no clima tropical, o maracujá é recheado de nutrientes, tem uma forte ação antioxidante e pouquíssimas calorias. "O maracujá é rico em vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, fósforo, sódio e potássio", enumera a nutricionista Paula Fernandes Castilho, diretora da Sabor Integral Consultoria em Nutrição, em São Paulo. "Ele conta com bastante vitamina A e C e muita fibra solúvel", acrescenta a nutricionista Vanderlí F. Marchiori, de São Paulo.

100% aproveitável

E não é só a polpa que merece atenção. Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que a casca do maracujá evita os picos de insulina, muito perigosos para os diabéticos, combate o mau colesterol e ainda ajuda a emagrecer. Nas sementes, por sua vez, pode ser encontrado um óleo com boa quantidade de ácidos graxos, muito apropriado para uso na cozinha ou até em cosméticos, graças à sua ação emoliente e antioxidante. E as folhas do maracujazeiro oferecem igualmente benefícios. Nelas fica a maior parte dos ativos por trás da ação tranquilizante.

Os cientistas já perceberam que essa planta guarda muitas outras surpresas. A aposta nela é tão grande que foi criada uma associação de pesquisadores para desvendar seus segredos. "Ela é composta de 27 instituições brasileiras de renome, como a Universidade de São Paulo e a Universidade de Brasília, além de duas internacionais", conta a pesquisadora Ana Maria Costa, da Embrapa Cerrados, que coordena a rede. "Uma das metas é estudar as variedades de espécies nativas, estimadas em cerca de 200", ela explica. Tanto empenho tem valido a pena. A equipe descobriu que algumas delas combatem o diabete, os problemas do coração, as enxaquecas, o estresse, a tensão pré-menstrual, os tremores e a obesidade, além de contribuírem para a regeneração celular. "Muitas não são conhecidas pelo público, por isso agora estamos trabalhando com o intuito de colocá-las no mercado, o que deve acontecer em breve", diz Ana Maria.

Ele é mesmo calmante?

Sim. Ele contém alcaloides e flavonoides, substâncias que agem no sistema nervoso central e atuam como tranquilizantes, analgésicos e relaxantes musculares. "Por isso ajudam a combater a ansiedade, a depressão e os distúrbios do sono", esclarece Paula Fernandes Castilho, especialista também em fitoterapia. "Mas não é indicado usar as folhas diretamente para fazer chá em casa, já que elas têm compostos tóxicos", alerta Ana Maria Costa.

Raio x da planta
Todas as partes do maracujazeiro oferecem benefícios à saúde. Veja como aproveitar cada uma delas
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Cientistas descobrem uma bactéria que 'produz' ouro em segundos

Cientistas descobrem uma bactéria que 'produz' ouro em segundos

Imagens do mês (fevereiro/2013)31 fotos


A bactéria "Delftia acidovarans" foi colocada na presença de uma solução de ouro, que é tóxica para ela, e sobreviveu ao criar nano partículas de ouro a partir de íons de ouro presente no material líquido. A bactéria cria as pepitas, uma forma neutra do ouro, fora de suas células. Ela poderia ser usada para diminuir o desperdício em minas de ouro, por exemplo, além de os íons serem presentes nos oceanos
Para se proteger do ouro, um metal precioso que possui efeito bactericida, uma bactéria solidifica o ouro líquido e cria estruturas sólidas complexas similares a pepitas, segundo estudo publicado na revista britânica Nature Chemical Biology.
Enquanto alguns metais são ideais para que os micróbios se desenvolvam, como o ferro, outros são fatais para eles, caso do ouro e da prata, que são cada vez mais utilizados por suas propriedades bactericidas.
Como os íons solúveis do ouro são tóxicos para a maioria dos micróbios, é comum encontrar membranas bacterianas na superfície das pepitas. Por isso, essas bactérias desempenham um papel importante no acúmulo e no depósito do ouro na origem das pepitas.
Cientistas já demonstraram anteriormente que a Cupriavidus metallidurans consegue acumular partículas ínfimas de ouro no interior de suas células para se proteger dos íons solúveis do ouro. Mas um novo estudo de cientistas canadenses identificou que a bactéria Delftia acidovorans, que coabita as pepitas ao lado da C. metallidurans, também se protege.
A equipe descobriu que essa bactéria não metaboliza o ouro solúvel como sua vizinha. Ao contrário, ela solidifica o metal precioso em seu exterior, sob uma forma não tóxica.
D. acidovorans secreta uma molécula, chamada de delftibactina, capaz de precipitar os íons do ouro em suspensão na água para criar estruturas sólidas complexas, similares àquelas que encontramos nas pepitas de ouro, explicou Nathan Magarvey, da Universidade McMaster de Hamilton, em Ontário, no Canadá, que chefiou a pesquisa.
O processo ocorre em apenas alguns segundos, em temperatura ambiente e em condições de acidez neutra. Dito de outra forma, a delftibactina supera em laboratório os produtos atualmente usados na indústria para produzir nanopartículas de ouro, destacaram os cientistas.
Uol Noticia Ciência

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Chia: além do emagrecimento

Chia: além do emagrecimento

A semente andina de uso milenar caiu nas graças dos brasileiros por causa do efeito seca-barriga. Mas ela tem talento para muito, muito mais...por Thaís Manarini e Dalena Theron | design Laura Salaberry


Raio x da chia em 100 gramas
Energia 371 cal
Proteínas 21 g
Carboidratos 42 g
Gorduras totais 31 g
Gorduras poli-insaturadas 25 g
Fibras totais 41 g
Cálcio 556 mg
Potássio 666 mg
Fósforo 750 mg
Magnésio 326 mg
Ferro 6 mg



Quando desembarcou no Brasil, há pouco mais de um ano, a chia não demorou a entrar na lista de compras dos interessados em perder peso. Nada mais compreensível. Como uma de suas principais características é virar uma espécie de gel ao entrar em contato com a água, ela dá uma baita saciedade, evitando ataques desenfreados de gula ao longo do dia. Só que os benefícios do pequeno grão - consumido por civilizações pré-colombianas há milhares de anos - não ficam restritos ao emagrecimento. Pelo menos é o que a ciência tem revelado.



Em estudo recente da Universidade de Queensland, na Austrália, a semente mostra por que merece aplausos em outros âmbitos. Em um primeiro momento, ratos foram alimentados com bastante gordura e carboidrato. Depois, os cientistas acrescentaram chia na dieta deles durante oito semanas. Ao final da intervenção, ficou claro que a inclusão da semente melhorou a sensibilidade dos bichos à insulina. "Isso significa que o hormônio foi mais eficiente na hora de encaminhar a glicose aos tecidos, processo necessário para a geração de energia", explica Lindsay Brown, uma das autoras da investigação. No caso dos portadores de diabete, que ralam para manter o açúcar que passeia pelo sangue em níveis adequados, o efeito é pra lá de bem-vindo, já que representa um maior controle da doença.



O resultado também deve ser encarado com empolgação por pessoas com sobrepeso. É que a maioria já apresenta resistência à ação da insulina. "Daí sobem os riscos de diabete e complicações cardiovasculares", conta a nutricionista Carolina Chica, da Unidade de Doenças Cardiovasculares da Pontifícia Universidade Católica do Chile. Tem mais: na pesquisa, a chia livrou o fígado de adiposidade. "Esse quadro, conhecido como esteatose hepática, pode culminar em danos permanentes no órgão", informa a nutricionista chilena.



A enxurrada de benefícios parece ter um denominador comum, que atende pelo nome de ácido alfalinolênico - ou ALA, para simplificar. Trata-se de uma fração do ômega-3, gordura poli-insaturada encontrada aos montes na chia. Seu trunfo: combater a inflamação detectada no corpo devido à obesidade e que prejudica órgãos como coração, fígado, cérebro... "Acontece que esse ácido graxo ajuda a reduzir a produção de uma enzima chamada SCD1. Quando isso ocorre, há menor liberação de substâncias inflamatórias no organismo", esclarece a nutricionista Sandra Soares Melo, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina.



Gordura na cintura? Perigo!

O peso excedente, vale ressaltar, é um dos principais culpados pela síndrome metabólica, que contribui para piripaques cardiovasculares, a exemplo de infarto e derrame. "A tal síndrome é diagnosticada quando o paciente apresenta concentração de gordura abdominal e pelo menos mais dois fatores de risco, como glicose e triglicérides elevados, entre outros", descreve a endocrinologista Cíntia Cercato, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, em São Paulo. Ainda bem que a semente de chia, com seu ácido graxo anti-inflamatório, protege contra todo esse chabu.



A comprovação vem da Universidade Nacional Autônoma do México. Inicialmente, os cientistas pediram a voluntários com aquele combo de problemas que deixassem de consumir 500 calorias no seu dia a dia. Duas semanas depois, dividiram o pessoal em duas turmas. Enquanto uma ingeriu uma bebida à base de proteína de soja, aveia e chia, a outra recebeu uma mistura inócua. Em dois meses, todo mundo apareceu no laboratório com a barriga mais enxuta. Mas só o grupo que tomou o líquido com a semente viu fatores intimamente associados ao mal perderem força. "O mais interessante é que as duas turmas emagreceram igualmente, o que nos leva a concluir que a bebida foi, de fato, a grande responsável pela melhora da síndrome", reflete Cíntia.



Aproveitando que o assunto aqui gira em torno do coração, não dá para esquecer que o ômega-3 da chia ainda favorece a redução da pressão arterial. "Na prática, ele diminui a formação de tromboxano, uma molécula que estimula o aperto dos vasos. Por outro lado, aumenta a síntese de prostaciclinas, que são vasodilatadoras", ensina a nutricionista Anna Carolina Di Creddo Alves, do Instituto do Coração, na capital paulista. Sem falar que esse tipo gorduroso evita a oxidação do colesterol LDL, processo que o torna um verdadeiro vilão para o peito - afinal, é nesse formato que a molécula propicia o desenvolvimento de placas nas artérias.



Não vá pensando que a semente é indicada só para quem está com a saúde desajustada. Lá atrás, quando maias e astecas se deliciavam com o alimento, a intenção era aperfeiçoar a resistência física. Hoje, estudiosos da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, sabem que a estratégia funciona. Por um período, antes de provas longas, eles deram isotônico a seis atletas amadores. Depois, os voluntários tomaram uma mistura desse líquido com uma bebida à base de chia. Após cada intervenção, os rapazes correram por uma hora na esteira e mais 10 quilômetros em uma trilha. Acabada o suadeira, a surpresa: "Concluímos que o ômega-3 do grão melhora o rendimento dos atletas na mesma medida que o carboidrato do isotônico", revela Travis Illian, autor do projeto.


Para o cientista, a principal vantagem da descoberta é oferecer aos esportistas um substituto à altura para os tradicionais isotônicos, cheios de açúcar. Mas, se você não pretende participar de uma maratona, uma boa pedida é usar a farinha ou grão de chia duas horas depois dos exercícios. Assim, dá para aproveitar as fibras solúveis que a semente esbanja. "Essas substâncias retêm água, o que prolonga a hidratação e a presença de minerais no organismo", explica a nutricionista Paula Crook, da PB Consultoria em Nutrição, em São Paulo.


Foi justamente nessas versões, ou seja, semente e farinha, que a nutricionista Sandra Soares Melo, da Univali, levou o alimento andino para o laboratório. O objetivo era comparar a ação de ambas as variedades em temperatura ambiente e aquecidas. "Vimos que, por causa das fibras, todos os tratamentos estimularam o trânsito intestinal nos animais analisados", conta.


Contudo, quando a pesquisadora e seus alunos avaliaram o estresse oxidativo - fator relacionado a doenças como diabete e câncer -, ficou evidente que ele só foi amenizado quando as cobaias ingeriram o farelo que não passou pelo fogo. "Ele não apresenta gordura como a semente. E a substância é a principal a sofrer oxidação. Esse processo também é facilitado quando a temperatura está elevada", justifica Sandra. Logo, se a ideia é barrar o estresse oxidativo, já sabe: a farinha ao natural é a melhor opção.


Agora, se estiver de olho em uma ação mais global a favor do funcionamento do corpo, as sementes saem na frente. Basta consumir duas colheres de sopa todos os dias. Só duas mesmo. "Como a chia tem muitas fibras, pode dificultar a absorção de alguns minerais, além de desregular o intestino se não houver consumo adequado de água", frisa o nutricionista José Aroldo, diretor da Nutmed, no Rio de Janeiro. Seguindo essa recomendação, certamente você terá tantos motivos quanto as civilizações antigas para idolatrar a semente de chia.

Se a intenção é perder peso...

Seu principal objetivo com a chia é mesmo afinar a cintura? Então faça o seguinte: deixe a semente na água por pelo menos 40 minutos. Quando a mistura se transformar em um gel, adicione suco de uva sem açúcar para obter uma espécie de sagu. "Consuma no café da manhã ou no lanche do final da tarde. Dessa maneira, você evita abusos nas principais refeições do dia", aconselha a nutricionista funcional Vanderlí Marchiori, de São Paulo.



fotos Alex Silva | fonte da receita José Aroldo, nutricionista da Nutmed, no Rio de Janeiro | fonte Tecnical & Nutritional Data Sheet 2008 | produção Andrea Silva | produção culinária Silvia Marques | objetos M. Dragonetti

Veja quanto você teria de comer de outros alimentos para obter o que duas colheres de sopa oferecem: 

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<b>1. 129 gramas de aveia</b> como fonte de fibras totais.</br><b>2. 50 gramas de banana</b> como fonte de potássio.</br><b>3. 129 mililitros de leite</b> como fonte de cálcio.</br><b>4. 285 gramas de espinafre</b> como fonte de ferro.</br><b>5. 680 gramas de tomate</b> como fonte de antioxidantes.</br><b>6. 60 gramas de nozes</b> como fonte de magnésio.

1. 129 gramas de aveia como fonte de fibras totais.
2. 50 gramas de banana como fonte de potássio.
3. 129 mililitros de leite como fonte de cálcio.
4. 285 gramas de espinafre como fonte de ferro.
5. 680 gramas de tomate como fonte de antioxidantes.
6. 60 gramas de nozes como fonte de magnésio
Saúde Vital

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Asteroide de 300m de largura passa 'perto' da Terra

Asteroide de 300m de largura passa 'perto' da Terra


Apophis (Foto ESA/PACS)
Imagem do Apophis feita pelo Herschel Space Observatory em 2013
Astrônomos estão acompanhando a trajetória de um asteroide que poderia colidir com a Terra em 2036 - embora o risco de que isso ocorra seja mínimo.
O asteroide, que vem sendo chamado de Apophis - em homenagem ao demônio egípcio da destruição e da escuridão -, tem 300 metros de largura e poderia colidir com a Terra com a força de 100 bombas nucleares.
Ele atualmente está passando a uma distância de 14 milhões de quilômetros da Terra - o que permite que astrônomos possam analisá-lo.
Não é visível a olho nu, mas pode ser observado no website Slooh, que veicula imagens do espaço.

Rota de colisão

O Apophis foi observado pela primeira vez em 2004 e na época causou algum alarde, porque cientistas calcularam que o risco de um choque com a Terra em 2029 era de um em 45 mil.
Mais tarde, esse risco foi descartado, com novos cálculos indicando que em 13 de abril de 2029 a massa rochosa deve passar a uma distância de cerca de 30.000 quilômetros da Terra.
As mesmas revisões, porém, indicam o risco de uma colisão em 2036, embora ele seja mínimo: de um em 200 mil.
"Em 2029, o asteroide passará tão perto de nós que mudará a órbita do centro de gravidade da Terra", explicou o professor Alan Fitzsimmons, astrônomo da Queen's University, em Belfast.
"A maior parte das novas órbitas potenciais nos deixaria seguros pelos próximos 100 anos, mas há uma pequena região do espaço na qual haveria o risco do asteroide nos atingir em 13 de abril de 2036."

Ameaças futuras

Os astrônomos estão aproveitando a recente passagem do Apophis pela Terra para estudá-lo, em uma tentativa de melhorar as previsões sobre sua rota.
"As medições de radares são incrivelmente precisas: calculamos a distância do asteroide e sua velocidade em relação a Terra, identificando sua órbita", diz Fitzsimmons.
É cada vez maior o interesse de pesquisadores por corpos celestes potencialmente perigosos para o nosso planeta.
Até agora, já foram identificados 9 mil asteroides próximos a Terra e uma média de 800 novas rochas espaciais são observadas todos os anos.
Segundo Fitzsimmons, aprender mais sobre tais corpos celestes é crucial: "Em algum momento, encontraremos um asteroide suficientemente grande para causar um estrago na superfície da Terra se deixarmos que o choque ocorra", diz.
"Por isso, devemos encontrar esses corpos, acompanhá-los e, caso eles tenham uma chance de nos atingir, fazer algo sobre isso."
BBC Notícias

Cientistas descobrem por que os dedos enrugam na água

Cientistas descobrem por que os dedos enrugam na água


Dedos enrugados
Pessoas com dedos enrugados pela umidade manuseiam melhor objetos molhados
Uma pesquisa realizada por cientistas na Grã-Bretanha indica que o fato de os dedos ficarem enrugados depois de algum tempo na água pode ser uma vantagem adquirida pelo ser humano durante sua evolução por milhares de anos.
Os cientistas da Universidade de Newcastle, no norte da Inglaterra, decidiram investigar a razão de os dedos ficarem enrugados na água por meio de um experimento.
Eles pediram a voluntários para pegar bolas de gude imersas em um balde d'água com uma mão e passá-las por uma pequena abertura para a outra mão, para colocá-las em outro local.
Os voluntários com os dedos enrugados pela umidade completaram a tarefa mais rápido do que os voluntários com os dedos lisos.
O estudo sugere que as rugas têm a função específica de tornar mais fácil o manuseio de objetos embaixo d'água ou de superfícies molhadas em geral, o que pode ter sido uma vantagem para os primeiros humanos quando procuravam por alimentos na natureza.

Primatas

Por muito tempo, se acreditava que os dedos enrugados indicavam simplesmente o inchaço da pele devido ao contato prolongado com a água. Ou seja, tratava-se de uma reação automática, provavelmente sem nenhuma função.
As últimas pesquisas, entretanto, revelaram que as rugas são um sinal de vasoconstrição como resposta à água, o que, por sua vez, é uma reação controlada pelo sistema nervoso.
"Se os dedos enrugados fossem apenas o resultado do inchaço da pele ao entrar em contato com a água, eles poderiam ter uma função, mas não necessariamente", disse o cientista Tom Smulders, do Centro de Comportamento e Evolução da Universidade de Newcastle.
"Por outro lado, se o sistema nervoso está ativamente controlando essa reação em certas circunstâncias e não outras, é mais fácil concluir que há uma função por trás disso que é resultado da evolução. E a evolução não teria selecionado essa resposta se ela não nos conferisse algum tipo de vantagem."
Segundo os cientistas, para nossos ancestrais, ter dedos que agarram melhor objetos úmidos certamente teria sido uma vantagem na busca por alimentos em lagos e rios.
Smulders disse que seria interessante, agora, verificar se outros animais, especialmente primatas, têm a mesma característica.
"Se está presente em muitos primatas, então minha opinião é que sua função original pode ter sido locomotora, ajudando a se deslocar em vegetação úmida ou árvores molhadas. Por outro lado, se é apenas em humanos, então podemos considerar que é algo muito mais específico, como procurar por comida dentro e à beira de rios."

BBC Notícias

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Pesquisa liga bebidas diet a maior risco de depressão

Pesquisa liga bebidas diet a maior risco de depressão


Refrigerante diet
Estudo não indicou a causa da relação entre o consumo de bebidas dietéticas e depressão
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos verificou uma possível ligação entre o consumo de bebidas diet e um maior risco de depressão.
O estudo realizado com 250 mil pessoas verificou que pessoas que consumiam quatro latas ou copos de refrigerantes ou sucos dietéticos por dia aumentavam o risco de depressão em até um terço.
A pesquisa, apresentada na reunião anual da Academia Americana de Neurologia, não indicou a causa dessa ligação.
O estudo também analisou o efeito do consumo diário de café e verificou que os consumidores contumazes da bebida tendem a sofrer menos de depressão.
Segundo os pesquisadores, as pessoas que bebiam quatro copos de café por dia tiveram 10% menos chance de serem diagnosticados com depressão ao longo dos dez anos do estudo do que aqueles que não bebiam café.
"Nossa pesquisa sugere que cortar ou reduzir o consumo de bebidas com adoçante ou trocá-las por café não adoçado pode reduzir naturalmente seu risco à depressão", afirma o coordenador do estudo, Honglei Chen, do Instituto Nacional de Saúde da Carolina do Norte.
Ele disse, porém, que mais estudos são necessários para explorar as causas dessa relação.
Os pesquisadores advertem ainda que os resultados se aplicam aos objetos do estudo - pessoas acima de 50 anos vivendo nos Estados Unidos -, mas podem não ser repetidos em outras amostras.

Críticas

Os resultados da pesquisa americana são contestados pela Associação Dietética Britânica. Para a nutricionista Gaynor Russell, porta-voz da organização, o estudo não significa necessariamente que adoçantes provocam depressão.
"Para começar, as pessoas que sofrem de depressão podem se ligar mais à ideia de que suas bebidas adoçadas provocam o problema e então adicionar uma inclinação em seus relatos de consumo passado, especialmente porque os refrigerantes nos Estados Unidos são muito demonizados. Além disso, pode ser que o consumo de bebidas dietéticas esteja ligado à obesidade e ao diabetes, o que podem ser em si mesmos causas para a depressão", afirma.
Segundo ela, "os adoçantes não caloríficos têm um papel importante em dietas para as pessoas que tentam perder peso ou que têm diabetes, e certamente não é recomendável que elas substituam suas bebidas dietéticas por mais café".
Russell afirma que a segurança dos adoçantes, como o aspartame, já foi extensivamente estudada por pesquisadores e é certificada por agências reguladoras.
BBC Noticias