quinta-feira, 18 de abril de 2013

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico


Cientistas acreditam ter encontrado sinais de que fragmentos de um continente antigo estão soterrados abaixo do solo do Oceano Índico.
Os pesquisadores dizem que o fragmento é de um continente que teria existido de entre 2 bilhões e 85 milhões de anos atrás.
A faixa foi batizada pelos cientistas de "Mauritia". Com o tempo, a terra se fragmentou e desapareceu sob as ondas do mundo moderno que se formou no lugar.
O estudo foi publicado na revista científica Nature Geoscience.

Teorias

Há até 750 milhões de anos, toda a massa terrestre do Planeta estava concentrada em um continente gigante, chamado de Rodínia pelos cientistas.
Países que hoje estão a milhares de quilômetros de distância – como Índia e Madagascar – ficavam lado a lado.
A nova pesquisa sugere que havia um "microcontinente" entre Índia e Madagascar. Os cientistas pesquisaram grãos de areia de Maurício, um país localizado no Oceano Índico.
Os grãos se originaram em uma erupção vulcânica que ocorreu há nove milhões de ano. Mas apesar disso, eles contém minerais que são de um período ainda mais antigo.
Seicheles
Cientista especula que Seicheles já fez parte de continente que existiu entre Índia e Madagascar
"Nós encontramos zircão, que foi extraído das areias da praia, e isso é algo que se encontra tipicamente na crosta continental. Elas são de uma era muito antiga", disse o professor Trond Torsvik, da Universidade de Oslo.
O zircão é datado de entre 1970 e 600 milhões de anos atrás, e a equipe concluiu que os restos da terra antiga foram levados para a superfície da ilha durante uma erupção vulcânica.
O professor disse acreditar que pedaços do continente poderiam estar 10 quilômetros abaixo de Maurício e sob o solo do Oceano Índico.
A existência do continente teria atravessado diferentes éons da Terra – desde o Pré-Cambriano, quando não havia vida na terra, ao período em que surgiram os dinossauros.
Mas há 85 milhões de anos, quando a Índia começou a se separar de Madagascar em direção à sua posição atual, o microcontinente teria se desfragmentado – e eventualmente desaparecido sob as ondas.
No entanto, uma parte pequena do microcontinente pode ter sobrevivido, especulam os pesquisadores.
"No momento, as (ilhas) Seicheles são um pedaço de granito, ou crosta continental, que está praticamente assentada no meio do Oceano Índico", diz Torsvik.
"Mas houve uma época em que ficavam logo ao norte de Madagascar. E o que estamos dizendo é que talvez isso fosse muito maior, e que esses fragmentos continentais estão espalhados pelo oceano."
Essas teorias ainda precisam ser confirmadas com mais pesquisa.
"Nós precisamos de dados sísmicos que possam formar uma imagem desta estrutura... isso seria a prova definitiva. Ou é preciso perfurar profundamente, mas isso custaria muito dinheiro", diz Torsvik.
BBC Brasil

Estudo respalda teoria de nanismo como origem de ‘hobbit’

Estudo respalda teoria de nanismo como origem de ‘hobbit’


useu de Tóquio (Museu Nacional de Ciencia e Tecnologia de Toquio)
Há dúvidas se 'hobbit' seria homem primitivo ou parente de outra espécie
Um estudo divulgado por cientistas japoneses sugere que uma espécie diminuta de hominídeo encontrada em uma ilha da Indonésia pode ter surgido como resultado de nanismo por influência do ambiente em que viviam.
Restos da espécie Homo floresiensis, apelidada de "hobbit" (por causa de sua semelhança em porte a personagens do escritor J.R.R. Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis e O Hobbit) foram encontrados em 2003 na Ilha de Flores.
Embora tenham sido estabelecidas teorias, os cientistas até agora não chegaram a uma conclusão sobre como pode ter surgido a espécie, de cerca de um metro de altura e cérebro pequeno, que existiu até cerca de 12 mil anos e conviveu com o ser humano moderno (Homo sapiens).
Para tentar resolver o enigma, os pesquisadores do Museu Nacional de Ciência e Natureza de Tóquio realizaram uma tomografia computadorizada do crânio da criatura, medindo o tamanho de seu cérebro.
A conclusão foi que o tamanho é consistente com a teoria de que a espécie pode ter evoluído a partir de uma espécie maior de ancestrais do homem chamada Homo erectus, que era a mais comum no leste da Ásia. Os pesquisadores acreditam que, depois de migrar para ilha, o Homo erectus possa ter passado por um processo chamado de nanismo insular - a redução do tamanho de animais de grandes proporções quando limitados a um habitat de espaço limitado, como ilhas.
Críticos, porém, afirmam ser impossível que o cérebro do homo erectus tenha encolhido de forma proporcional ao seu corpo.

Teorias

Três teorias sobre o 'hobbit'

  • Teoria 1: Alguns especialistas acreditam que o 'hobbit' não seria uma espécie distinta, mas sim que ele pertencia a um grupo de humanos modernos cuja altura acabou sendo limitada devido a uma doença.
  • Teoria 2: Outros acreditam que ele evoluiu a partir de criaturas semelhantes aos macacos, com cérebros menores, que teriam partido da África há milhões de anos.
  • Teoria 3: Mas a nova pesquisa sugere que a primeira espécie humana que viveu na Ásia, chamada homo erectus chegou à ilha e, uma vez lá, sofreu de nanismo.
Teorias alternativas sobre o surgimento do Homo floresiensis dão conta de que estas criaturas seriam ou um pequeno grupo do homem moderno cujos cérebros e corpos foram impedidos de se desenvolver normalmente devido a uma doença debilitante crônica ou descendentes de primatas com cérebros pequenos que teriam migrado da África para a ilha, milhões de anos atrás.
A pesquisa japonesa mostra que o cérebro do "hobbit" era um pouco maior do que estimativas anteriores haviam indicado.
Yousuke Kaifu, que comandou a pesquisa, e outros integrantes de sua equipe, também realizaram análises comparativas da proporção do cérebro da espécie em relação ao cérebro dos humanos de hoje em dia. Eles afirmam de fato ter sido possível que o cérebro do homo erectus tenha encolhido ao tamanho dos do "hobbit".
"Nosso trabalho não prova que o homo erectus é um ancestral do floresiensis", afirmou Kaifu à BBC. Entretanto, ele acredita que a pesquisa comprova que, ao contrário do que indicavam argumentos anteriores, o cérebro do florensiensis não é tão pequeno a ponto de que descartar a possibilidade de uma evolução a partir do Homo erectus.
A análise do Kaifu dá respaldo a um estudo anterior do cérebro do hobbit feito pela professora Dean Falk, da Universidade Estadual da Flórida, feito entre 2005 e 2007, que concluiu que o "hobbit" era uma espécie distinta.
Segundo a pesquisadora, os autores da pesquisa japonesa ''apresentaram um argumento convincente de que o Homo floresiensis pode ter descendido de uma população dos primórdios do Homo erectus. Com tudo que vem sendo dito sobre o floresiensis, essa análise rigorosa é muito bem-vinda".
Falk afirma, no entanto, não acreditar que a análise dos japoneses exclui a hipótese alternativa de que uma espécie de símios de cérebros pequenos ainda não descobertos teriam migrado a partir da África.
O que fascina em torno das descobertas ligadas ao floresiensis, afirma a pesquisadora, é que eles indicam que a evolução humana sofreu várias "idas e vindas". "Não se trata só da evolução dos humanos modernos, mas, sim que, na verdade, teriam havido várias outras espécies. O florensiensis foi um experimento fracassado que durou cerca de 50 mil anos e foi o último sobrevivente de outros experimentos que foram dar nos humanos".
O novo estudo japonês foi divulgado na publicação científica Royal Society's Proceedings B Journal
BBC Noticias

domingo, 7 de abril de 2013

Seus genes estão nas suas mãos?

Seus genes estão nas suas mãos?

A resposta, segundo uma nova área da ciência chamada epigenética, é um impactante sim. Ela revela que os hábitos podem influenciar a atividade dos genes que predispõem a doenças - o que faz toda a diferença para viver mais e melhor por DIOGO SPONCHIATO


Há mais coisas entre o seu código genético e o seu destino do que sonhavam os cientistas. Antes, eles achavam que um determinaria o outro em matéria de saúde. Mas um ramo recente da biologia, a epigenética, comprova em detalhes por que o vigor ou os problemas que o futuro lhe reserva não devem ser encarados apenas como mérito ou culpa do que está escrito em seu DNA. Seus pesquisadores desvendam como a alimentação, o estresse, a prática de exercícios ou o tabagismo são capazes de influenciar o comportamento dos genes para o bem e para o mal.



Para ilustrar essas descobertas, basta recorrer a um estudo recém-concluído na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Os médicos recrutaram 30 pacientes com câncer de próstata em estágio inicial e os submeteram por três meses a um programa que incluía dieta rica em vegetais e pobre em gorduras, exercícios moderados, técnicas de controle do estresse e participação em grupos de apoio. Logo em seguida veio a constatação por meio de moderníssimos exames de DNA: essas medidas diminuíram a atividade de genes ligados ao surgimento de tumores e aumentaram a ação daqueles envolvidos na capacidade do organismo de enfrentá-los. O que ajudou (e muito) a brecar a evolução do problema.



O que a epigenética faz, em resumo, é enxergar ao pé da letra o resultado dos nossos hábitos no interior de cada célula. Ali dentro esteja ela no cérebro ou no pé existe a receita completa de um indivíduo. Essa fórmula única é o seu material genético, o DNA. O que pode variar é a leitura dessa receita algumas células lêem os trechos que determinam como devem funcionar os neurônios e atuam como tal; outras decifram a parte necessária para executar as funções de uma célula de pele. E assim por diante.



Na receita também existem genes ligados a doenças e genes relacionados à capacidade de resistir aos males. Se são ou se não são lidos direito é o que determina quando as células de um órgão funcionarão bem ou serão um estorvo, dando origem a um câncer. Agora os cientistas notam que existem fenômenos bioquímicos batizados de epigenéticos e intimamente associados aos hábitos. Eles não chegam a alterar a seqüência do DNA, esclarece a biomédica Miriam Jasiulionis, da Universidade Federal de São Paulo. No entanto, o jeito como você vive pode, sim, destacar determinadas linhas, aumentando as chances de que se expressem. Ou fazer o contrário.Os pesquisadores vasculham como a má alimentação ou o tabagismo metem o bedelho nos pedacinhos do DNA, reforçando a ameaça de doenças para as quais já temos tendência. A boa notícia é que, em tese, dá para reparar os prejuízos de uma vida desregrada. Os mecanismos epigenéticos são reversíveis, conta a farmacêutica Cláudia Rainho, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. Ou seja, se você adotar um estilo de vida mais saudável, será bem possível que alguns trechos nada agradáveis do seu DNA caiam no esquecimento.




Afinal, como uma mudança de hábito é capaz de se intrometer na atividade de um gene? A resposta é pura química. Diversas moléculas, resultantes do próprio trabalho do corpo e do que a gente come, por exemplo, são capazes de grudar em uma porção do código genético. Entre essas figuras, destaca-se de longe o metil. Ele seria comparável a uma espécie de chave que consegue ligar ou desligar um gene, num fenômeno conhecido como metilação do DNA. Cerca de 60% dos nossos genes são passíveis de mecanismos assim, isto é, podem ser acionados ou inativados pelo metil, calcula Giseli Klassen, professora de patologia da Universidade Federal do Paraná.




Para aplacar sua ansiedade: algumas peças-chave da célebre vida saudável, como o reles costume de comer brócolis ou cereais, incrementa a produção do bendito metil. A dúvida cruel é por que, se você come a porção de brócolis, por exemplo, as reações podem afetar positivamente um naco do DNA do seu fígado e, ao mesmo tempo, não se envolver com o mesmíssimo pedaço de DNA lá na cabeça.




Assim como esses mecanismos podem se diferenciar de órgão para órgão, como se tivessem poder de decisão próprio, eles variam de pessoa para pessoa. Até que ponto, então, o aparecimento de uma doença é resultado da receita que a gente carrega de berço ou de fenômenos bioquímicos disparados pelos hábitos? Não sabemos ainda, responde Rafael Linden, professor do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mas é certo que ambos entram no jogo. E que as refeições podem ser grandes ou péssimas fornecedoras de chaves para mexer com genes destrambelhados.


Algumas substâncias encontradas nos alimentos transferem os compostos metil para o DNA, controlando a expressão de um gene, afirma a bióloga Lusânia Antunes, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto. Ao se incorporar num gene que favoreça o surgimento de um tumor, é como se esse metil o rendesse e o mantivesse caladinho. Mas há perguntas no ar: será que, da mesma forma que ele silencia um gene do mal, poderia calar um gene benéfico, responsável por uma função interessante à célula? Em suma, será que o metil sempre escolhe o alvo certo? Apesar de questionamentos assim, já se presume que alguns nutrientes contribuam de maneira favorável.




Pesquisadores suspeitam de que a prática de exercícios físicos também ajude a deixar os genes em forma, por assim dizer. É como se eles sentissem o resultado de aulas de musculação, corridas ou passeios de bicicleta freqüentes. Na contramão, surgem provas de que os hábitos nocivos enlouquecem a maquinaria do DNA. O cigarro e o excesso de álcool estão associados a alterações epigenéticas indesejáveis, conta Miriam Jasiulionis. Além disso, já se sabe que a fumaceira não só mexe com o comportamento dos genes mas também provoca mutações neles no caso, defeitos que ficam para sempre. Não é por acaso que os tabagistas têm mais câncer.




A doença mais investigada pela epigenética, claro, é o câncer. As células normais e as tumorais apresentam um padrão de genes ativados e desativados diferente entre si, explica a bióloga Anamaria Camargo, do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer. Os genes que controlam a proliferação celular geralmente ficam desativados nos exemplares doentes, conta a oncologista Mariângela Corrêa, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. E, enquanto estão impedidos de trabalhar, outros que fazem exatamente o oposto, ou seja, incentivam a desordem e deveriam ficar inertes os oncogenes estão ativados.




Nas células saudáveis, vê-se o contrário: os genes supressores, que regulam a multiplicação, estão ativos, e os oncogenes, desligados. Para que todas as células continuem assim, firmes e fortes, a melhor estratégia é investir no estilo de vida é o que têm provado os primeiros estudos com seres humanos.E não pense que as medidas saudáveis, incluindo desde um cardápio balanceado até uma rotina com menos estresse, limitam-se ao seu exclusivo bem-estar. Surgem indícios cada vez mais contundentes de que a maneira como você leva a vida seria transmitida para os genes dos seus filhos. Uma questão muito debatida é quanto se transmite dessa herança, conta Lygia Pereira, professora de genética humana da Universidade de São Paulo. Mas como isso aconteceria? Bem, nesse aspecto, mistérios ainda pairam. Até porque na fecundação, quando há a união do espermatozóide e do óvulo, uma cópia do DNA da mãe se acopla à do pai e, em meio a esse casamento, quase todo o material genético perde aquelas chaves, as metilações, que ligavam e desligavam os genes.




Formam-se novas metilações durante o desenvolvimento do embrião, diz Cláudia Rainho. No entanto, uma pequena parcela dos genes herdados não sofre essa queima de arquivo e, assim, carrega totalmente a sua herança. Deduz-se, assim, que quem viveu longe de cigarros e outras drogas, apostou na malhação e não se esqueceu de frutas e verduras no prato, entre outros ingredientes saudáveis, irá presentear seus filhos com uma bagagem genética de primeira, menos predisposta a doenças.




Já quem não se cuidou pode transmitir não só as alterações epigenéticas indesejáveis como também mutações aqueles defeitos permanentes ao embrião. E estas são indiscutivelmente mais herdadas, diz a biomédica brasileira Mariana Brait, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Ou seja, o modo como você vive hoje faz toda a diferença para o futuro do seu corpo e provavelmente para o de seus descendentes também.
Revista Saúde Vital

sábado, 23 de março de 2013

Cientistas procuram portadores do gene do 'gigante da Irlanda do Norte'

Cientistas procuram portadores do gene do 'gigante da Irlanda do Norte'





Esqueleto de Charles Byrne é exibido no Royal College of Surgeons em Londres (foto: Creative Commons)
Esqueleto de Charles Byrne é exibido no Royal College of Surgeons em Londres
Cientistas britânicos estão tentando descobrir se a mutação genética que levou um irlandês, no século 18, a medir 2,28m, é comum entre habitantes da região onde ele viveu.
O geneticista Patrick Morrison, da Queens's University, em Belfast, está convidando famílias cujos ancestrais viveram nos condados de Tyrone e Londonderry a participar de testes genéticos.
Morrison e sua equipe querem identificar portadores do gene AIP. No século 18, este gene levou o paciente Charles Byrne, nascido perto de Cookstown, no condado de Tyrone, a ganhar o apelido de "gigante irlandês".
O geneticista explicou que, em sua maioria, pessoas que possuem o gene não sabem disso e não enfrentam qualquer problema.
Médicos da University of London, em Londres, também estão participando do estudo.

Gene oculto

Análises genéticas detalhadas conseguiram determinar que Byrne e pacientes hoje vivos, que também carregam esse gene, possuem um ancestral em comum. As investigações também concluíram que a mutação genética surgiu cerca de 1.500 anos atrás.
Acredita-se que ela seja particularmente comum no sul do condado de Londonderry e no leste do condado de Tyrone.
A maior parte da população que possui o gene não tem problemas de saúde associados a ele. Em alguns indivíduos, no entanto, o gene AIP pode provocar o crescimento excessivo da glândula pituitária, levando ao crescimento excessivo dos músculos, cartilagens e ossos.
Esse crescimento demasiado, por sua vez, pode levar a outras complicações de saúde, como a perda da visão lateral e perturbações hormonais.
Os especialistas calculam que mais de dois terços dos que possuem a mutação não desenvolvem essas complicações e, portanto, não têm ideia de que são portadores do gene.
Morrison disse que pretende visitar a área para fazer os testes em laboratórios móveis. O objetivo é que portadores e suas famílias possam ter acesso a testes e tratamento caso seja necessário, evitando problemas de saúde futuros.
O gene AIP foi identificado pela primeira vez em 2011, em pacientes naturais das regiões onde serão feitos os testes. Estes pacientes sofrem de uma síndrome chamada gigantismo, associada ao gene AIP.
"As pessoas que têm esse gene podem não ser necessariamente altas, mas podem ter outras complicações de saúde associadas a esse gene", disse Morrison.
Os testes são simples, envolvem apenas a coleta de uma amostra de saliva, o que é feito em dez minutos.
Marta Korbonits, endocrinóloga da London School of Medicine, disse:
"Sabemos que dois terços dos que possuem a mutação não desenvolveram complicações e portanto não têm ideia de que são portadores", ela disse.
"Por isso é importante estudar a população local na área geográfica de onde vêm muitos dos pacientes".
Testar a população dessas áreas ajudará os pesquisadores a saber quão presente está essa mutação em seu DNA.
BBC Notícias

Dormir pouco altera atividade de genes, diz estudo

Dormir pouco altera atividade de genes, diz estudo


Arquivo - AFP
Menos de seis horas de sono por noite alteraram genes
Uma pesquisa britânica trouxe novas descobertas sobre como noites mal dormidas podem causar efeitos prejudiciais significativos à saúde e ao funcionamento do corpo humano.
Doenças cardíacas, diabetes, obesidade e problemas cerebrais são alguns dos problemas ligados a poucas horas de sono.
Segundo os pesquisadores da Universidade de Surrey, a atividade de centenas de genes foi alterada quando as pessoas estudadas dorminam menos de seis horas por dia durante uma semana.
Os cientistas analisaram o sangue de 26 pessoas depois que elas tiveram uma longa noite de sono, até dez horas por noite durante uma semana, e compararam os resultado com amostras retiradas depois de uma semana com menos de seis horas por noite.
Mais de 700 genes foram alterados pela mudança. Cada gene traz instruções para a construção de uma proteína. Os que ficaram mais ativos produziram mais proteínas, mudando a química do corpo.
O funcionamento do relógio biológico também foi perturbado com a mudança. As atividades de alguns genes, no decorrer do dia, aumentam e diminuem naturalmente, mas este efeito foi prejudicado pela falta de sono.
"Houve uma mudança significativa na atividade em diferentes tipos de genes", disse à BBC o professor Colin Smith, da Universidade de Surrey.
"O sono tem uma importância crítica para a reconstrução do corpo e a manutenção do estado funcional, todos os tipo de de danos parecem ocorrer (devido à falta de sono), sugerindo que pode levar a problemas de saúde."
"Se não conseguimos regenerar e substituir células, então, isto vai levar a doenças degenerativas", acrescentou.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedgins of the National Academy of Sciences.

Mais afetados

Colin Smith afirmou que muita gente pode dormir ainda menos horas do que as pessoas analisadas no estudo, o que sugere que estas mudanças observadas na pesquisa podem ser comuns.
Para Akhilesh Reddy, especialista em relógio biológico da Universidade de Cambridge, o estudo é "interessante".
Reddy afirma que as descobertas mais importantes foram os efeitos da falta de sono sobre inflamações e o sistema imunológico, pois é possível ver a ligação entre estes efeitos e problemas de saúde como diabetes.
As descobertas dos pesquisadores da Universidade de Surrey também podem ser relacionadas às tentativas de se descartar a necessidade de sono, descobrindo um remédio que pode eliminar os efeitos da falta de sono.
"Não sabemos qual é o botão que causas todas estas mudaças, mas, em teoria, se você pode ligar ou desligar, você também poderia ser capaz de viver sem o sono."
"Mas, o que acredito, é que o sono tem importância fundamental para regenerar as células", afirmou.

Estudo liga consumo de carne processada a risco de morte precoce

Estudo liga consumo de carne processada a risco de morte precoce


Carne
Estudo liga alto consumo de carnes processadas a doenças graves
Um estudo feito com meio milhão de pessoas na Europa indica que salsicha, presunto, bacon e outros tipos de carne processada aumentam o risco de morte precoce.
O levantamento acompanhou pessoas de dez países europeus durante uma média de 13 anos, sendo que uma em cada 17 pessoas acompanhadas no estudo morreu.
Os cientistas concluíram que dietas com alto consumo de carnes processadas estão ligadas a doenças cardiovasculares, câncer e mortes precoces.
Segundo eles, pessoas que comem muita carne processada mostraram também ter maior propensão a serem obesas, a fumar e a apresentar outros fatores de risco à saúde.
Os pesquisadores disseram, porém, que mesmo levando-se em conta esses outros fatores de risco, as carnes processadas ainda assim foram consideradas perigosas.

Risco

De acordo com os cientistas, aqueles que consumiam mais de 160g de carnes processadas por dia – equivalente a cerca de duas salsichas e uma fatia de bacon – registraram 44% mais chances de morrer durante o período do estudo do que os que consumiam cerca de 20g.
No total, quase 10 mil pessoas morreram de câncer e 5,5 mil de problemas cardíacos.
"Um alto consumo de carne, especialmente carnes processadas, está associado a um estilo de vida menos saudável", disse à BBC a professora Sabine Rohrmann, da Universidade de Zurique, uma das autoras do estudo.
"Mas mesmo depois de ajustar fatores como fumo ou obesidade, acreditamos que há um risco em comer carnes processadas", afirmou.
"Parar de fumar é mais importante que cortar o consumo de carne, mas eu recomendaria que as pessoas reduzissem sua ingestão de carne."
Segundo Rohrmann, se cada participante do estudo consumisse no máximo 20g de carnes processadas por dia, 3% das mortes precoces poderiam ter sido evitadas.
No entanto, um pouco de carne, mesmo carne processada, traz benefícios à saúde, de acordo com o estudo.
Ursula Arens, da British Dietetic Association, disse ao programa Today, da BBC Radio 4, que passar carne fresca em um moedor não torna essa carne processada.
Foto: BBC
Limite máximo diário de consumo de processados deveria ser de 20g, segundo cientistas
Arens observou que a carne processada foi alterada de alguma maneira para aumentar sua validade, ou mudar seu sabor.

Escolhas

Rachel Thompson, do World Cancer Research Fund, organização britânica que dá dicas sobre prevenção de câncer, disse que este estudo é mais um acréscimo "ao conjunto de evidências científicas que sublinham os riscos à saúde de comer carnes processadas".
"Nossa pesquisa, publicada em 2007 e posteriormente confirmada em 2011, demonstra forte evidência de que comer carnes processadas, como bacon, presunto, salsichas, salame, etc, aumenta o risco de câncer no intestino".
A organização diz que haveria 4 mil casos de câncer de intestino a menos caso as pessoas consumissem menos de 10g por dia.
Tracy Parker, da British Heart Foundation, organização que se dedica a campanhas contra doenças cardíacas, disse que a pesquisa sugere que carnes processadas podem estar ligadas a um maior risco de morte precoce, mas que aqueles participantes do estudo que consumiram maiores quantidades também fizeram "outras escolhas pouco saudáveis em seu estilo de vida".
"Percebeu-se que eles comiam menos frutas e legumes e eram mais propensos a fumar, o que pode ter afetado os resultados", disse.
BBC Notícias

Cientistas criam dispositivo subcutâneo que monitora sangue

Cientistas criam dispositivo subcutâneo que monitora sangue


Foto: École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL)
Pesquisadores querem disponibilizar dispositivo para pacientes dentro de quatro anos
Cientistas na Suíça desenvolveram um dispositivo minúsculo e subcutâneo que faz exames de sangue e envia os resultados imediatamente via celular.
A equipe, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, afirma que o protótipo de apenas 14 milímetros pode ser usado para detectar cinco substâncias diferentes no sangue.
Os resultados podem, então, ser enviados para o médico por meio da tecnologia bluetooth.
O dispositivo minúsculo poderá ser inserido no paciente com uma seringa, logo abaixo da pele de locais do corpo como abdome, pernas ou braços. Os cientistas dizem que é possível manter o mecanismo no local por meses e só depois é necessário removê-lo ou substitui-lo.
Segundo os inventores do protótipo, o dispositivo estará disponível para o público dentro de quatro anos.

Colesterol e diabetes

Outros pesquisadores já vinham trabalhando em implantes subcutâneos parecidos, mas o professor Giovanni de Micheli e o cientista que liderou a pesquisa, Sandro Carrara, afirmam que o exame de sangue criado na Suíça é pioneiro porque pode analisar muitos problemas diferentes ao mesmo tempo.
Foto: École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL)
Com apenas 14 milímetros, protótipo pode ser inserido embaixo da pele com a ajuda de agulha
Carrara e De Micheli afirmam que o dispositivo será muito útil para monitorar problemas como colesterol alto e diabetes, além de analisar o impacto de tratamentos como quimioterapia.
"Vai permitir o monitoramento direto e contínuo baseado na intolerância individual de cada paciente, e não em tabelas de idade e peso, ou exames de sangue semanais", afirma De Micheli.
Até o momento, os pesquisadores testaram o dispositivo em laboratório e em animais. Eles afirmam que o mecanismo pode detectar de forma confiável os níveis de colesterol e glicose no sangue, assim como outras substâncias mais comuns que médicos tentam encontrar em exames.
Os cientistas agora esperam começar os testes do dispositivo em pacientes internados em unidades de terapia intensiva, que precisam de muito monitoramento, incluindo exames de sangue frequentes.
Os resultados da pesquisa serão apresentados na conferência sobre eletrônicos Design, Automação e Teste na Europa (Date).

sábado, 16 de março de 2013

Ancoradouro romano é descoberto por acidente em Lisboa

Ancoradouro romano é descoberto por acidente em Lisboa


Descoberta arqueológica em Lisboa (Foto: Jair Rattner/BBC Brasil)
Descoberta ajuda a explicar importância da cidade no Império Romano
Um ancoradouro da era romana, que permaneceu em uso pelo menos até o século 4º, foi descoberto por acidente em Lisboa durante as obras para a construção de um estacionamento subterrâneo.
O sítio arqueológico foi encontrado a cerca de 150 metros da atual margem do Rio Tejo, na Praça D. Luís 1º, no centro da capital de Portugal.
Segundo Alexandre Sarrazola, o arqueólogo responsável pelo sítio, a descoberta ajuda a explicar a importância no Império Romano de Olissipo – como Lisboa era chamada na época romana.
''Esse achado prova que Olissipo foi um centro de trocas comerciais com outras províncias do império'', afirma.
No antigo ancoradouro foram encontradas peças arqueológicas que vão do século 1 a. C. ao século 4 d. C., produzidas em Portugal, no Norte da África, nos territórios atuais da Espanha, Itália e França.
Os arqueólogos acreditam que ainda existe a possibilidade de haver mais vestígios, que se encontrariam sob construções mais recentes.

Mais vestígios

Entre as peças mais importantes encontradas no local, estão dois fragmentos de cerâmica que tinham o nome do proprietário – lê-se Paupii R. A especialista Marta Lacasta Macedo acredita que a primeira palavra seja a declinação do nome Paupius.
Descoberta arqueológica em Lisboa (Foto: Jair Rattner/BBC Brasil)
Arqueólogo diz que peças encontradas dão pistas sobre vida cotidiana nos tempos romanos
Há também fragmentos de cerâmica decorada, que teria vindo da atual Espanha, um pote para especiarias ou outros condimentos de cozinha quase inteiro e parte de um prato do norte da África, em que apenas a parte superior é vitrificada.
Isto seria uma indicação de que se tratava de uma peça de uso comum. Segundo Sarrazola, essas são pistas sobre a vida cotidiana durante esse período.
Os relatos históricos contam que a cidade de Olissipo, além de ser um centro comercial, era o local onde se produzia uma das iguarias do Império Romano: o garum – feito de entranhas de sardinha fermentadas com condimentos.
Na região havia várias fábricas de garum e, do outro lado do rio, eram produzidas as ânforas em que o produto era exportado para outras províncias romanas.

Escavações

As escavações para a construção do estacionamento começaram em julho de 2010. No total, a área do estacionamento é de aproximadamente 80 metros de comprimento por 16 de largura, em sentido paralelo ao rio.
Descoberta arqueológica em Lisboa (Foto: Jair Rattner/BBC Brasil)
Entre as descobertas há fragmentos de cerâmica decorada vinda da atual Espanha
Desde o começo, a obra foi acompanhada pela equipe de Sarrazola, ligado à empresa Era-Arqueologia.
Os primeiros vestígios arqueológicos foram encontrados nas prospecções exploratórias, realizadas em agosto de 2010.
Eles eram de várias épocas, incluindo parte do paredão do cais da Casa da Moeda, do século 18, e parte do Forte de São Paulo, que teve grande importância no período posterior à restauração da independência de Portugal, que se separou da Espanha no século 17.
Apenas em janeiro deste ano foram encontrados os vestígios romanos. Estavam debaixo de uma estrutura de madeira de cerca de 300 metros quadrados, usada para virar lateralmente barcos para concertá-los.
Sarrazola acredita que pelo fato de os vestígios romanos estarem embaixo dessa estrutura ficaram protegidos do tsunami que se seguiu ao terremoto de 1755 e das movimentações de terra para o aterro do final do século 19 – que fez com que ficasse distante da margem atual do rio.
BBC Noticias Brasil

Carboidrato à noite? Está liberado!

Carboidrato à noite? Está liberado!

Sabe aquele papo de que comer massas, pães, arroz e outros itens ricos em carboidrato após anoitecer seria quase um sacrilégio? Pois um estudo israelense não só enterra esse mito como sugere o contrário: o consumo do nutriente nesse horário aplaca a fome durante o dia, facilitando a perda de peso por Thaís Manarini | design Laura Salaberry | fotos Alex Silva
Revista Saúde vital


Todos os anos, no nono mês do calendário islâmico, os muçulmanos dão início ao Ramadã. O período sagrado, com duração de 30 dias, celebra a revelação do Corão a Maomé e é marcado por determinadas restrições. Uma delas é jejuar desde o amanhecer até o sol se pôr. Só depois, com o cair da noite, é que as refeições estão, finalmente, liberadas. Esse baita chacoalhão nos hábitos alimentares acabou por despertar o interesse da ciência. Estudos mostraram, por exemplo, uma alteração nos padrões de liberação da leptina, hormônio que sinaliza para o cérebro que é hora de soltar o garfo.



Inspirados por esse dado, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, decidiram investigar o que acontece com a saciedade e a saúde de quem espera o jantar para comer carboidratos. Na pesquisa, vale frisar, foi observado o sobe e desce não só da leptina mas de outros dois importantes hormônios: a grelina e a adiponectina. "A primeira desencadeia a fome, e a segunda, entre várias funções, facilita a ação da insulina", resume o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, vice-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, a Abeso.



Emagrecer sem sentir fome é um dos grandes segredos para não sabotar a dieta




A experiência israelense contou com a participação de 78 policiais gordinhos. Eles seguiram uma dieta de aproximadamente 1 500 calorias, composta de 20% de proteínas, de 30 a 35% de gorduras e de 45 a 50% de carboidratos - ou seja, equilibrada e digna de quem deseja caber em uma calça dois números menor. A diferença crucial é que, enquanto uma parte dos voluntários podia distribuir o consumo dos carboidratos no decorrer do dia, a outra foi orientada a concentrar a ingestão desse macronutriente no mítico período noturno.



Depois de seis meses, todo mundo eliminou, em média, 10 quilos. Porém, o que realmente surpreendeu foi a mudança no padrão de secreção hormonal daqueles que esperaram o sol se despedir para levar o carboidrato à mesa. "A leptina, substância que diminui o apetite, subiu durante o dia, momento em que não houve pico de grelina, o hormônio da fome", descreve a nutricionista Rávila Graziany, da Universidade Federal de Goiás. "Esse padrão provavelmente explica o fato de esse grupo ter apresentado índices bem maiores de saciedade", conclui.



No dia a dia, o resultado representaria grande vantagem para quem trava uma batalha contra o ponteiro da balança. "Se a pessoa emagrece e, ao mesmo tempo, sente menos vontade de comer, há mais chances de ela se manter fiel à dieta", calcula o nutricionista e farmacêutico bioquímico Gabriel de Carvalho, membro do Conselho Regional de Nutricionistas do Rio Grande do Sul.



Mas não é só por isso que a análise da Universidade Hebraica gera grande interesse e - por que não? - alegria. "Ela quebra aquele paradigma de que não se deve comer carboidratos à noite", avalia o endocrinologista Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sbem. Paradigma, diga-se de passagem, que nunca teve comprovação científica. "Os verdadeiros responsáveis pelo ganho de peso são a ingestão exagerada de calorias, a alimentação desequilibrada e o sedentarismo", enumera a nutricionista Joyce Gouveia, da Divisão de Nutrição e Dietética do Hospital das Clínicas de São Paulo.



Outro argumento que advoga em favor do macarrão no jantar é que o hormônio adiponectina apareceu em níveis bem mais elevados entre aqueles que apostaram na dieta, digamos, inusitada sugerida pelos estudiosos. "Essa substância é considerada protetora, uma vez que favorece a ação da insulina e, consequentemente, o aproveitamento da glicose pelas células", aponta o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "Dessa forma, o risco de desenvolver diabete despenca."



Reduzir a gordura abdominal afasta um monte de doenças




A adiponectina igualmente exerce um efeito anti-inflamatório e, por isso, ter uma boa quantidade desse hormônio passeando pelo corpo é capaz de beneficiar cérebro, coração, fígado... Enfim, todos os órgãos que sofrem com a inflamação decorrente da obesidade. Aqui, devemos ser justos: não foi só a adiponectina que tornou o quadro menos desastroso. A turma que comeu carboidrato à noite também viu a proteína C-reativa - um indicador do estado inflamatório - sofrer uma queda vertiginosa, de quase 28%. No outro grupo, a redução foi de apenas 5,8%. "Atualmente, esse é um dos principais marcadores associados a doenças cardiovasculares", informa o nutricionista Gabriel de Carvalho.



Ou seja, sofrer um infarto ou derrame se tornou uma realidade mais distante para esse pessoal, já que, de quebra, eles viram as taxas de colesterol HDL subir. A versão é aclamada porque faz uma faxina na circulação, varrendo o colesterol que seu parente de má índole, o LDL, deixa para trás. Esse tipo traiçoeiro, só para constar, deu as caras em menores quantidades em todos os voluntários, assim como os triglicerídeos. "A melhora desses parâmetros foi surpreendente e é muito bem-vinda para a saúde geral do indivíduo", avalia o endocrinologista Filippo Pedrinola, de São Paulo.



Um dos principais patrocinadores de todas essas benesses nos participantes foi a perda de gordura estocada na cintura, região na qual é produzida uma série de hormônios. Apesar de os pesquisadores não terem se debruçado sobre esse aspecto, sabe-se que as dobrinhas na área têm relação até com o câncer. "Quando a circunferência abdominal é avantajada, há maior produção de insulina. E esse hormônio impulsiona uma molécula chamada IGS1, que está por trás de tumores no intestino grosso, esôfago, ovário, entre outros", esmiúça Pedrinola.



Mas nada disso é motivo para lotar o prato de carboidratos em todas as refeições. Em excesso, o macronutriente induz exatamente o oposto de todas as benfeitorias descritas ao longo da reportagem, começando pela disparada do peso corporal. O que muda na história é que agora ninguém precisa dispensar um saboroso jantar - com arroz ou batata - para se manter magro e saudável.



Sabotadores da saciedade
Certos medicamentos, como algumas classes de antidepressivos, podem atuar no centro de fome e saciedade. "Daí o risco de engordar", observa Amélio Godoy Matos, da Sbem. Para a mulher, outro fator que mexe no apetite é a TPM. "Com a baixa de serotonina, ela tende a procurar mais carboidratos", justifica Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein.



A dança dos hormônios
Conheça melhor as moléculas estudadas pelos cientistas israelenses




Leptina O nome vem do grego leptos, que significa magro. E o motivo é justo: ao alcançar o cérebro por meio da corrente sanguínea, esse hormônio se liga a determinados receptores no hipotálamo, desencadeando a sensação de barriga cheia. A leptina é produzida no tecido adiposo e, por isso, até está aumentada nos mais cheinhos. Só que eles são resistentes à sua ação. O pico de produção costuma acontecer à noite e nas primeiras horas do dia. No estudo, entretanto, quem comeu carboidratos depois do pôr do sol apresentou mais leptina durante a tarde, o que resultou em uma maior saciedade.



Grelina A alcunha se origina do proto-indo-europeu ghre, correspondente, em inglês, a grow, que quer dizer crescer. Isso porque uma de suas principais funções é justamente estimular a liberação do GH, hormônio que, entre outras coisas, faz as crianças espicharem. Talvez para facilitar essa tarefa, a grelina também promoveria o apetite. Sua concentração costuma ser alta durante o jejum ou em períodos que antecedem as refeições, caindo logo após nos alimentarmos. No grupo da dieta experimental, o pico de liberação desse hormônio se desviou para a noite, o que pode ter culminado em maior controle da fome.



Adiponectina Possui propriedades antiaterogênicas - ou seja, evita o depósito de gorduras nas artérias - e anti-inflamatórias. Além disso, dá uma força à ação da insulina, reduzindo o risco de diabate. Assim como a leptina, é fabricada pelo tecido adiposo. Mas curiosamente as taxas de adiponectina caem à medida que a massa gorda aumenta. É que, ao ganhar volume, a célula de gordura passa a secretar outras substâncias - estas pró-inflamatórias - de forma intensa. Na pesquisa israelense, houve um salto nos níveis de adiponectina quando a ingestão de carboidratos ocorreu ao escurecer.



Carboidratos simples
São aqueles compostos de moléculas menores, os dissacarídeos. Como consequência, levam pouco tempo - em média, 15 minutos - para alcançar a corrente sanguínea. Para quem precisa de energia imediata, são boas pedidas. "Contudo, eles contribuem para picos glicêmicos, o que pode ocasionar o ganho de peso e prejudicar quem tem diabete", informa a nutricionista Joyce Gouveia, do Hospital das Clínicas. Os doces e o açúcar das frutas estão nesse time.



Carboidratos complexos
Formados por polissacarídeos, eles demandam um tempo de digestão de até duas horas. "Nesse grupo estão os cereais, a exemplo do arroz, da aveia e do trigo, e seus derivados, como pães, massas e farinhas, além de tubérculos e raízes", lista Joyce. As opções integrais são as mais vantajosas, porque reúnem boas doses de fibras e, assim, dão saciedade extra e têm menor impacto glicêmico - isso significa que mandam glicose para o sangue gradualmente.



A tal carga glicêmica
Antes de julgar um alimento tomando como base apenas a velocidade com que ele dispara a glicose no sangue, é bom saber que algumas combinações podem ser favoráveis por causa da carga glicêmica final. Um exemplo: não tem problema se entregar a uns quadradinhos de chocolate ao final de uma refeição, desde que essa tenha sido fonte de carboidratos complexos, preferencialmente os integrais. O mesmo raciocínio serve para as frutas. Se consumi-las com casca ou bagaço, dá para escapar dos picos de glicemia.
Revista Saúde Vital

quinta-feira, 14 de março de 2013

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico

Fragmentos de continente antigo podem estar sob Oceano Índico




Cientistas acreditam ter encontrado sinais de que fragmentos de um continente antigo estão soterrados abaixo do solo do Oceano Índico.
Os pesquisadores dizem que o fragmento é de um continente que teria existido de entre 2 bilhões e 85 milhões de anos atrás.
A faixa foi batizada pelos cientistas de "Mauritia". Com o tempo, a terra se fragmentou e desapareceu sob as ondas do mundo moderno que se formou no lugar.
O estudo foi publicado na revista científica Nature Geoscience.

Teorias

Há até 750 milhões de anos, toda a massa terrestre do Planeta estava concentrada em um continente gigante, chamado de Rodínia pelos cientistas.
Países que hoje estão a milhares de quilômetros de distância – como Índia e Madagascar – ficavam lado a lado.
A nova pesquisa sugere que havia um "microcontinente" entre Índia e Madagascar. Os cientistas pesquisaram grãos de areia de Maurício, um país localizado no Oceano Índico.
Os grãos se originaram em uma erupção vulcânica que ocorreu há nove milhões de ano. Mas apesar disso, eles contém minerais que são de um período ainda mais antigo.
Seicheles
Cientista especula que Seicheles já fez parte de continente que existiu entre Índia e Madagascar
"Nós encontramos zircão, que foi extraído das areias da praia, e isso é algo que se encontra tipicamente na crosta continental. Elas são de uma era muito antiga", disse o professor Trond Torsvik, da Universidade de Oslo.
O zircão é datado de entre 1970 e 600 milhões de anos atrás, e a equipe concluiu que os restos da terra antiga foram levados para a superfície da ilha durante uma erupção vulcânica.
O professor disse acreditar que pedaços do continente poderiam estar 10 quilômetros abaixo de Maurício e sob o solo do Oceano Índico.
A existência do continente teria atravessado diferentes éons da Terra – desde o Pré-Cambriano, quando não havia vida na terra, ao período em que surgiram os dinossauros.
Mas há 85 milhões de anos, quando a Índia começou a se separar de Madagascar em direção à sua posição atual, o microcontinente teria se desfragmentado – e eventualmente desaparecido sob as ondas.
No entanto, uma parte pequena do microcontinente pode ter sobrevivido, especulam os pesquisadores.
"No momento, as (ilhas) Seicheles são um pedaço de granito, ou crosta continental, que está praticamente assentada no meio do Oceano Índico", diz Torsvik.
"Mas houve uma época em que ficavam logo ao norte de Madagascar. E o que estamos dizendo é que talvez isso fosse muito maior, e que esses fragmentos continentais estão espalhados pelo oceano."
Essas teorias ainda precisam ser confirmadas com mais pesquisa.
"Nós precisamos de dados sísmicos que possam formar uma imagem desta estrutura... isso seria a prova definitiva. Ou é preciso perfurar profundamente, mas isso custaria muito dinheiro", diz Torsvik.
BBC Noticias Brasil

Neandertal desapareceu devido a olhos grandes, diz estudo

Neandertal desapareceu devido a olhos grandes, diz estudo


Foto: Natural History Museum, Londres
O crânio do Neandertal (esq.) apresenta olhos maiores do que os do crânio de um humano moderno
Um estudo da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, sugere que os Neandertais foram extintos pois tinham olhos maiores do que o da nossa espécie, o Homo Sapiens.
A equipe de pesquisadores britânicos explorou a ideia de que os ancestrais dos Neandertais saíram da África e tiveram que se adaptar às noites mais longas e escuras da Europa. Como resultado, os Neandertais desenvolveram olhos maiores e a área do cérebro para processar a visão teve que aumentar.
Devido a este fato, a capacidade de processamento de informações e pensamentos ficou prejudicada entre os Neandertais.
Os homens de Neandertal viveram na Europa há cerca de 250 mil anos. Eles coexistiram e interagiram por um curto período de tempo com o Homo sapiens.
Os humanos que permaneceram na África, por sua vez, continuaram a aproveitar um clima melhor e, por isso, não precisaram deste tipo de adaptação. Ao invés disso, nossos ancestrais tiveram uma evolução no lobo frontal do cérebro, associado com pensamentos mais complexos, antes de se espalharem pelo mundo.
Eiluned Pearce, da Universidade de Oxford, checou esta teoria comparando os crânios de 32 Homo sapiens e 13 crânios de Neandertais.
A cientista descobriu que os Neandertais tinham as órbitas, em média, seis milímetros maiores.
Apesar de parecer pouco, a cientista afirma que foi o bastante para que os Neandertais precisassem usar uma parte significativamente maior de seus cérebros para processar a informação visual.
"Desde que os Neandertais evoluíram em latitudes mais altas, uma parte maior do cérebro Neandertal teria sido dedicada à visão e controle corporal, deixando uma área menor do cérebro para lidar com outras funções como interações sociais", afirmou a cientista à BBC.
Chris Stringer, especialista em origens dos homens do Museu de História Natural de Londres e que também participou da pesquisa, concorda com a conclusão de Pearce.
"Deduzimos que os Neandertais tinha uma parte cognitiva do cérebro menor e isto os teria limitado, inclusive na habilidade de formar grupos maiores. Se você vive em um grupo maior, precisa de um cérebro maior para processar todos aqueles relacionamentos extras", afirmou.
Esta característica dos Neandertais também pode ter afetado sua capacidade de inovar e se adaptar à era do gelo que teria contribuído para sua extinção.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedings of the Royal Society B.

Roupas

Existem provas arqueológicas, por exemplo, de que o Homo sapiens que coexistiu com os Neandertais tinha agulhas que usava para fazer roupas. Isto os teria mantido mais aquecidos do que as mantas sem costura que os Neandertais teriam usado.
Stringer afirma que todos estes fatores juntos podem ter dado à nossa espécie uma vantagem crucial para a sobrevivência.
"Mesmo se você tivesse uma capacidade um pouco maior de reagir rapidamente, de contar com a ajuda de seus vizinhos para sobreviver e de passar informações, todas estas coisas juntas deram a vantagem ao Homo sapiens em relação aos Neandertais, e isto fez a diferença para a sobrevivência."
Esta última descoberta está em contradição com uma outra pesquisa que afirma que os Neandertais não eram as criaturas estúpidas ou grosseiras mostradas em filmes de Hollywood, mas podem ter sido inteligentes.
Robin Dunbar, que supervisionou esta pesquisa também na Universidade de Oxford, afirmou que sua equipe queria evitar os estereótipos ligados aos Neandertais.
"Eles eram muito, muito espertos, mas não no mesmo nível que o Homo sapiens. Aquela diferença pode ter sido o bastante para mudar o equilíbrio quando as coisas começaram a ficar difíceis no final da última era do gelo", afirmou.
Até o momento, o conhecimento dos pesquisadores em relação ao cérebro do Neandertal era baseado em moldes de gesso dos crânios. Isto deu aos cientistas uma indicação do tamanho e estrutura do cérebro, mas não deu nenhuma indicação real de como o cérebro do Neandertal era diferente do cérebro humano.
O último estudo é uma abordagem mais imaginativa para tentar desvendar a questão.
As pesquisas anteriores de Eiluned Pearce mostraram que os humanos modernos que viviam em latitudes mais altas desenvolveram maiores áreas de visão no cérebro para lidar com níveis de luz mais baixos. Mas não há indicação de que as habilidades cognitivas superiores tenham sido afetadas.
Estudos realizados em primatas mostraram que o tamanho dos olhos é proporcional à quantidade de espaço no cérebro voltada para os processos visuais, então os pesquisadores presumiram que isto também se aplicaria aos Neandertais.

terça-feira, 5 de março de 2013

Células de câncer aproveitam 'caos' para se reproduzir

Células de câncer aproveitam 'caos' para se reproduzir


DNA Humano (Arquivo/BBC)
Células de câncer no intestino sofreram o 'estresse de replicação de DNA'
Uma pesquisa britânica explicou a forma como as células de câncer se aproveitam do 'caos' de seu código genético para se espalhar pelo corpo.
Segundo os cientistas responsáveis pelo estudo, as células de câncer que formam um tumor são muito diferentes entre si e, assim, tornam-se mais resistentes aos medicamentos, facilitando sua proliferação.
A pesquisa, publicada na revista especializada Nature, constatou que as células de câncer que usavam sua matéria-prima ficavam "estressadas" e cometiam erros ao fazer cópias de seus códigos genéticos.
A maioria das células normais no corpo humano tem 46 cromossomos. No entanto, algumas células cancerosas podem ter mais de 100 cromossomos.
Além disso, tal padrão é inconsistente: células cancerosas podem ter números diferentes de cromossomos entre si.
Para os cientistas, essa diversidade ajuda os tumores a não serem afetados pelos tratamentos e a 'colonizarem' novas partes do corpo.

Caos e ordem

Os cientistas da organização Cancer Research UK e do Instituto do Câncer do University College de Londres tentam descobrir como o câncer se transforma em algo tão diverso, com células tão diferentes entre si.
Anteriormente se acreditava que, quando uma célula cancerosa se separava para criar duas novas células, os cromossomos não eram divididos de forma igual entre as duas.
No entanto, Charles Swanton, que liderou a pesquisa, realizou exames células de um câncer no intestino e concluiu que "há pouca prova" de que isso ocorre.
Cânceres são levados a fazer cópias deles mesmos. No entanto, se as células cancerosas não têm mais os tijolos de construção de seu DNA, elas desenvolvem o chamado "estresse de replicação de DNA".
De acordo com a pesquisa, é a partir desse "estresse" que surgem os erros e os tumores diversos.
"É como construir uma ponte sem todos os tijolos e cimento o bastante para as fundações. Contudo, se você pode fornecer os blocos de DNA, você pode reduzir o estresse de replicação e limitar a diversidade nos tumores, o que pode ser terapêutico", afirmou Swanton.
O professor admitiu que "parece errada" a ideia de que pode ser terapêutico fornecer o combustível para o crescimento de um câncer.
Mas o pesquisador afirmou que o estudo prova que o estresse de replicação era a raiz do problema e que novas ferramentas podem ser desenvolvidas para lidar com isso.
Os pesquisadores identificaram três genes perdidos com frequência em células de câncer de intestino diferentes, que foram muito importantes para o câncer que está passando pelo processo de estresse de replicação de DNA. Todos estavam localizados em uma região do cromossomo 18.
"Esta região do cromossomo 18 é perdida em muitos tipos de câncer, sugerindo que este processo não é visto somente no câncer de intestino", afirmou o professor Nic Jones, cientista-chefe da organização Cancer Research UK.
"Cientistas agora podem começar a procurar formas de evitar que isto ocorra ou usar esta instabilidade contra o câncer", acrescentou.
Os próximos estudos vão investigar se esse mesmo estresse causa a diversidade em outros tipos de tumores.
BBC Notícias Brasil