Tudo sobre o pH do organismo e alimentos
Famosa entre as celebridades em Hollywood, esta corrente defende a ideia de que alimentos que estimulam a acidez prejudicam a absorção de nutrientes e a eliminação de toxinas, causando doenças. Tudo sobre o pH do organismo e alimentos
Texto Tatiana Pronin / Foto: Fausto Roim
Foto: Fausto Roim
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Você lembra
o que significa pH, ou potencial hidrogeniônico? Ainda que tenha se
esquecido das aulas de química, deve lembrar que esse índice determina
se algo é ácido, neutro ou alcalino. Esse conceito é o ponto de partida
da dieta alcalina, um programa alimentar
que ficou famoso entre algumas celebridades de Hollywood. Tudo começou
quando a cantora e atriz Victoria Beckham disse que adorava as receitas
do livro Honestly Healthy - Eat with your body in mind, thealkaline way
[“Alimentos Para o Bem--Estar - Restabeleça o equilíbrio e melhore a
saúde com a dieta alcalina”, na versão em português], que a chef e
também celebridade Natasha Corrett escreveu em parceria com a
nutricionista Vicki Edgson.
Vale dizer
que o modismo não surgiu donada. Vários cientistas têm se debruçado, nos
últimos anos, sobre o efeito que uma alimentação mais ácida, comum no
mundo industrializado, tem sobre o corpo e a saúde das pessoas. Você já
deve ter ouvido falar que os refrigerantes de cola têm um pH de 2,5, o
qu eé extremamente ácido, não é? O conceito de maior destaque da dieta
alcalina é que a alimentação rica em açúcar, aditivos químicos, amido,
farinha branca, laticínios e carne vermelha do mundo moderno tem
colaborado para acidificar nosso sangue. Isso dificultaria a absorção de
nutrientes e a eliminação de toxinas, gerando inflamação e predispondo o
organismo a doenças, como excesso de peso, osteoporose, pedras nos
rins, câncer, dores nas costas, diabetes do tipo 2, problemas
cardiovasculares e de memória.
Eliminação eficiente
“O organismo
funciona melhor em um pH levemente alcalino, entre 7,3 e 7,4. Nessa
faixa, a absorção de nutrientes e a eliminação de toxinas é mais
eficiente”, explica a nutricionista funcional Helouse Odebrecht (SC).
“Essas toxinas aumentam a produção de células cancerígenas e têm relação
com a osteoporose, pois, no meio ácido, o corpo não consegue absorver o
cálcio para os ossos”, acrescenta a profissional, citando apenas
algumas consequências da acidificação promovida pelo consumo excessivo
de itens industrializados. Claro que não dá para eliminar os ácidos do
cardápio completamente, até porque existem produtos naturais e
nutritivos com esse efeito no organismo. A proporção sugerida, segundo
Helouse, é 70% de alcalinos e 30% de ácidos. Estabelecer esse equilíbrio
sem ajuda de um especialista não é nada fácil. Até porque não dá para
fazer escolhas levando em conta o sabor dos alimentos.
Todo mundo
acha que o limão é extremamente ácido, mas essa fruta, assim como a
laranja e o abacaxi, estimulam a alcalinidade, segundo a profissional.
Tanto que muitos defensores da dieta seguem a antiga receita do copo com
suco de limão todo dia em jejum. “O importante, mesmo, é eliminar
produtos industrializados, como congelados, comida pronta, farinha
branca, açúcar, refrigerante e leite e derivados em excesso”, resume a
nutricionista. E caprichar no consumo de frutas e vegetais. “Uma
alimentação alcalina tem o mesmo princípio e objetivo da alimentação
baseada na medicina chinesa tradicional, ou seja, seguir uma alimentação
menos ácida para restaurar o equilíbrio do pH sanguíneo”, compara a
nutricionista funcional Mariana Duro (SP).
E o seu pH, como é?
As especialistas contam que o excesso de ácido no organismo
pode ser constatado por meio de um exame de urina. O resultado, somado
aos dados clínicos do paciente, hábitos de vida e consumo alimentar
relatado, dão uma ideia do cenário a ser reequilibrado com a dieta. “Uma
acidez sanguínea pode se refletir na diminuição de absorção de diversas
vitaminas e minerais, além de um desequilíbrio enzimático, hormonal e
de imunidade. Dessa forma, pessoas que estejam com um pH mais ácido
podem apresentar cansaço, maior potencial inflamatório, dificuldade de
recuperação muscular pós-treino, queda de cabelo, maior aparecimento de
infecções do trato respiratório (rinite e sinusite, por exemplo),
alteração de peso e menor capacidade de concentração”, ilustra Mariana.
“O mecanismo ácido-base do organismo é altamente complexo”, comenta o nutrólogo José Alves Lara Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran). “Se você toma um antiácido, que é alcalino, imediatamente seu organismo enxerga aquilo como inadequado e manda produzir mais ácido”, diz o médico. É por isso que quem sofre de gastrite não deve abusar desses produtos, e nem mesmo do leite. O nutrólogo Lara Neto acredita que a dieta alcalina não passa de modismo. O especialista diz não entender como seus defensores liberam o consumo de abacaxi, lentilha e cebola, por exemplo, que possuem ácido na composição nutricional.
O que priorizar e o que evitar
(Foto: Fausto Roim)
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Veja alguns
exemplos de alimentos que aumentam ou diminuem a alcalinidade. A
recomendação é restringir os ácidos em 30%. Você não precisa abrir mão
da pizza e do sorvete no domingo, mas priorize as frutas, as verduras e
as carnes magras de segunda a sexta. Confira o gráfico de cores ao lado.
Muito alcalinos
Ameixa Missô
(pasta de soja fermentada), Sal marinho, Semente de abóbora (sem sal),
Lentilha, Brócolis, Cebola, Rabanete, Inhame, Batata-doce, Laranja-lima,
Nectarina, Framboesa, Melão, Tangerina, Abacaxi.
Moderadamente alcalinos
Canela, Pimenta, Alho, Castanha-de-caju, Salsa, Couve, Endívia, Rúcula, Folha de mostarda, Laranja-pera, Amora, Manga.
Alimentos pouco alcalinos
Chá verde,
Vinagre de maçã, Ovo de codorna, Amêndoa,Gergelim, Pimentão, Nabo,
Couve-flor, Repolho,Berinjela, Abóbora, Batata, Limão, Pera, Abacate,
Maçã, Amora, Papaia, Pêssego, Manteiga clarificada (ghee), Quinoa, Arroz
selvagem, Aveia, Óleo de coco, Azeite extravirgem, Sementes (a
maioria), Beterraba, Alho-poró, Quiabo, Alface, Banana, Damasco,
Mirtilo.
Revista VivaSaúde
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